Boletim Informativo da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas Julho/2001 - Nº 116
   

Tragédia e desastre em Minas Gerais

"O desastre ambiental foi de grande abrangência,
a lama correu por vários quilômetros,
ocasionando a destruição da fauna e flora"

 

O rompimento de uma barragem de rejeitos de minério de ferro no dia 22 de junho gerou uma tragédia "humana" e um desastre ambiental na região de São Sebastião das Águas Claras, município de Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Morreram cinco trabalhadores da Mineração Rio Verde e até agora foram resgatados apenas dois corpos. Os bombeiros ainda não encontraram os demais desaparecidos e é pouco provável que obtenham sucesso nas buscas.
O desastre ambiental foi de grande abrangência, a lama correu por vários quilômetros, ocasionando a destruição da fauna e flora que ocupavam os talvegues à jusante da barragem, que foram encobertos com 10 a 30 metros de lama. Entre outros danos, a lama rompeu uma adutora de água da COPASA e a tragédia poderia ter sido maior caso o rompimento ocorresse no fim de semana, pois esta é uma importante área de lazer da população de Belo Horizonte.

Foto: Jornal "O Estado de Minas", edição de 24 de junho de 2001

Por se tratar de uma barragem de rejeitos de lavagem de minério de ferro, não existe risco de contaminação com substâncias tóxicas, pois a lama era formada basicamente de finos de hematita e argilas. No entanto, são necessárias providências urgentes de contenção dessa lama, antes do inicio do período chuvoso, pois poderá afetar a principal captação de água de Belo Horizonte localizada à jusante no Rio das Velhas.
A barragem estava situada ao lado da estrada que liga a BR-040 à São Sebastião das Águas Claras. A disposição de rejeitos teve início ocupando uma antiga cava da mineração, que após totalmente preenchida foi alteada por mais 20 metros. Ao que tudo indica, o que era uma ótima condição de recuperação de uma cava de mina acabou se transformando em uma tragédia, devido ao alteamento.
Acidentes desta natureza fazem emergir a reflexão sobre o ocorrido, principalmente quando a imprensa veicula informações que já sabemos, entre outras, "O DNPM possui apenas quatro geólogos e quatro engenheiros de minas para fiscalizar todo o Estado de Minas Gerais". A tragédia "humana" não tem como recuperar, restando-nos apenas a dura lição, já o desastre ambiental, com mais ou menos tempo poderá ser mitigado.
O Brasil é um dos principais países do mundo com alta capacitação na área de mecânica de solos e geotecnia. Minas Gerais também possui excelentes profissionais com ampla experiência acumulada na disposição de rejeitos de mineração e não precisávamos passar por esta.

Antônio Carlos Bertachini
Geólogo, Sócio da MDGEO
Serviços de Hidrogeologia Ltda.,
empresa especializada na
prestação de serviços para a
área de mineração
e-mail: mdgeo@gold.com.br


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