Modelamento do comportamento de contaminantes no
solo
Atualmente tem sido desenvolvidos por entidades governamentais
(federais e estaduais) e pelo setor privado diversos programas de gerenciamento
de contaminação de solos. O planejamento e implementação
destes programas deveriam estar baseados em dados e informações
confiáveis, que deveriam incluir o modelamento matemático
como ferramenta para prognosticar o comportamento de contaminantes no
solo e nos outros compartimentos do meio ambiente (zona não saturada,
água subterrânea, água superficial e ar).
O modelamento do comportamento de compostos químicos nestes ambientes
normalmente é efetuado para se atingir três objetivos:
(1) determinação da qualidade do meio ambiente, (2) determinação
da exposição de seres humanos aos poluentes e determinação
do risco de contaminação e (3) decisão sobre as
ações cabíveis, incluindo a implementação
de estratégias de controle para a proteção de seres
humanos e meio ambiente.
Dentro do sistema físico solo por exemplo, existem quatro caminhos
principais de exposição de contaminantes num aterro com
produtos perigosos: (1) percolado-água subterrânea, (2)
água superficial, (3) solo contaminado e (4) resíduo contaminado
e ar. Ações de remediação são implementadas
para a redução da exposição de seres humanos
e do meio ambiente a níveis aceitáveis, através
tanto de medidas de contensão como de medidas de eliminação
das substâncias tóxicas dos locais de sua exposição.
O modelamento destes processos pode ter um papel principal num programa
de remediação e contensão ou num estudo de proteção
do meio ambiente (EIA/RIMA). O modelo é uma ferramenta que, se
utilizada de maneira adequada, pode dar ampla assistência na tomada
de decisões relacionadas a aspectos complexos de aterros não
controlados. Existem cinco importantes categorias básicas de
modelos que devem ser considerados para o compartimento solo:
1. Modelos de emissão, para quantificar a liberação
ou emissão de contaminantes ao meio ambiente (por exemplo emissões
ao ar, percolados de um aterro,etc.).
2. Modelos de comportamento de compostos químicos, para estimar
a concentração de poluentes no meio ambiente (por exemplo
no solo ou para a água subterrânea).
3. Modelos de exposição, para correlacionar ou converter
concentrações no meio ambiente para doses ingeridas ou
absorvidas por seres humanos (por exemplo, inalação, etc.).
4. Modelos para cálculo do risco, que incluem também os
modelos que calculam a relação dose-resposta (dose-response
models), para a extrapolação de dados de carcinogeidade
em animais para seres humanos para se estimar o risco de câncer
nos mesmos e outras formas de risco (por exemplo risco ecológico,
etc.).
5. Modelos de cálculo da relação custo/eficiência
(por exemplo para a redução do risco a seres humanos),
quando diferentes alternativas de ações ou estratégias
(por exemplo medidas de remediação num aterro) deverão
ser avaliadas ou modelos de gerenciamento de risco.
Um dos modelos mais populares da US EPA e que tem a capacidade de simultaneamente
modelar o transporte de água, transporte de sedimento e comportamento
de contaminantes é o modelo SESOIL. SESOIL tem sido utilizado
amplamente por diversos consultores e agências reguladoras como
ferramenta para compreender o comportamento e transporte de substâncias
tóxicas na região não saturada do solo.
No SESOIL podem ser simulados processos físicos tanto de
superfície como de subsuperfície. Os processos de
superfície são: condições de contorno
do tempo meteorológico, escoamento superficial, erosão
do solo e recarga de contaminante. Os processos de subsuperfície
são: fluxo variável, como função da
umidade média, e, transporte advectivo do contaminante através
do solo influenciado por efeitos de adsorção, volatilização,
degradação, troca catiônica, hidrólise
e formação de complexos químicos metálicos.
SESOIL é um modelo de balanço unidimensional cujo
código simula a lixiviação num polígono
de solo. O contaminante pode estar presente no solo como condição
inicial, ou ser introduzido ou retirado de qualquer camada a qualquer
momento durante a simulação. A massa total de contaminante
dentro de cada célula é distribuída em três
fases: (1) líquida (dissolvida em água), (2) vapor
e (3) adsorvida a superfícies sólidas.
A seção vertical trabalhada no SESOIL é representada
por uma zona não saturada consistindo de um material de propriedades
de fluxo homogêneo. No ciclo hidrológico, toda a coluna
é tratada como um único compartimento extendendo da
superfície do solo até o topo do lençol freático.
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Este perfil pode ser dividido em 2, 3 ou 4 camadas, que
podem possuir diferentes espessuras. Esta divisão em camadas
é útil quando se deseja definir propriedades de transporte
e de recarga poluente diferentes para diferentes profundidades. Cada
camada pode ser dividida ainda em 10 subcamadas de igual espessura.
A concentração de poluente inicial pode ser definida para
cada subcamada individualmente. Os cálculos de fluxo entre as
subcamadas representa o maior nível de detalhamento possível.
No SESOIL os complexos processos que ocorrem na zona superficial e não
saturada são agrupados em três ciclos: (1) ciclo hidrológico,
(2) ciclo de recarga poluente e (3) ciclo do comportamento do poluente.
O ciclo hidrológico é simulado em primeiro lugar seguido
do ciclo de recarga poluente. Os resultados de ambos ciclos são
utilizados para o cálculo do comportamento do poluente. O ciclo
hidrológico é baseado em teoria estatística dinâmica
desenvolvida por Eagleston (1978) para o balanço de água
de uma coluna de solo vertical, e foi adaptada de maneira a considerar
as variações de umidade presentes. O ciclo hidrológico
controla o ciclo de recarga de poluente. No ciclo do comportamento do
poluente são simulados o transporte do mesmo e as transformações
nas três fases: solo-ar ou fase gasosa, solo-fase úmida
e solo- fase sólida.
SESOIL utiliza condições de contorno variáveis
no tempo e executa os cálculos utilizando intervalos de tempos
constantes de 30,4 dias (média mensal). O tempo mínimo
de simulação é de um ano. O SESOIL também
possui um pequeno banco de dados de tipos de solos e contaminantes que
ocorrem na agricultura e indústria.
O grupo de programas denominado WHI UnSat Suite (Waterloo Hydrogeologic
Inc.), incorpora o SESOIL e permite uma rápida entrada dos dados,
cálculo e visualização dos resultados através
de suas ferramentas gráficas (vide Figura 1). Além do
SESOIL o software UnSat Suite utiliza os softwares com os modelos Visual
HELP (para o dimensionamento de aterros, considerando aspectos hidrológicos),
PESTAN (para a solução analítica do transporte
de soluções orgânicas na zona não saturada),
VS2DT (para o cálculo de fluxo e transporte 2D através
da zona não saturada) e VLEACH (modelo 1D para prognosticar a
mobilização e migração de substâncias
orgânicas através da zona não saturada). A Figura
2 mostra a plataforma de avaliação do programa Visual
HELP.
O modelo SESOIL provou ser uma ferramenta muito eficiente para avaliar
a contaminação de águas subterrâneas pela
zona não saturada. O modelo ainda pode ser utilizado efetivamente
em estudos de avaliação de risco que requeiram inúmeras
simulações com vários compostos.
Olho: O modelo é uma ferramenta que, se utilizada
de maneira adequada, pode dar ampla assistência na tomada de decisões
relacionadas a aspectos complexos de aterros não controlados
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