Formamos profissionais "empregáveis"? O começo de ano ou de semestre para muitos professores universitários significa tempo para repensar a disciplina que será ministrada nos próximos meses. Leciono hidrogeologia, tanto para
a graduação como para pós-graduação,
e sempre me apresentam algumas dúvidas sobre o balanço
que deveria dar nos diferentes temas do conteúdo programático
e, sobretudo na forma de ministrá-los. Mais rede de fluxo? Será
que o aluno deve entender as equações diferenciais básicas
que governam o fluxo subterrâneo? A aula expositiva é ainda
uma solução para grupos grandes? Obviamente em cursos
semestrais, há possibilidade de flexibilizar o conteúdo
e a forma de ensinar, mas um ponto básico é: tais informações
serão apreendidas pelos alunos e estas serão úteis
aos futuros profissionais em hidrogeologia? Mas será que isso
basta? Sendo mais amplo neste questionamento, voltamos a velha questão:
será que estamos formando bons profissionais para este mercado?
Qual é o grau de "empregabilidade" desses profissionais?
Será que estamos atentos à formação das
novas lideranças da área? Está certo que a escola
deve formar quadros técnicos para trabalhar em todos os níveis
da empresa e não somente para passar em testes de trainees, que
ocuparão a liderança da companhia dentro de 5 a 10 anos,
mas é interessante ver que vários desses pré-requisitos
devem ser analisados na contratação de um bom técnico,
em qualquer programa de seleção. No mesmo artigo da Folha,
é listada uma série de atributos que levariam a seleção
de um candidato nesse concorrido mundo dos executivos: capacidade de
trabalho em equipe; percepção do todo e visão futura;
determinação; clareza na comunicação; flexibilidade
profissional; aprendizado contínuo; foco em resultados, controle
emocional; e vivência internacional. O papel da escola tradicional
nesse processo se complica ainda mais, quando analisamos outro dado.
Em trabalho apresentado pelo economista Claudio de Moura Castro na Revista
Veja (23 janeiro 2002), ele afirma que o ensino oferecido pelas faculdades
somente determina 20% dos resultados do Provão, que teoricamente
avaliaria a qualidade dos recém-formados e das próprias
escolas. Os outros 80% são advindos da característica
do próprio aluno, anterior à faculdade. A pesquisa do economista mostra
exatamente isso, a faculdade não muda a forma do agir profissional
do aluno, somente tenta ensinar técnicas, que pouco ajuda o aluno
fraco. Ricardo Hirata é professor do |
|
Voltar | Imprimir |
Copyright © - Associação Brasileira de Águas Subterrâneas Todos os direitos reservados |