Pensando a ABAS A ABAS tem crescido e ocupado espaços importantes no cenário nacional e latino-americano, como resultado do trabalho sério, dedicado e gratuito de vários dos seus membros e colaboradores A raiz de uma reunião
com associados há algumas semanas, fiz algumas reflexões
despretensiosas sobre a ABAS, no sentido a promovê-la, buscando
novas atividades junto aos associados e à sociedade civil. A tabela abaixo mostra estas atuações e suas relações com a comunidade, os usuários do recurso e os profissionais e estudantes da área. A primeira dessas linhas de atuação refere-se à divulgação da importância da água subterrânea para a sociedade, mostrando que é um recurso que possui e agrega valor econômico. É para nós, os catequizados (utilizando uma expressão do Prof. Aldo Rebouças), desnecessário dizer a importância da água subterrânea para a sociedade. Mas ela ainda é uma grande desconhecida para os "não iniciados". Por conseguinte, os próprios profissionais da área são também pouco prestigiados. Essa divulgação deveria focar a sociedade de um modo geral e particularmente os usuários atuais e potenciais do recurso subterrâneo, bem como, o próprio governo nas três esferas e os comitês de bacias hidrográficas. Uma atenção especial deveria ser dada aos estudantes, tanto das séries básicas, como universitária. - É incrível que os engenheiros agrônomos, por exemplo, não tenham em sua grade curricular informação sobre poços tubulares. Essa divulgação poderia estar associada à preparação de materiais básicos escritos (brochuras institucional e temática, envolvendo a água subterrânea, sua contaminação e gestão), vídeos (veiculado na forma de CD, VHS, e descarregável no computador), página na Internet, etc. O próprio curso de Geologia hoje carece de divulgação. É viável um programa de cooperação entre a ABAS, a SBG (Sociedade Brasileira de Geologia) e as escolas para divulgação das geociências nos colégios, envolvendo alunos de graduação, que teriam o papel de apresentar a profissião de geólogo aos estudantes, monitorados por professores e profissionais. Embora poucos, há alguns museus de Geociências, que muitas vezes se restringem a exibir rochas, minerais e fósseis. Até hoje, no Brasil, eu não vi nenhum que tratasse da água subterrânea. Montagens sobre o tema, tenho certeza, seriam bem aceitos nesses locais. A produção deste material poderia ser custeada por publicidade de alguma empresa do setor. Somente para se ter idéia do potencial de visitação dessas instituições, O Museu de Geociências do Instituto de Geociências da USP já recebeu mais de 10 mil pessoas. Formação de melhores quadros profissionais. Manter-se atualizado é uma preocupação crescente de todo profissional e estudante preocupado com sua inserção no mercado de trabalho. Os cursos de curta duração têm sido uma forma bastante eficiente de ter contato com novas tecnologias e informações. A nossa irmã norte-americana National Groundwater Association (NGWA) oferece anualmente mais de 30 cursos sobre variados temas e com diferentes profundidades. Uma enquete feita há pouco mais de dois anos pela ABAS mostrou o grande interesse de nossos associados por cursos de curta duração, indicando inclusive temas, locais e aprofundamento necessário. Uma importante constatação desta pesquisa foi que os cursos deveriam ter regularidade (em oposição àqueles oferecidos esporadicamente), para que o associado pudesse se planejar para assistir a um ou outro curso com antecedência. Uma outra forma de atuação
relaciona-se à organização de congressos, encontros,
simpósios e workshops. Quanto aos dois primeiros, já são
sucessos há vários anos na ABAS. Mas é certo também
que há a necessidade e existe espaço para outros eventos,
atendendo a interesses específicos do setor ou mesmo da sociedade. Um outro material de divulgação importante é o livro texto. A ABRH (Associação Brasileira de Recursos Hídricos) tem uma série onde a cada número enfoca um tema que julga necessário para os alunos e técnicos. São textos básicos escritos por profissionais do setor, cobrindo lacunas de publicações existentes. Em água subterrânea não há quase livros textos em língua portuguesa. Outra possibilidade de disponibilizar
informação aos associados é ter uma biblioteca
digital, onde se teria acesso a todos os artigos da revista da ABAS,
além dos trabalhos de congressos, eventos e workshops. Nos últimos
anos os artigos já estão em meio digital, mas o custo
de colocar todo o material existente é bastante baixo. Finalmente, embora não seja uma "missão" da ABAS, mas igualmente necessária, é a captação de novos associados. Novos sócios somente aparecerão se virem vantagens em estar na ABAS. Sei que esse Jornal tem contribuído para a manutenção dos sócios na entidade, pois é um resultado concreto que o sócio "vê" todos os meses sobre a sua mesa. Trabalhos junto aos usuários potenciais da água e aqueles que atuarão em meio ambiente, bem como alunos de escolas de geociências e engenharias, deveriam ser organizados pela associação. Por que não criar a categoria de "sócio apadrinhado", onde qualquer sócio poderia pagar a anuidade de um sócio estudante, com desconto para ambos? A entidade deve ser criativa na busca de novos sócios, inclusive atuando em outros nichos, como a de associações de condomínios, indústrias e prefeituras, e não se restringir aos tradicionais espaços. Mas, como dito, o indivíduo se tornará sócio somente se ver vantagens e for tratado de maneira especial pela associação. Acredito que o setor da água subterrânea nunca teve tantas oportunidades para se expandir. A ABAS está em uma posição privilegiada para catalisar esse crescimento, quer por sua história, quer pela sua potencialidade em agregar os diferentes setores deste recurso. Olho: Uma atenção
especial deveria ser dada aos estudantes, tanto das séries básicas,
como universitária Ricardo Hirata é professor |
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