Boletim Informativo da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas Agosto/2001 - Nº 117
   

Ceará sai na frente na exportação de água mineral

Nordeste, tido como uma região de seca, quebra paradigmas com a exportação de água mineral para os Estados Unidos, Costa Rica e República Dominicana

Fortaleza sai na frente, na corrida pela exportação de água mineral. O estado é pioneiro na exportação desse recurso mineral através uma ação individual da engarrafadora cearense Neblina Indústria de Mineração Ltda, que marcou um ponto importante rumo a conquista do mercado externo. A empresa começou as atividades de exportação em novembro do ano passado e faz parte do grupo Telepager, que atua no ramo de telecomunicações, e para diversificar sua atuação econômica optou pelo investimento no segmento de águas minerais. Todo mês são embarcadas dois contêineres para os Estados Unidos, Costa Rica e República Dominicana. A remessa faz parte de um contrato de exportação acertado com a empresa norte-americana King Food Distributor Incorporation e que prevê o fornecimento de 100 mil caixas/ano, calculado em US$ 300 mil. Em maio, engarrafadora firmou um novo contrato no valor de US$ 286.000 para exportações de água mineral durante um ano, a partir de outubro. O novo contrato já prevê a exportação das embalagens de copo 200ml, garrafa 500ml e galões de 5000 ml.
Instalada em Guaramiranga, a 123 km de Fortaleza, a indústria produz 40 mil litros/hora de água mineral classificada como levemente radiotiva, fluoretada e latinada naturalmente extraída de quatro poços tubulares profundos de cinco fontes de surgência. A capacidade atual permite o envase de 200 mil garrafas de 20 litros/mês. "O mercado de águas minerais está em franca expansão pois a hegemonia das águas francesas e italianas abasteciam o mercado externo, e hoje com a globalização os espaços de água mineral estão sendo altamente ampliados, sendo que não podemos esquecer em primar pela qualidade e apresentação de um produto alimentar", lembrou José Francisco R. Nieblas, diretor comercial e industrial da empresa.
Para fazer frente às encomendas a Neblina investiu cerca R$ 5 milhões no parque fabril e US$ 120 mil nas exportações. A aquisição de equipamentos modernos de gaseificação de água, permite envasar o novo produto em embalagens de 500 ml e desde janeiro a empresa produz toda a linha descartável em embalagens Pet. A embalagem de 200 ml possui uma sobretampa não utilizada no Brasil, uma exigência do U.S. Food & Drug Administration (FDA), espécie de Vigilância Sanitária para garantir maior higiene e condições de armazenamento. "É um desafio. O Nordeste, tido como uma região de seca está quebrando esse paradigma com a exportação de água mineral e a nossa empresa está promovendo mais empregos às famílias da região do maciço de Baturité, considerado um verdadeiro paraíso ecológico", orgulha-se Nieblas.
A água mineral Neblina é proveniente de rochas cristalinas fraturadas do Maciço de Baturité. "Não podemos esquecer que as águas subterrâneas são o principal patrimônio de toda a indústria de envase de água mineral e temos que explorá-los com muita cautela, responsabilidade e consciência de que é um bem vital, não só para o Brasil, mais para o mundo inteiro", finalizou.

Olho: O mercado de águas minerais está em franca expansão pois a hegemonia das águas francesas e italianas abasteciam o mercado externo, e hoje com a globalização os espaços de água mineral estão sendo altamente ampliados, sendo que não podemos esquecer em primar pela qualidade e apresentação de um produto alimentar

Quadro: Exportação no Brasil - A Abinam, Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais, tem em torno de 200 associados e busca a exportação das águas minerais brasileiras. A idéia é destinar ao exterior cerca de 2 bilhões de litros em cinco anos, fazendo que as empresas nacionais do setor destinem seus produtos também para o mercado internacional. O presidente da entidade Carlos Alberto Lancia explica que a intenção é estimular a exportações no País através da Agência de Promoção de Exportações (Apex) e a perspectiva é que em menos de um ano o trabalho esteja concluído e as empresas começando a exportar partir do próximo ano. "O projeto de exportação de água mineral está em fase final de aprovação na Apex. Estamos apenas aguardando o parecer final para iniciarmos os trabalhos", explicou Fraterno Vieira, assessor de comunicação da Abinam.


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