Boletim Informativo da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas Junho/2001 - Nº 115
   

Preços baixos assustam o mercado de perfuração

"As grandes perfuradoras garantem que a atividade está sendo banalizada pelos próprios perfuradores que executam trabalhos de baixo custo"

     O Brasil tem hoje, mais de mil empresas perfuradoras e outras tantas sem qualquer cadastro, vivendo na informalidade. Perfurar poços tornou-se a fonte de renda de muitas empresas clandestinas, que apostam nas águas subterrâneas como geradora de recursos financeiras. Na maioria das vezes, a ação dos clandestinos vêm acompanhadas de problemas e causa indignação nas grandes empresas que possuem no seu quadro funcional geólogos, hidrogeólogos e técnicos. A situação financeira do país e a livre concorrência com as perfuradoras clandestinas provocam uma séria discussão em todo o país. As grandes perfuradoras garantem que a atividade está sendo banalizada pelos próprios perfuradores que executam trabalhos de baixo custo, sem qualidade técnica ou profissional. Mas a discussão nem sempre se restringe a essa situação, há por exemplo empresas tradicionais praticando preços fora do contexto.
     A polêmica é real. Recentemente em uma licitação da Unidade da Petrobras em São Mateus, no Espírito Santo, onde a discrepância de valores ficou evidente, assim como a inexistência de uma homogeneidade de preços entre as empresas perfuradoras.
A licitação propunha a perfuração de 30 poços de 12 ¼ de diâmetro e revestimento de 6 polegadas. No total, 13 empresas de várias regiões do Brasil participaram da concorrência mostrando a grande diferença de preços praticados no mercado de perfuração.


     O preço mínimo ficou entre as empresas que vamos chamar de 1 e 2, que apresentaram valores de R$ 113,00/m e R$ 142,10/m, respectivamente. O preço médio ficou em torno de R$ 195,50/m, na concorrência entre 9 empresas. Já o preço máximo são das empresas 12 e 13, que apresentaram valores de R$ 562,75 e R$ 573,27.
     O que chama a atenção é que na lista de concorrência aparecem grandes empresas, outras de médio porte, e ainda algumas sem nenhuma tradição no mercado com trabalhos de caráter regional. E o mais estranho ainda é que uma empresa de importante tradição no mercado encabece a lista com o menor valor da concorrência, praticando preços fora do contexto nacional, já que o valor de R$ 113,00/m, está bem abaixo do preço médio fixado em R$ 195,50. Procurado pelo ABAS INFORMA, o representante da empresa 1 não quis comentar a situação. "Não vou discutir fofoca. Não tenho culpa se os meus concorrentes são incompententes", disparou.
     Vários perfuradores vem se reunindo na tentativa de informar ao usuário, que os preços muito inferiores têm prejudicado a qualidade dos serviços. A proposta é a concientização do usuário, evitando a contratação das empresas clandestinas e prejuízos em todo o setor de perfuração.


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