Prconceito é o maior desafio

    A atividade de prestação de serviços de perfuração de poços tubulares e a indústria de equipamentos de perfuração e insumos que dão suporte a este mercado, não diferem dos demais mercados no que tangem a mecânica de nacionalização dos produtos do setor. Como ainda há dependência externa, ou seja, é preciso produtos vindos do exterior para suprir as empresas perfuradoras de poços, sejam elas públicas ou privadas, convido o leitor para uma pequena reflexão sobre o tema:

    A indústria de perfuração de poços tubulares iniciou no Brasil, na década de 50, sendo basicamente formada por empresas estrangeiras de perfuração de poços que traziam tudo de seus países de origem, máquinas perfuratrizes, na época somente haviam percussoras mecânicas, ferramental, acessórios e até mesmo a mão-de-obra!

    O Dr. Urbano Pires (Prominas) que atuava nesta época à frente de uma companhia inglesa é quem poderá um dia nos contar melhor esta parte da história. Nesta época, talvez um pouco depois, instalou-se no Brasil uma empresa Sueca(?) de nome Cia T.Janér, que atuava no ramo do papel e também da perfuração de poços chegando a perfurar praticamente em todo Brasil.

    Muitas perfuratrizes percussoras mecânicas, foram importadas da Europa e dos Estados Unidos, eram Bucyrus-Erie 20w, 21w, 22w, 24w, 36w e 60L, Speed Star 55, e 71, Craelius e Keystone. Nesta época, a perfuração de poços de água era uma atividade restrita. Eram pouquíssimas as empresas privadas e o setor público também não tinha expressão no uso e exploração de poços tubulares.
Sem recursos e sem investimentos em novas tecnologias ou mesmo em pesquisa aplicada, vamos primeiramente atuar com 100% de importados. Após algum tempo, vamos conhecendo os produtos e serviços, iniciando-se o penoso processo de nacionalização dos produtos.

    As importações como todos sabem, são um problema enorme, mesmo com a abertura dos mercados está sempre sujeita às variações cambiais e aos desabastecimentos em épocas de pico. Quando o mercado está abastecido - todos tem os insumos - Basta que aqueça a demanda e o produto falta! Isto sem falar do problema das assistências técnicas e principalmente da pouquíssimas opções quanto às variedades disponíveis. Os importadores trazem o "grosso", para otimizar custos. Quem precisa de algo mais específico, paga muito caro e a espera é longa!

    As empresas brasileiras que percebem estas deficiências e que "ousam" concorrer com o monopólio dos importados, enfrentam desafios de toda ordem, falta de matérias-primas adequadas, problemas de normatização, baixa escala de produção, só para citar alguns exemplos. Mas o pior de todos os desafios enfrentado é o do PRECONCEITO! Do produto da indústria nacional competindo com produto importado: Este preconceito é fomentado pelo interesse de importadores que obviamente querem manter o "status quo" e aliados a baixa estima do povo brasileiro que nestas horas invariavelmente deixa-se abater por um arraigado complexo de inferioridade diante do importado!

    Torna-se às vezes mais fácil a quebra de paradigmas com as novas gerações do que o pessoal mais antigo, são raros os administradores públicos ou mesmo privados que conseguem livrar-se do preconceito. Por que arriscar comprar o nacional? Se o importado está dentro de meus custos?

    A demora em anos para a implantação de sistemas produtivos que possam competir com os importados, provoca também atrasos em investimentos em novas tecnologias nas indústrias brasileiras. Enquanto o mercado não estiver fortalecido e independente como um todo, seremos sempre reféns, para não dizer "macaquitos", sempre repetindo aos outros, sem sabermos construir nosso próprio caminho, é como se diz na gíria: Sempre correndo "de" atrás!

    Adquirir produto importado SEMPRE traz consigo um conceito de "tecnologia moderna e segura". Dá status! Gostaria de ver a nossa ABAS valorizando mais o "B" que está em sua sigla, criando mecanismos de valorização VERTICAL da cadeia produtiva da atividade de perfuração de poços tubulares no Brasil. Sem corporativismo ou reserva de mercado, mas também sem dependência externa. Estou falando em valorizar o produto nacional, não por nenhum nacionalismo idiota, mas razões estratégicas de opções de mercado. Enquanto não vier este tempo, eles lá fora continuarão usando SEU dinheiro para financiar novas tecnologias para continuar a manter o mercado na dependência dos seus importados.

    Mas não vai faltar um esperto para nos dizer que o mercado está globalizado e que é moderno comprar produtos de qualquer parte do mundo. Globalizado aonde cara-pálida? Com a economia e o mercado totalmente dependente, bastando que, por qualquer motivo aleatório a atividade de perfuração de poços, haja uma variação no dólar e no dia seguinte aumentam de forma direta os custos da perfuração em reais.

Rogério Pons da Silva
Sidermetal Ind.Metal.Ltda.
Fone: (51) 470-3432
e-mail: sider.in@zaz.com.br

"A melhor opção continua sendo a importação"

    Na condição de empresário que vem importando e nacionalizando produtos, destaco minhas reflexões sobre o tema que tem como foco principal os produtos importados em detrimento ao nacionais. Penso que seria uma falta de nacionalismo, o brasileiro dar maior importância aos produtos importados ao contrário dos nacionais. Há sim, uma relação comparativa entre produtos "nacionais x importados", assim como é natural acontecer entre os produtos "importados x importados", de diferentes marcas.

    Acredito que o consumidor nacional adquira produtos importados não por uma questão de "status", mas sim por uma questão de custo benefício, sempre buscando novos produtos que lhe ofereçam essa condição, independente de sua origem e ou procedência. O que está faltando no mercado nacional, de uma maneira bastante geral, é a falta de investimentos dos empresários para adesão da utilização de novas tecnologias e ainda, o que talvez seja o foco principal, o incentivo por parte do governo em concentrar um maior incentivo à pesquisa e extensão nossos produtos.

    Atualmente, uma alternativa de sermos competitivos no mercado nacional se dá na importação de tecnologias com o pagamento de royalties, como exemplo vem acontecendo com os fluidos de perfuração e já ocorreu com os tubos de PVC. Outra alternativa se dá na instalação de multinacionais a exemplo do que vem acontecendo com as bombas submersas e compressores de ar. Mas ainda existem outros casos como: câmaras de filmagens para poços; equipamentos para pesquisa geofísica; perfilagem elétrica e sônica; equipamentos para laboratório de lama em campo; algumas ferramentas.

    A melhor opção continua sendo a importação dos produtos, sendo que o nicho de mercado para tais, é muito pequeno o que não justificaria a instalação de uma unidade fabril para produzi-los. Em suma, acredito que esse paradigma é resultante de uma conseqüência histórica na qual não depende exclusivamente da nossa vontade, ainda que o Brasil seja um país bastante jovem com muito a se desenvolver.

Álvaro Magalhães Junior
System Mud Produtos Químicos Ltda
Fone (0xx47) 346 5510
junior@systemmud.com.br

 

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