Mensagem aos Associados

Desafios do XII Congresso

O próximo congresso tem um papel muito importante no desenvolvimento futuro do conhecimento e da exploração do Sistema Aqüífero Guarani. Tem a missão de fortalecer o SAG como um tema de debate sério e pautado por um verdadeiro espírito conservacionista, retirando-o da atual situação de “consenso burro”, ou seja, um daqueles assuntos que todo mundo se acha no direito de opinar por que, na verdade, pouco se sabe, em profundidade, sobre ele.

Sei que a frase é contundente; mas, se analisarmos com espírito crítico, passaremos a verificar que muitas afirmativas feitas sobre o SAG, através da imprensa ou em meios de divulgação científica, não tem a necessária base para se constituí-rem em hipóteses ou verdades cientificamente aceitas, classificando-se mais como matéria de opinião.

Um Aqüífero Transfronteiriço é algo cujo conhecimento completo e gestão bem sucedida constituem-se em desafio de proporções magníficas e, quando levamos em consideração a área do SAG e o fato de que quatro países têm jurisdição sobre ele, em nada diminuímos a complexidade e a magnitude do desafio representado pelo compromisso de legarmos às novas gerações mecanismos ecologicamente sustentáveis de exploração deste manancial.

É fato cientificamente aceito que, mesmo quando um aqüífero individual é conhecido e gerido com o mais alto grau de precisão permitido pela conjugação da boa técnica com a abundância de recursos humanos e financeiros, o seu conhecimento nunca é dado como definitivo, pois o grau de complexidade representado por heterogeneidades faciológicas, estruturais, hidrológicas e de exploração é tal que os comportamentos locais previstos pelos modelos mais sofisticados nem sempre se confirmam, acarretando prejuízos econômicos e sociais.

A sociedade espera da comunidade da água subterrânea – e durante este XII Congresso da ABAS nós representaremos esta comunidade - uma avaliação de quanta água pode ser extraída do SAG de forma segura. A resposta que daremos à sociedade dependerá do balanço hídrico do aqüífero, da economicidade da extração de sua água, da proteção das reservas existentes, do potencial de degradação ambiental e dos impactos sociais, econômicos e políticos determinados pela sua exploração.

Para formularmos esta resposta, devemos ainda considerar a necessidade de gestão integrada das águas subterrâneas e superficiais e mesmo o potencial de recarga artificial do aqüífero. Fica patente o caráter multidisciplinar da equipe necessária, composta por hidrogeólogos, engenheiros, ecologistas, economistas e advogados, interagindo com a sociedade.

O papel de nosso Congresso é demonstrar que efetivamente estamos engajados de maneira cientificamente responsável e socialmente aceita neste processo de gestão do mais precioso recurso não renovável do planeta e que nossas contribuições são fundamentais para o sucesso deste processo de aproveitamento responsável de um dos maiores aqüíferos ainda preservados.

Não podemos falhar e não falharemos, a sociedade não aceitaria isto. Temos o engenho e os recursos necessários, que, corretamente articulados, atenderão as demandas da sociedade. Este Congresso servirá para prová-lo.

Alnoldo Giardin
Presidente Núcleo Sul