Rebaixamento do nível d'água
em mineração O licenciamento do rebaixamento do nível d'água de uma mina ainda caminha de forma turbulenta sem ter uma diretriz para a sua execução, talvez aqui em Minas Gerais seja dado o primeiro passo. Não se tem muito claro se é um processo de outorga ou de licença ambiental. Como o processo de licenciamento ambiental já estava regulamentado e operante, as primeiras licenças foram concedidas pelo órgão ambiental. Posteriormente foram realizadas algumas outorgas, mas ainda existem minas operando sistemas de rebaixamento apenas com a licença ambiental. O desaguamento de uma mina é uma super-explotação localizada de um aqüífero e como tal tem que ser, em primeiro lugar, submetido ao organismo de gestão das águas. A licença ambiental tem que estar limitada aos impactos ambientais que possam ser gerados pela atividade. Ao que eu saiba ninguém é obrigado a fazer EIA-RIMA para construir e explotar um poço ou uma bateria de poços, mas sim, obter a sua outorga. Independente desta questão entre a outorga e a licença, o rebaixamento do nível d'água necessita de estudos hidrogeológicos para o seu projeto, planejamento, implantação, operação e descomissionamento. Estes estudos têm que compreender também um Plano de Gestão de Recursos Hídricos, que contemple todo o período de operação do rebaixamento até a recuperação final do aqüífero. O plano de gestão é fundamental pois uma mina pode vir a ser uma excelente estrutura de manejo das águas superficiais e subterrâneas, ou gerar impactos sobre a disponibilidade dos recursos hídricos irreversíveis. Especial atenção deve ser dada a presença de rochas sulfetadas, pois estas são potencialmente geradoras de drenagem ácida e os conseqüentes impactos ambientais. Felizmente no Brasil, boa parte das mineralizações é de caráter supergênico total ou parcial. Mesmo sendo necessário lavrar o minério sulfetado, este é encontrado em profundidade e pode ser recoberto com água no descomissionamento da mina. Mas ainda assim temos problemas com minas planejadas de forma inadequada ou anti-econômicas ao considerar a recuperação ambiental. Na edição anterior deste ABAS INFORMA abordei o passo inicial de um estudo hidrogeológico voltado para o desaguamento de mina, que é o Inventário dos Pontos D'água. Fiz questão de dar uma abordagem especial ao tema porque, tem muita gente por aí falando de água subterrânea sem molhar os pés ou sem "apalpar o paciente" como me ensinou o Mestre Aldo. As ferramentas básicas para tal tipo de estudo hidrogeológico são: o mapeamento geológico de detalhe; o inventário; a rede de monitoramento; a elaboração do modelo hidrogeológico físico e o modelamento numérico. O monitoramento de recursos
hídricos superficiais e subterrâneos tanto do ponto de
vista quantitativo como qualitativo deve cobrir no mínimo um
ano hidrológico completo para subsidiar um estudo desta natureza.
Trata-se de um monitoramento de detalhe com piezômetros, vertedouros
na rede de drenagem e em surgências localizadas, análises
físico-químicas ao final dos períodos seco e úmido,
etc. Em áreas desprovidas de redes de observação
metereológica adequadas torna-se necessário também
o monitoramento meteorológico. O modelo hidrogeológico
físico e o monitoramento devem abranger os aqüíferos
afetados pelo rebaixamento e as demais unidades hidrogeológicas
adjacentes. O critério de abrangência não pode ser
eminentemente técnico, tem que considerar os possíveis
questionamentos de caráter político e as desconfianças
geradas pela magia que as águas exercem sobre os leigos. Não
é muito fácil explicar que uma determinada formação
é um aquiclude, aquifugo ou aquitardo para uma comunidade pouco
simpática a ter uma mineração como vizinho. A ferramenta adequada para
realizar o prognóstico do rebaixamento do nível d'água
é o modelamento numérico, desde o projeto desaguamento,
volumes gerados, previsão de possíveis impactos, simulação
da recuperação dos níveis e futuros manejos de
água com a estrutura deixada pela mina. O modelo é uma
excelente ferramenta para a gestão dos recursos hídricos.
Entretanto, o modelo não se aplica a todas as situações
e tampouco é infalível, mas como diz Mestre Custódio:
"minimamente te obliga a organizar muy bien sus datos". Olho: Especial atenção deve ser dada a presença de rochas sulfetadas, pois estas são potencialmente geradoras de drenagem ácida e os conseqüentes impactos ambientais |
|
Voltar | Imprimir |
Copyright © - Associação Brasileira de Águas Subterrâneas Todos os direitos reservados |