Expectativa: Santa Catarina, a capital das águas subterrâneas

Congresso quer fixar critérios e normas entre os órgãos envolvidos, visando a precaução de danos ambientais causados pela exploração desordenada dos recursos minerais, em especial as águas subterrâneas

O XII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas promete movimentar o segmento técnico e cientifico do segmento em Florianópolis, no estado de Santa Catarina. A cidade é uma das capitais do Brasil que possui a melhor qualidade de vida e sua população tem como características o elevado grau de hospitalidade. “Esse é um evento que movimenta o chamado turismo de negócios e a procura por esses congressos está sendo cada vez maior”, comenta Marise Fádia, agente de viagens.

A água, como um bem econômico e um recurso finito e vulnerável essencial para a sustentação da vida, requer uma gestão efetiva e viabilizada através de ações integradas e participativas que propiciem o desenvolvimento social e econômico com a proteção dos ecossistemas naturais. Um estudo do geólogo Ciro Loureiro Rocha faz um diagnóstico do estado em relação à gestão dos recursos hídricos. O governo de Santa Catarina destacou, entre outras prioridades, a questão da gestão e o gerenciamento dos Recursos Hídricos. O conhecimento das potencialidades, dos conflitos existentes e a capacitação e conscientização da sociedade são fatores significantes para o ordenamento e priorização de ações, sejam elas de ordem preventiva e/ou corretiva.

O estado de Santa Catarina possui, atualmente, uma população aproximada de 4.865.090 habitantes. A acentuada migração rural e o conseqüente aumento das populações urbanas trazem uma maior necessidade de água para atender aos processos industriais e de abastecimento público. Verifica-se, através da análise dos anos 80 e 90, uma acentuada migração rural-urbana, onde a densidade populacional das cidades aumentou e da zona rural decresceu. O aumento populacional das cidades traz como conseqüência uma maior necessidade de água potável capaz de suprir a demanda de abastecimento. O sistema de abastecimento caracteriza-se por utilizar 77% da captação nos mananciais superficiais e apenas 23% nos lençóis subterrâneos. Em termos de qualidade desses mananciais, os mesmos encontram-se seriamente comprometidos em decorrência da degradação ambiental ocasionada por vários fatores: lançamento de esgotos sanitários urbanos, dejetos animais, efluentes industriais, uso excessivo ou mau uso de agrotóxicos e fertilizantes, bem como os naturais (erosão).

De acordo com o geólogo, no arranjo institucional catarinense, a questão de recursos hídricos requer um aperfeiçoamento e a definição clara dos papéis de cada instituição interveniente no processo de gestão da água, bem como da efetiva implantação de um órgão específico para tratar das questões da gestão e do gerenciamento dos recursos hídricos. O estudo teve como principal objetivo reunir e apresentar dados e informações gerais que permitissem a análise integrada do componente físico, do biótico e do sócio-econômico, de modo a caracterizar a situação atual das bacias hidrográficas do estado e orientar propostas de ação para a gestão dos recursos hídricos catarinenses.

Na região oeste de Santa Catarina existem basicamente dois grandes reservatórios de água subterrânea: o Aqüífero Serra Geral e o Guarani, que será um dos temas do Congresso. O da Serra Geral é o mais utilizado na região e suas características permitem a captação de água subterrânea a custo muito menor ao da captação do Guarani, suprindo as comunidades rurais, industriais e até sedes municipais. De acordo com o levantamento de campo, foram inventariados 2.836 poços d’água, incluindo captações de fontes, poços escavados e poços tubulares. A proteção de fontes na região é uma prática muito comum e bastante disseminada, diminuindo, desta forma, a contaminação biológica nas nascentes. Dos 2.723 poços tubulares, 2.714 captam água do Aqüífero Serra Geral, com profundidades variando entre 24 a 310 metros, com média de 117,01 metros.

O Governo de Santa Catarina promete anunciar no Congresso, a assinatura de um Protocolo de Intenções visando a criação do Programa de Controle da Utilização de Recursos Hídricos Subterrâneos. O Protocolo envolverá duas Secretarias de Estado, Polícia Militar e de Proteção Ambiental, Fundação do Meio Ambiente, Ministério Público de Santa Catarina, CASAN, CREA/SC e a ABAS/SC. O objetivo é fixar critérios e normas entre os órgãos envolvidos, visando a precaução de danos ambientais causados pela exploração desordenada dos recursos naturais, através do licenciamento das atividades exploradoras, seus cadastramentos e controle das atividades, bem como a intensificação da fiscalização. O programa acabará ajudando a regulamentar vários artigos da Política Estadual de Recursos Hídricos. Segundo a secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, são abertos, por exemplo, cerca de 700 poços por ano no estado, representando um sério risco de contaminação. Por isso, uma das metas do Protocolo é delegar poderes aos municípios para que efetuem os devidos licenciamentos dos novos poços e seus cadastramentos, inclusive dos já existentes, bem como a fiscalização do tamponamento dos poços abandonados.

O XII Congresso de Águas Subterrâneas é uma promoção da ABAS - Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, juntamente com os núcleos Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. O evento acontece de 10 a 13 de setembro, no Centro de Convenções de Florianópolis, em Santa Catarina. Neste terceiro milênio, as principais instituições técnico-científicas no campo da hidrogeologia, pesquisadores, estudantes, gestores e empresários do setor vão discutir idéias de como superar os desafios associados à sua gestão, no presente e no futuro. O programa geral contempla a realização de cursos, palestras, exposições, visitas técnicas e mesas redondas que discutirão os grandes problemas e a busca continuada de soluções dos recursos hídricos subterrâneos (vide box). “Neste evento teremos a oportunidade de abordar vários segmentos da gestão das águas subterrâneas, e teremos ainda a presença de vários profissionais das mais diversas formações e especialidades, mostrando que é importante essa multidisciplinaridade para tornar a ABAS cada vez mais forte, visando atender aos interesses científicos e da sociedade”, afirmou Lauro César Zanatta, presidente do XII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas.

Trabalhos Científicos - O número de trabalhos científicos nacionais inscritos para o CABAS 2002 é superior ao da edição passada do evento. Ao todo, 166 trabalhos de 17 estados e Distrito Federal serão apresentados no Centro de Convenções de Florianópolis, Santa Catarina. Também foram inscritos trabalhos do Uruguai, Canadá, Equador, Portugal e Irã. A expectativa da ABAS é ter um número superior a mil inscrições. “Além dos trabalhos técnicos produzidos por especialistas que atuam em empresas públicas e privadas, do Brasil e do exterior, estão confirmadas as palestras por profissionais de renome internacional que atuam em países onde a água subterrânea é considerada um bem essencial à manutenção da saúde e da qualidade de vida da população. Este intercâmbio de experiências dará um brilho ainda maior ao congresso”, explicou Ernani Francisco da Rosa Filho, presidente da ABAS.

Os trabalhos serão apresentados oralmente nas sessões técnicas ou em painéis. A escolha entre a apresentação oral ou painel deverá ser inicialmente feita pelo autor e indicada no envio do artigo. O Comitê Científico elaborará o programa final, indicando as modalidades de apresentação painel ou oral. Todos os artigos serão publicados na íntegra, independentemente da sua forma de apresentação.

O tema principal dos debates será o Aqüífero Guarani, o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo, com uma extensão aproximada de 1,2 milhões de quilômetros quadrados, que abrange o Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. A população atual do domínio de ocorrência do Aqüífero é estimada em 15 milhões de habitantes. A Comissão Organizadora porém, programou palestras especiais com o diretor presidente da ANA, Jerson Kelman, sobre “Agência Nacional de Águas e as Águas Subterrâneas no Brasil”; de Alice Aureli e Shaminder Puri, da UNESCO sobre “Gerenciamento de Aqüíferos Transfronteiriços” e de Luis Ribeiro, do Instituto Superior Técnico de Lisboa sobre “Vulnerabilidade de Aqüíferos”. “O congresso vai discutir temas extremamente importantes como a questão da outorga, recarga e contaminação de aqüíferos, legislação, entre outros temas. Essas discussões vão colocar os perfuradores, geólogos e hidrogeólogos diante de uma nova fotografia do setor”, avaliou João Batista Coitinho, presidente da ABAS-SC e tesoureiro do evento.

Aqüífero Guarani - O Aqüífero Guarani é talvez o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo, estendendo-se desde a Bacia Sedimentar do Paraná – Brasil, Paraguai e Uruguai – até a Bacia do Chaco – Paraná, na Argentina, principalmente. Está localizado no centro-leste da América do Sul, entre 12º e 35º de latitude sul e entre 47º e 65º de longitude oeste. O termo Aqüífero Guarani é a denominação formal dada ao reservatório transfronteiriço de água subterrânea doce, formado pelos sedimentos fluvio-lacustres do período Triássico (245 – 208 milhões de anos) – formações Pirambóia e Rosário do Sul no Brasil, Buena Vista no Uruguai; e sedimentos eólicos desérticos do período Jurássico (208 – 144 milhões de anos) – formações Botucatu no Brasil, Misiones no Paraguai e Tacuarembó no Uruguai e Argentina. Esta denominação unificadora foi dada pelo geólogo uruguaio Danilo Anton em homenagem à nação Guarani que habitava essa região nos primórdios do período colonial. Vale salientar que este sistema aqüífero foi primeiramente denominado de Aqüífero Gigante do Mercosul, por ocorrer nos quatro países participantes do referido acordo comercial. O Aqüífero Guarani tem extensão total aproximada de 1,2 milhões de km2 , sendo que desse total 840 mil km2 estão localizados no Brasil. A Argentina possui 225,500 mil km2, o Paraguai 71,700 mil km2 e o Uruguai 58,500 km2. A porção brasileira integra o território de oito estados: Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso.

