
Superexploração
de águas minerais em São Lourenço
Grupo
Nestlé é alvo de vários requerimentos solicitam
informações sobre a fiscalização e vistoria
nas dependências da empresa
A Comissão
de Turismo, Indústria e Comércio, da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais está analisando relatórios
técnicos de estudos geológicos e hidrogeológicos
que apontam a superexploração das águas minerais
promovida pela concessionária Nestlé, destinada ao engarrafamento
desenvolvido em São Lourenço. O estudo realizado em 97
pela CPRM - Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais, aponta a empresa
como responsável pelo rebaixamento dos níveis dos lençóis
subterrâneos e diminuição no volume das águas
em todas as fontes do município, além da alteração
nos seus sabores.
"São
necessárias medidas preventivas porque desse jeito nossas águas
vão acabar e nossos turistas vão embora. Só existe
preocupação em aumentar a fábrica de águas,
que está engolindo o Parque e sumindo com a água. Onde
está a nossa magnesiana? Desapareceu?"
A comissão formada pelos deputados estaduais Maria Olívia
(PSDB); Gil Pereira (PPB), Pastor George (PL) e Edson Rezende (PSB)
estão analisando a procedência das denúncias de
exploração irregular das águas subterrâneas.
Vários requerimentos solicitam informações sobre
a fiscalização e vistoria nas dependências da Empresa
de Águas; do Ministério das Minas e Energia/MG e da Empresa
Perrier Vittel do Brasil - Grupo Nestlé. A comissão também
convocou o diretor do DNPM/MG - Departamento Nacional da Produção
Mineral, Edward Alvares Abreu, para prestar esclarecimentos sobre o
laudo técnico das fontes de água mineral de São
Lourenço, realizado em 1999, bem como cópia de contrato
de renovação da concessão de exploração
das águas minerais pela Nestlé. "São necessárias
medidas preventivas porque desse jeito nossas águas vão
acabar e nossos turistas vão embora. Só existe preocupação
em aumentar a fábrica de águas, que está engolindo
o Parque e sumindo com a água mineral. Onde está a nossa
magnesiana? Desapareceu?", indaga a comerciante Estela Soares.
Caso Nestlé
- Uma audiência pública realizada em maio, organizada pela
Comissão Especial de Estudo e Defesa das Águas Minerais
de São Lourenço, buscou esclarecimentos junto à
Empresa de Águas São Lourenço em relação
à exploração das águas minerais. O encontro
contou com a presença de representantes da sociedade civil, órgãos
ambientais municipais, estaduais e federais, normativos e de fiscalização
das concessões de lavra do subsolo no país e o Curador
do Meio-ambiente de São Lourenço, Dr. Pedro Paulo Barreiros
Aina, que vem trabalhando na apuração das denúncias
de superexploração das águas. Esse foi o primeiro
encontro entre a diretoria da Nestlé e a comunidade.
Na oportunidade, a Empresa de Águas apresentou ao público
um estudo denominado "Geologia, Hidrogeologia e Áreas de
Proteção Ambiental do Parque das Águas", desenvolvido
pela empresa EASL, "desmentindo" os questionamentos da população,
de que as águas minerais estejam correndo riscos de esgotamento.
A diretoria da Nestlé não fez comentários sobre
as ameaças de exaustão das águas das fontes do
Parque e dos poços explorados para engarrafamento. "Não
existem estudos que comprovem que os poços explotados ou as fontes
do Parque de São Lourenço estejam sofrendo quaisquer ameaças",
limitou-se a dizer o diretor do DNPM/MG, Edward Alvares de Campos Abreu.
Mas a comunidade contestou a credibilidade do trabalho, irritando o
representante do órgão federal. "Esse estudo apresentado
pela CPRM não tem legitimidade nem respaldo técnico legal,
por ter sido feito sem os recursos necessários a uma avaliação
que corresponda à realidade do caso em questão. Não
sei a que tipo de interesses esse trabalho vem atender", irritou-se
Edward.
Os Estudos Geoambientais das Fontes Hidrominerais de Cambuquira, Caxambu,
Conceição do Rio Verde, Lambari e São Lourenço,
desenvolvido em 1997 pela CPRM, através da Secretaria de Estado
do Meio-ambiente, do qual participaram quatro geólogos e três
hidrogeólogos são as avaliações técnicas
que têm norteado as ações do Ministério Público,
da Comissão de Estudo e Defesa das Águas e as suspeitas
levantadas por outros segmentos da sociedade. Para a população,
as intervenções de um órgão fiscalizador
em favor de uma concessionária, como o ocorrido na audiência
de São Lourenço, sem a exibição de quaisquer
documentos, vem dar ensejo a novos questionamentos.
|