Água, pode cair no vestibular???

O tema água ganha destaque nas redações dos vestibulares de todo o país, mostrando a preocupação da sociedade com a preservação dos recursos hídricos

vestibular é um "vilão" que atormenta todos os estudantes que concluíram o segundo grau e partem para a tão sonhada faculdade. O ritual do vestibular exige muito preparo, estudo e dedicação. Os jovens passam vários meses debruçados sobre livros e mais livros para mais tarde, comprovarem seus conhecimentos num exame de vestibular. O "vilão"que tira noites de sono é um exame que abrange os conteúdos dos três anos do ensino médio. As provas são elaboradas por universidades, faculdades e as questões podem vir na forma de testes ou respostas dissertativas, onde geralmente estão incluídas as redações.
Os temas das redações são abrangentes, o que requer maior informação por parte do vestibulando. As redações representam boa porcentagem da nota total do vestibular. Quando as provas das principais faculdades do país começam, a pergunta é sempre a mesma: o que vai cair no vestibular? Embora o objetivo seja o de justamente surpreender o aluno, alguns temas são sempre previsíveis. Professores dizem que continua a tendência a um exame cada vez mais adaptado ao cotidiano. Isso significa que quem estiver antenado com o que acontece no país e no mundo já sairá na frente.
Algumas das melhores redações no vestibular da Unicamp em 2000, foram sobre as águas superficiais e subterrâneas, leia-se aqüífero Guarani.
Os educadores e entidades ambientais estão felizes com a preocupação dos vestibulandos com os problemas da preservação da água. O tema é comum a todas as provas da Unicamp e essa medida é uma inovação para o vestibular da universidade. Exemplo disso foi o exame do ano passado com o tema "Água, Cultura e Civilização", comum a todas as provas. "Acredito que o tema é resultado do que estamos "sentindo na pele" não só aqui no Brasil, mas no mundo: a escassez da água, proveniente do consumo de grandes áreas de concentração urbana, das indústrias e da agricultura. Geralmente o tema abordado em vestibulares é relativo a acontecimentos atuais porque passa a sociedade. O tema água, hoje, é comentado por todos, seja na mídia, nas discussões específicas (como em Comitês de Bacias) ou na população em geral. Todos sabem que o racionamento de energia elétrica (um bom tema para vestibular esse ano!) é devido ao baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, e que a energia elétrica é produzida pela "força" das águas. No caso da águas subterrâneas existem dois temas que se discutem muito na mídia: a contaminação do freático e o Aqüífero Guarani, que podem ser temas de vestibular. Para se preparar para uma possível abordagem sobre águas subterrâneas é preciso ler, acompanhar os jornais e revistas, navegar na internet e ler o ABAS INFORMA, que por ser mais especializado, também é uma boa fonte de consulta!", destacou Sueli Yoshinaga Pereira, responsável pela disciplina de Hidrogeologia do curso de graduação em Ciências da Terra - Unicamp e pela disciplina de pós-graduação Hidrogeologia: Fundamentos e Aplicação e Gestão do Recurso Hídrico Subterrâneo.
O geólogo, pesquisador e professor Eurico Zimbres acredita que a abordagem do tema água nos vestibulares se dá em toda a sociedade e de uma forma planetária, acontecendo no bojo das questões ambientais. Contudo, quando se trata de água subterrânea, o crescimento é bem menor. "Para mim isto se deve ao fato de que "água subterrânea" é uma coisa difícil de ser entendida pelo leigo e também ao fato de que no ensino formal brasileiro este tema não é abordado. Nossos professores de primeiro e segundo graus têm muita deficiência de conhecimentos geológicos, sem os quais fica difícil entender a ocorrência de água subterrânea. Se consultarmos os livros didáticos de Geografia e de Ciências, constataremos que são pobres nestes conteúdos. Às vezes são recheados de conceitos errados. Já vi desenhos tentando ilustrar a ocorrência de água subterrânea, que mostram que nem o autor do livro entende o que está querendo ensinar", explicou o professor.
A afirmação é sustentada pela análise dos acessos no site do professor, o www.meioambiente.pro.br, onde as páginas mais visitadas são sobre poluição e qualidade da água subterrânea. "Há uma preocupação muito grande com a água que se está consumindo. Como é um assunto mal tratado nos livros didáticos, aconselho a leitura de jornais e boletins especializados. Muita informação pode também ser conseguida na internet, principalmente para os que dominam a língua inglesa. Só devemos estar atentos ao fato de que a Internet tem muita coisa boa, mas também tem muita coisa ruim. Aí deve entrar o juízo do leitor. Para mim os critérios são os seguintes: normalmente são de boa qualidade, as informações veiculadas por profissionais vinculados às Universidades, entidades técnico-científicas, como a ABAS e órgãos do governo. Mesmo nos países desenvolvidos estes critérios se aplicam. Por exemplo: um dos mais informativos sites em língua inglesa é o da Agência Ambiental dos Estados Unidos", finalizou Zimbres.
O curso de geologia no Brasil
A geologia é a ciência que estuda a origem, a formação, a estrutura e a composição da crosta terrestre e suas alterações no tempo. No país, a profissão de geólogo está em pleno desenvolvimento conforme matéria Universidade em Pauta, publicada no mês passado no ABAS INFORMA. O curso possibilita a atuação no mercado de trabalho em engenharia geológica, geologia ambiental, hidrodrogeologia e mineração.
Atualmente a profissão encontra-se em ascensão, principalmente pela política de gerenciamento das águas subterrâneas que obriga as perfuradoras terem o hidrogeólogo em seu quadro de funcionários. No curso tradicional de geologia, a matéria hidrogeologia é obrigatória, porém, também existem escolas com cursos optativos que abordam a disciplina, o que é muito pouco para a formação profissional de um hidrogeólogo (vide última edição).
Para facilitar a pesquisa dos vestibulandos e futuros geólogos e hidrogeólogos, o ABAS INFORMA publica a relação com todas as faculdades e universidades de geologia do Brasil. São 19 instituições de ensino nos seguintes estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo. Confira a relação: