Nordeste ganha programa de estudos regionais das águas subterrâneas

A CPRM está desenvolvendo o programa hidrogeológico em toda a parte do semi-árido
começando do norte do Piauí até Minas e Espírito Santo

     A região Nordeste enfrenta um grande racionamento no abastecimento público, com o rebaixamento dos níveis dos reservatórios superficiais. Para suprir a demanda, o Governo está investindo na perfuração de poços tubulares. Para facilitar o trabalho, a CPRM - Serviço Geológico do Brasil está desenvolvendo um programa de cadastramento, mapeamento e estudos das fontes de abastecimento das águas subterrâneas.
Em entrevista ao ABAS INFORMA, Fernando Antônio Carneiro Feitosa, Chefe da Divisão de Hidrogeologia CPRM Ceará, fala da missão, das dificuldades e das expectativas com o desenvolvimento do programa de águas subterrâneas na região Nordeste.

     A CPRM está desenvolvendo Algum programa referente à água subterrânea?

     A CPRM - Serviço Geológico do Brasil tem um grande programa de águas subterrâneas para o Nordeste, que é basicamente uma continuidade do que a Sudene fez e parou na década de 70. São os estudos regionais e hidrogeológicos, que culminam com o inventário geológico básico já que há 30 anos não há estudos sistemáticos regionais no Nordeste. A CPRM hoje tem essa missão e está se enquadrando dentro do setor de água subterrânea de uma forma cada vez mais forte.

     Quais os benefícios desse programa?

     Esse é um programa que envolve toda a parte do semi-árido, começando do norte do Piauí até Minas e Espírito Santo. E são quatro grandes subprogramas: O primeiro deles é o programa de cadastramento de todas as fontes de abastecimento de águas subterrâneas. Esse programa está em pleno desenvolvimento e nós estamos com duas equipes no campo atualmente fazendo esse cadastramento no Sergipe. Esse trabalho vai ser ampliado para o resto do Nordeste, isso vai servir de alicerce, além de dar todo subsídio aos órgãos que fazem a gestão de águas subterrâneas. Então a CPRM vai catalogar todos os poços existentes do Nordeste através de um banco de dados geo-referenciável, com informações de qualidade de água e dar todo o subsídio aos órgãos que fazem a gestão dos recursos hídricos. O segundo passo é desenvolver um subprograma na parte de mapeamento e quantificação de todos os depósitos aluvionários do Nordeste. O outro subprograma trata de estudos específicos de aqüíferos cristalinos que estão em desenvolvimento também em comparação com o Canadá. O programa de comparação técnica Canadá-Brasil está sendo desenvolvido há um ano em três áreas pilotos: Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. E o quarto subprograma trata da bacia do sedimentário e o grande volume de águas subterrâneas. São estudos hidrogeológico mais aprofundados das bacias sedimentares quantificando reservas e dimensionando a capacidade dessa água ser utilizada para o desenvolvimento da região.

     Quais as dificuldades na realização do programa no Nordeste?

     A CPRM enfrenta hoje uma dificuldade muito grande que é a capacitação técnica. Estamos desenvolvendo diversos programas com apoio de consultores e hidrogeólogos antigos que fazem, digamos assim, a nata da hidrogeologia do país. Esses profissionais são nossos parceiros, mas a CPRM esbarra ainda em capacitação. Nós temos poucos técnicos com capacitação muito aprofundada e por isso estamos desenvolvendo um programa de capacitação interna e um planejamento pra introduzir pessoas novas. São contratações apenas para o futuro, mas a CPRM pensa em introduzir gente nova pra suprir essa demanda necessária para realização do trabalho.

     Qual sua análise do setor das águas subterrâneas no Nordeste?

     O setor de águas subterrâneas é fundamental. A água subterrânea é como um slogan da ABAS: "É uma reserva estratégica!", principalmente aqui no Nordeste, porque temos esse fenômeno climático caracterizado pelas secas, quando a gente pega esses períodos de estiagem, temos uma diminuição muito forte dos reservatórios superficiais. A água baixa muito e estamos passando exatamente por isso com essa crise de energia. Os reservatórios estão muito baixos por falta de chuva e nessa circunstância a água é priorizada pra algumas funções e a população nordestina tem necessidade de água, devido à grande escassez no abastecimento público. A escassez também é muito grande na zona rural e existem projetos relacionados aos recursos hídricos, adutoras, transposição do rio São Francisco, mas isso atenderia grande capitais, grandes cidades. Já o abastecimento na zona rural seria contemplado especificamente com água subterrânea.

      Esse programa também tem função de coibir a ação das perfuradoras clandestinas?

      Basicamente não... Não teremos capacidade. A gente vai visitar, fazer uma varredura territorial visitando todos os poços existentes, então o poço já existe. A informação que vamos coletar passa por quem construiu. Na ficha de cadastramento vai sempre indicar quem construiu o poço. Essa informação vai ser repassada para os órgãos gestores e talvez chegue ao órgão competente que tenha o poder de fiscalização que poderia realmente verificar se esse poço teve ou não outorga. Isso no caso do referido estado já ter uma lei regulamentada sobre água subterrânea.

olho: A CPRM vai catalogar todos os poços existentes do Nordeste através de um banco de dados geo-referenciável, com informações de qualidade de água e dar todo o subsídio aos órgãos que fazem a gestão dos recursos hídricos

 

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