Projeto Salto Paysandu
Recuperação do Poço das Termas de Dayman (2ª
parte)
Volume do Fluido e Injeção no Poço
O volume do poço em 10¾", a 1600m era
de 152m3 , que deveria ser somado ao volume das fraturas a serem totalmente
preenchidas de forma a se obter o equilíbrio estático
do sistema e se operar com segurança. Como não havia maneira
de se determinar o volume de tais fraturas, estimou-se em 200m3 que
somado ao volume do poço totalizava um volume 352m3. Não
havendo naquele momento uma solução mais segura, estabeleceu-se
com base nestas estimativas um volume de 300m3 de salmoura , trabalhando-se
assim com um coeficiente de segurança alto para os padrões
normais.
A salmoura deveria ser preparada na superfície e injetada no
poço de maneira contínua até se obter a completa
estabilidade do sistema. Essa condição exigia disponibilidade
de reservatórios de grandes capacidades. Solicitou-se autorização
para usar as piscinas do hotel como reservatórios para preparar
e armazenar a salmoura. Foram utilizadas duas piscinas próximas
ao poço, com capacidade superior ao volume projetado.
A injeção no poço foi feita por bombeamento contínuo
entre as duas piscinas, e destas para os tanques de lama utilizando-se
bombas centrífugas de mesmo porte. As bombas de lama da sonda
injetavam o fluido através de uma coluna de hastes de perfuração,
cuja extremidade estava a 1400m de profundidade.
Conforme foi citado anteriormente, existiam diversas fontes em volta
do poço. Dentre estas fontes, situado a uns 50m, havia um poço
de 20m de profundidade, que jorrava um volume apreciável de água
com as mesmas características do aqüífero objeto.
Como era imprescindível o preenchimento tanto do poço
principal como de todas as fraturas, foi tomado como referência
este poço de 20m que estava a uma cota superior às cotas
das fraturas. A saída de salmoura neste poço evidenciaria
o preenchimento de todas fraturas e a estagnação do jorro.
Assim foi feito e a operação foi concluída em duas
horas observando-se que o equilíbrio do sistema foi estabelecido
com a injeção de cerca de 250m3.de salmoura no poço.
Com o poço estabilizado, foram feitos os trabalhos de alargamento
para 12¼, revestimento em 97/8" e cimentados o espaço
anular com aproximadamente 200 sacos de cimento. Ao final de todas essas
operações a vazão do poço foi restabelecida
. Os testes finais indicaram um vazão de 280m3/h e pressão
na boca do poço de 7,70 kg/cm2. Observou-se que as fontes de
água da superfície estavam estancadas comprovando assim
o total sucesso da operação.
Conclusões
1) Os testes realizados após os trabalhos de recuperação
do poço identificaram uma vazão de 280m3/h e pressão
na cabeça do poço de 7,70 kg/cm2;
2) O poço havia sido revestido de 0 a 20 metros com canos de
133/8", o restante, abaixo dessa profundidade, era poço
aberto. Sua vazão original, em virtude de não ter sido
corretamente medida foi extrapolada. Acredita-se entretanto, que a mesma
correspondia aos 280m3/h medidos após a recuperação
do poço;
3) É possível que as águas, sob pressão
do aqüífero, tenham interferido nas fraturas dos basaltos
sotopostos, antes preenchidas por materiais diversos. Ao longo do tempo
as águas passaram a percolar o material, evadindo para os rios,
fluindo para a superfície, e originando conseqüentemente,
a formação das citadas fontes e saturação
dos aluviões. Tudo isso, além de representar um considerável
desperdício de água, ainda provocava graves problemas
de infiltrações que comprometiam a estrutura das edificações
locais;
4) O comportamento do poço de Salto evidencia que a captação
do aqüífero Guarani, feita em poço aberto no basalto,
constitui-se uma temeridade. Esse tipo de completação
deve ser abolida sob pena de provocar desperdícios da água
proveniente de um reservatório de fundamental importância.
Raimundo B. Medeiros
Ex-engenheiro da Divisão de Hidrogeologia e Exploração
da CPRM
Fone: (21) 549-4871
e-mail: raibeme@infolink.com.br
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