Solo contaminado e resíduo A evolução natural
dos conceitos ambientais sempre nos permite parar para pensar. Numa
contaminação por um composto líquido imiscível
em água subterrânea, sempre haverá a formação
de uma chamada fase residual. Para aqueles que não estão
habituados com esta terminologia, fase residual é formada por
material poroso (solo, sedimento etc.) onde fica retida uma fração
do produto líquido imiscível durante seu fluxo pelo meio
subterrâneo. A diferença desta fase para a fase livre é
que o produto em fase livre pode migrar, fluir. E a fase residual está
presa por forças capilares e não flui. Em qualquer contaminação,
mesmo depois de retirada a fase livre, haverá a formação
e a permanência de fase residual. E esta corresponde, em média,
entre 12 a 20% do volume de poros. Portanto, se tomarmos como exemplo
um volume de fase residual de 100 m3 (que não é um volume
tão grande para uma contaminação), com uma porosidade
de 25%, teremos um volume de poros de 25m3. Considerando-se a porcentagem
de fase residual que fica retida, teremos um volume entre 3 e 5 m3 de
produto puro. É um volume muito grande, que pode demorar décadas
para se dissolver e ser eliminado naturalmente. Desta forma, se o material contaminado
por fase residual for removido do local e armazenado, trata-se, seguramente
de um resíduo. E para resíduo existe uma legislação
específica detalhada. Há, portanto, uma decisão administrativa por parte das agências ambientais que envolve uma posição importante em relação a este material contaminado. Caso o material seja considerado solo contaminado ele poderá ser tratado como tal (in situ, ex situ etc.). Caso o material seja considerado resíduo, este recebe um tratamento distinto: não pode ficar exposto, devendo ser removido emergencialmente e ter destino final adequado. Esta consideração
é importantíssima, uma vez que a sua constatação
prévia num local deverá ser seguida de uma cubagem imediata
para se separar o que é solo contaminado do que é resíduo
e para sua imediata destinação final. Tudo isso ainda
como fase emergencial. É importante salientar que, nestes casos, o trabalho não segue a mesma metodologia que hoje se emprega: avaliação preliminar para caracterização do local e posterior avaliação de detalhe para remoção/remediação. Caso seja percebida a presença
de resíduo, deve-se proceder a uma cubagem imediatamente, o que
envolve a avaliação em detalhe, com muito mais pontos
de amostragem e análise química. Esta posição importante,
segura, ambientalmente defensável e louvável deve ser
considerada pelos hidrogeólogos para que as novas consultorias
sejam planejadas de acordo com a natural evolução dos
conceitos. Hora para parar para pensar. Olho: Numa contaminação
por um composto líquido imiscível em água subterrânea,
sempre haverá a formação de uma chamada fase residual Dr. Everton de Oliveira |
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