Boletim Informativo da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas Julho/2001 - Nº 116
   

REBAIXAMENTO DO AQÜÍFERO GUARANI EM BAURU

DAE-Bauru implantou um programa de modelagem matemática de fluxo de água subterrânea para reverter a situação

"O sistema de captação dos recursos hídricos
subterrâneos, aliado à restrita disponibilidade de
água superficial ao redor da zona urbana do município,
mostram cenários futuros com risco de falta de
abastecimento da cidade"

O DAE-Bauru, em São Paulo abastece atualmente através de 30 poços tubulares profundos, 57% da população do município, com 315 mil habitantes. A água é proveniente do Aqüífero Guarani e a intensa exploração tem causado o rebaixamento do nível potenciométrico, além de eventuais perdas dos poços tubulares. Esta situação é preocupante, visto que o sistema de captação dos recursos hídricos subterrâneos, aliado à restrita disponibilidade de água superficial ao redor da zona urbana do município, mostram cenários futuros com risco de falta de abastecimento da cidade.

     No município, afloram os sedimentos do Grupo Bauru e ocorrem falhamentos e fraturas, sendo que em alguns locais há contato direto da Formação Bauru com a Formação Botucatu/ Pirambóia. Bauru tem um número expressivo de poços ainda não cadastrados. A maioria desses poços não apresentam descrições de ensaios ou de suas características e são focos de riscos de contaminação dos lençóis freáticos, visto que normalmente estes estão captando água do aqüífero Bauru.
Buscando a reversão do quadro, o Departamento de Água e Esgoto de Bauru (DAE), implantou há dois anos um projeto inédito para órgãos públicos no Brasil, o sistema de modelação de fluxo de águas subterrâneas, visando o gerenciamento adequado dos recursos hídricos subterrâneos no município. Na modelagem efetuada pela Waterloo Hydrogeologic foram simulados vários cenários de fluxo das águas subterrâneas a partir dos dados de poços em operação, para se definir o bombeamento mais adequado à situação atual do sistema, minimizando o rebaixamento. Além disso, o modelo permite selecionar as áreas adequadas para a perfuração de novos poços tubulares, interferindo o mínimo nos poços existentes. "O projeto possibilitou ao DAE gerenciar seus recursos hídricos com mais eficiência, conservando o principal aqüífero que abastece a cidade, o aqüífero Guarani, de contaminações e rebaixamento", avaliou Isaar de Almeida, diretor da Divisão de Produção e Reservação do DAE - Bauru.
Funcionamento do projeto - A empresa desenvolveu um modelo conceitual de fluxo, utilizando as informações hidrogeológicas do DAE - Bauru, além das provenientes de outras entidades públicas e privadas. Estas informações incluíram os relatórios de construção de poços e dados de monitoramento dos níveis de água de poços. Foram também considerados os dados de monitoramento dos rios que drenam a área de interesse, dados de precipitação, informações geológicas regionais e informações hidrogeológicas.

Primeiramente foi feito o levantamento de todos os dados e informações hidrogeológicas da região de Bauru, para incorporá- las no modelo numérico. É realizada uma análise hidroestratigráfica dos dados existentes e incorporá- la dentro do modelo conceitual, considerando o sistema de fluxo da água subterrânea, tanto na escala local como regional. Como parte da revisão estratigráfica regional e local, os limites apropriados do modelo são identificados e seus valores de condições de contorno são estabelecidos. Os limites físicos naturais são utilizados como limites do modelo numérico, tais como: divisores naturais de fluxo, locais de descarga (divisores de águas superficiais), divisores das áreas de recarga, ou linhas de fluxo aproximados. A definição do topo do embasamento é realizada através da utilização dos dados de perfuração de poços tubulares profundos.

O sistema permite o gerenciamento dos aqüíferos de forma mais eficiente, além de simular vários cenários de fluxo das águas subterrâneas, podendo controlar a captação dessa água, através da seleção de áreas adequadas para perfuração de novos poços. O programa também permite a obtenção do regime de bombeamento adequado, minimizando o rebaixamento existente. "Essa é uma ação de responsabilidade para com o meio ambiente, com a saúde pública, e enfim, uma ação de cidadania", finalizou Isaar.

ABAS e os novos associados

ALLAN GORDON CORTEZ, CARLOS EDUARDO MOSCOZO MEDEIROS NETTO, CARLOS MÁRIO PRETO, COVERCO S.p.A, LEONARDO AITA, MORGANA MENEZES RIBEIRO e SÍLVIA MARIA FERREIRA

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