Perfuração de poços em minérios de ferro

Parte II - A completação

    Meu amigo Nayrton da MBR defende a tese de que a descida da coluna de revestimento de poço só ocorre nos feriados prolongados do Natal, Carnaval, Semana Santa, etc. Como ele tem a salutar prática de acompanhar pessoalmente essa etapa da construção de um poço, Dona Lia e os meninos... De fato, essa é a fase mais difícil e perigosa de qualquer poço e não dá para esperar.

    O minério de ferro é heterogêneo, com fortes contrastes relativos à consistência, pressão d'água e mergulho dos corpos. O momento da troca da lama de perfuração pela água, o raleamento, é sem dúvida o mais crítico, no qual tudo pode acontecer e o menor descuido põe a perder o trabalho e materiais.

    Até o momento, a melhor maneira para a completação, em poços no minério de ferro, é o uso da boa e velha válvula de pé de poço. Para quem porventura não conheça: a válvula é instalada na base da coluna de revestimento para permitir apenas a saída de fluido do interior para o anular entre o revestimento e as paredes do furo. Com o seu uso é possível restabelecer a circulação da "lama" após a descida da coluna de revestimento e fazer o contra fluxo durante a descida do pré-filtro.

    Outra técnica muito antiga e valida, é o uso de tubulação auxiliar de 1" a 2" para a injeção do pré-filtro. A tubulação tem que descer pelo espaço anular até 20 ou 30 metros do fundo do poço e ser alteada a medida em que o pré-filtro ocupa o seu lugar. A injeção de pré-filtro propriamente dita, deve ser realizada sempre com água para evitar o entupimento da coluna de injeção e fazer com que ele desça como se fosse um fluido.

    As pessoas que militam na área de perfuração devem estar achando que estou falando sobre o óbvio, entretanto, este é o óbvio que dá certo em minério de ferro. Deve-se tomar alguns cuidados para adaptar técnicas normais da construção de poços para o minério. Por exemplo: A perfilagem elétrica é muito útil para o minério médio a macio, consegue detectar as zonas mais permeáveis, mas não sabe indicar se as hematitas e itabiritos compactos são ou não mais permeáveis. Em geral as hematitas compactas e itabiritos compactos quando fraturados são excelentes aqüíferos.

Antônio Carlos Bertachini
é Geólogo, Sócio da MDGEO Serviços de Hidrogeologia Ltda., empresa especializada em hidrogeologia aplicada à mineração
e-mail: mdgeo@gold.com.br

 

 

Um toque irreverente nas águas subterrâneas

    O escritor e geólogo Francisco Bernivaldo Carneiro será o novo colunista do ABAS Informa, trazendo artigos humorados e irreverentes sobre o cotidiano das águas subterrâneas. Nascido em Jaguaretama/CE, especializou-se em Engenharia de Saúde e Ambiental na USP - Universidade de São Paulo, técnico em edificações pela ETFC - Escola Técnica Federal do Ceará e estudou administração pública na UECE - Universidade do Estado do Ceará.

    Ao longo dos anos desempenhou muitas atividades no ramo da construção civil e de geotecnia.
Bernivaldo iniciou na literatura em 1998, com o romance "Fofocas, Futricas e Folclore, em 1999 o livro, "Satirizando o Cotidiano" e em 2000, "Nas Garras de um Irreverente". "Quando eu entrei na Fundação de Serviço e Saúde Pública eu não viajava muito e tinha um certo tempo no escritório e não era ocupado. Eu aproveitava aquela época pra fazer algumas crônicas, alguns contos, inclusive envolvendo colegas. O tempo foi passando, passei a viajar e guardei esses contos. A maioria eu perdi, mas em 1997, resolvi escrever um livro de romance. Assim nasceu o Fofocas, Futricas e Folclore", lembra ele.

 
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