Fluido de perfuração: argilas expansivas, as grandes vilãs O exemplo acima insere-se no rol
dos pro°blemas resultantes da sondagem de argilas expansivas. A
questão é tão problemática que podemos apontar
com absoluta segurança que as argilas expansivas são responsáveis
pelas principais dificuldades enfrentadas em perfurações
rotativas. Neste artigo analisaremos os porquês, quem são
e como funcionam os antídotos, ou seja, os inibidores químicos
da ação indesejável destas argilas tidas como hidratáveis
por sua capacidade em absorver água. Porque as argilas se expandem
- Os argilo-minerais dividem-se em vários grupos. Possuem configuração
de placas que alternam camadas de sílica e alumina. As diferentes
proporções entre sílica e alumina definem os variados
tipos de argila. O Grupo que tem propriedades em absorver água é o das Esmectitas. As do tipo montmorilonita possuem grande quantidade de cargas elétricas disponíveis para reagir com água. As montmorilonitas quando secas empilham-se como um maço de folhas sulfite. Quando hidratadas têm as interfaces invadidas pela água que dilata os espaços entre as folhas, dispersando-as em forma de massa plástica (hidratação parcial) ou solução em gel (hidratação total). Tal fenômeno provoca a expansão do volume inicial podendo chegar a mais de uma dezena de vezes. Problemas na perfuração -
Durante a sondagem as camadas argilosas inicialmente secas recebem água
do fluido de perfuração pelas paredes do furo e começam
a inchar. Como as esmectitas correspondem a 25-30% dos argilo-minerais,
esta expansão é desigual. No caso dos folhelhos, o próprio
acamamento laminar incha em algumas superfícies e em outras não.
Como as primeiras empurram as segundas, ali na região de envoltório
do furo ocorrem os desmoronamentos. Quando as montmorilonitas são
maioria em alguns trechos do perfil, aumentam os enceramentos de broca
e o diâmetro da perfuração pode estreitar. Neste
processo, o peso das rochas sobrejacentes atua na deformação
plástica da camada argilosa, reduzindo gradualmente o diâmetro
até a base desta. A prisão da coluna de perfuração
ocorre exatamente neste ponto. Os recortes argilosos também são triturados e dispersos até atingirem tamanho coloidal incorporando-se ao fluido. A contaminação gerada descaracteriza os padrões do fluido, deixando-o excessivamente pesado e viscoso. O teor de sólidos elevado contribui para um reboco espesso e permeável, que vai gerar taxas de filtrado altíssimas. O efeito resultante são danos reversíveis e irreversíveis ao aqüífero, podendo reduzir a produtividade. Estes problemas podem ser corrigidos com relativa facilidade através da aplicação de Inibidores de Argilas Expansivas no fluido de perfuração. Os fluidos a base de polímeros designados de baixo teor de sólidos podem receber adições de produtos químicos inibidores junto aos viscosificantes já utilizados regularmente. Esta possibilidade já não existe nas lamas bentoníticas que é composta pela própria montmorilonita industrializada. Os polímeros viscosificantes mais utilizados são os CMC AV (carbaximetilcelulose de alta viscosidade) e PHPA (poliacrilamidas de alto peso molecular). Estes podem ser aditivados com inibidores que evitarão a hidratação das argilas, seus conseqüentes enceramentos de broca e incorporações ao fluido. Funcionamento dos inibidores - Qualquer
substância que neutralize as cargas das argilas pode ser chamada
de inibidor. Porém os diferentes materiais tem aptidões
diversas - sais de potássio e polieletrólitos sintéticos
são excelentes para tornar um fluido inibidor, já dispersantes
químicos, como os polifosfatos, são mais indicados para
a etapa de desenvolvimento (limpeza) do poço tubular. Os sais
de potássio são produtos químicos especialmente
formulados para liberar K no momento da neutralização
da montmorilonita, que são seletivas por este cátion.
O K entra nos espaços entre as placas e como tem diâmetro
iônico grande acaba tamponando como um plugue a entrada de água
para hidratar. Desta forma, argila e formação se estabilizam
na forma seca não criando dificuldades a perfuração.
O aspecto da argila expansiva cortada pela broca e depois inibida e
encapsulada pelo fluido, ao sair pela boca do poço, é
semelhante a recortes de arenitos mais consolidados, isto é,
pequenos grumos de característica totalmente inerte, como se
vê na foto. O esquema abaixo demonstra o momento da captura da argila hidratada em suspensão no fluido com a liberação da água retida. Observe que sem a presença do inibidor, a argila se incorporaria ao fluido de perfuração de forma definitiva, elevando o peso específico, taxas de reboco e filtrado, provocando sérios danos ao aqüífero. Vantagens do uso de inibidores Geól. Eugênio Pereira é diretor técnico
da SYSTEM MUD PRODUTOS QUÍMICOS LTDA. |
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