O
acidente com o duto da Petrobrás e os métodos geofísicos
de investigação
Nas
áreas de geologia de engenharia, petróleo, hidrogeologia
e mineração os métodos geofísicos
de investigação estão há décadas
fortemente presentes. Toda a pesquisa petrolífera em
nosso país, tanto em terra como no mar, está apoiada
na investigação através dos métodos
sísmicos, basicamente a sísmica de reflexão.
A
sísmica de refração e a eletrorresistividade
têm se constituído, desde a década de 1960,
numa das ferramentas de investigação geológico-geotécnica
mais importantes para a implantação de aproveitamentos
hidrelétricos. O ensaio sísmico crosshole tem
sido executado em praticamente todas as usinas termelétricas
construídas ou em construção no país.
Mais recentemente, principalmente em conseqüência
do desenvolvimento da eletrônica, os equipamentos foram
aprimorados, sofrendo igualmente uma redução de
custos. O primeiro aspecto, vem permitindo a execução
de ensaios também no meio urbano, enquanto o segundo,
tem possibilitado que um número maior de empresas atue
no setor.
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Figura 1 : Perfil de radar (GPR)
utilizado para identificação de dutos
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No meio urbano, a sísmica
de reflexão de alta resolução, embora ainda em
desenvolvimento, já vem mostrando bons resultados, como nos
projetos dos metropolitanos de São Paulo (Linha 4 Amarela)
e de Salvador-BA. No mapeamento de plumas de contaminação,
tanto no ambiente urbano como rural, os métodos elétricos
e eletromagnéticos estão presentes com suas várias
técnicas, mostrando resultados excelentes em diversos projetos
no contexto do controle ambiental. Para a detecção de
dutos enterrados está disponível o GPR (Ground Penetrating
Radar), método eletromagnético não destrutivo,
que utiliza ondas de altas freqüências e que foi desenvolvido
principalmente para aplicação na localização
de objetos enterrados como dutos, estruturas de concreto, etc. (Figura
1) e também no mapeamento de detalhe, em profundidade, de interfaces
geológicas (Figura 2).
Embora possa ser considerado um método
ainda em desenvolvimento em nosso país, principalmente em relação
às condições geológicas ideais para sua
aplicação, o GPR está disponível no Estado
de São Paulo em Instituições como o Instituto
de Pesquisas Tecnológicas - IPT, Instituto Astronômico
e Geofísico da USP, Universidade Estadual Paulista - Rio Claro,
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB, e em empresas
privadas, como Geo-Radar, Astral, dentre outras. Assim, para a implantação
de qualquer empreendimento que exija o conhecimento prévio
do meio físico, estão disponíveis métodos
indiretos de investigação, normalmente de execução
rápida, que pode efetivamente contribuir no planejamento do
projeto, minimizando riscos de acidentes em geral. Face ao exposto,
não se justifica que intervenções, como aquelas
que ocorreram na Rodovia Presidente Castelo Branco no dia 15/06/01
para implantação do Rodo Anel, sejam realizadas sem
um trabalho prévio de investigação, utilizando-se
de métodos indiretos, como parece ter sido o caso.
Felizmente
os prejuízos sofridos pelas empresas e pessoas que dependem
da rodovia foram somente de ordem financeira, embora seguramente
representem valores gigantescos, afinal, o tráfego ficou
interditado por pelo menos dez horas. Espera-se, pelo menos, que
esse acidente venha a servir de alerta para que não tenhamos
no futuro rompimento de adutoras, cabos elétricos, redes
de fibras óticas, pela ausência de estudos de prevenção,
perfeitamente viáveis e exeqüíveis pelo poder
público ou por empresas privadas. |
Figura
2: Perfil de radar (GPR) mostrando detalhes da estratigrafia
rasa na ilha Comprida, litoral sul do Estado de São Paulo
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Rubens Paschoal Cordeiro
Laboratório de Geofísica
Aplicada - IPT
rubenspc@ipt.br
Luiz Antonio Pereira de Souza
Laboratório de Geofísica
Aplicada - IPT
laps@ipt.br
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