Um importante alcance social e econômico das águas subterrâneas da Bacia Sedimentar do Paraná e do Aqüífero Guarani em particular, resulta do fato de estas poderem ser consumidas, em geral, sem necessidade de serem previamente tratadas, tendo em vista os mecanismos de filtração e autodepuração bio-geo-química que ocorrem no subsolo. Aspectos relativos ao desenvolvimento e uso das funções do aqüífero são ainda incipientes. Dentre estes usos destaca-se o energético em balneários e indústrias agropecuárias. O uso da energia termal de suas águas poderá resultar em economia de kilowatts ou na cogeração de energia elétrica. Vale ressaltar, que o principal fator de risco da utilização das águas subterrâneas resulta do grande número de poços rasos e profundos que são construídos, operados e abandonados sem tecnologia adequada, devido à falta de controle e fiscalização nas esferas federal, estaduais e municipais. Nesse quadro, a poluição dos aqüíferos superiores – que ocorre, local e ocasionalmente, tanto no Brasil, Paraguai, Uruguai ou Argentina – poderá contaminar a água que é extraída dos poços profundos que captam do Aqüífero Guarani, até mesmo quando estão localizados nos seus setores confinados.

Cursos: discussão e conhecimento técnico para setor da água subterrânea

A Comissão Organizadora do Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas programou cursos de pequena duração (12 horas / aulas), que serão oferecidos durante a semana do evento. Os cursos serão realizados no período da manhã nas dependências do Centro de Convenções, com os seguintes temas: Controle de Fluxo em Aqüíferos Fissurados e Projeto de Poço. Os cursos serão ministrados por Sidnei Rostirolla, da Universidade Federal do Paraná e Thomas Hanna, da USF Johnson Filtros / USF Johnson Screens. Os valores das inscrições são de R$ 180. A realização dos cursos só será confirmada mediante a um mínimo de 15 inscrições até o dia 20 de agosto. Para conhecimento do leitor, o ABAS INFORMA traz mais informações sobre os referidos cursos:

O curso “Projeto e Manutenção de Poços Para Redução de Custos” visa transmitir conhecimento técnico e aspectos importantes do projeto, construção, reabilitação e manutenção de poços para dar maior vida útil ao poço tubular. O objetivo é também o de atualizar conceitos de vendas, especificação de projetos construtivos e programas de manutenção que aumentarão o valor agregado dos poços de água e serviços. como na maioria das vezes, os poços são construídos utilizando-se os menores valores sem levar em conta o custo total de operação e de utilização ao longo do tempo, o curso vai conscientizar perfuradores quanto aos benefícios de uma construção bem elaborada e a melhor maneira de efetuar uma manutenção preventiva. Os principais pontos que serão abordados sobre tecnologia são hidráulica básica de águas subterrâneas, testes de bombeamento, projetos eficiente, desenvolvimento com a utilização de polímeros, reabilitação e manutenção, benefícios e valor agregado como argumento de vendas, operação econômica com obtenção de alta performance. Os instrutores do curso são Mike Mehmert e Thom Hanna da Johnson Screens e Dr. John Schnieders da Water Systems Engineering e editor de artigos técnicos para a NGWA (National Ground Water Association). Conheça a seguir um parcela da experiência profissional de cada palestrante.

Thomas M. Hanna - Hidrogeologista com 20 anos de experiência na indústria de poços de água. Graduação na Michigan State University e Mestrado na Western Michigan University. Consultor na área de projetos e construção de poços de água, desenvolvimento e fornecimento de água, rebaixamento de nível de água de mineração, avaliação de recursos de águas subterrâneas. Atualmente trabalha para a Johnson Screens com Gerente Distrital.

Mike H. Mehmert - Hidrogeologista com 35 anos de experiência na indústria de poços de água. Diplomado em Geologia na Texas A&M University, é renomado expert na área de poços nos USA e projetou os novos conceitos de custo efetivo fabricação de poços. Atualmente é Diretor Comercial da divisão de Poços da Johnson Screens nos USA e de Produtos Químicos da Johnson Screens Mundial.

DR. John Schnieders - Químico de renome internacional e o proprietário da Water Systems Engineering , INC. Graduado em Química e MIcrobiologia Industrial pela University of Missouri e Sophia University, em Tókio e PhD pela Kansas State University. Tem 30 anos de experiência no estudo de microorganismos, corrosão químicas e formação de depósitos em sistemas de água. John é especialista em ‘reabilitação de poços com ênfase na formação biofilme.

O outro curso tem como título, “Controle de Fluxo em Aqüíferos Fissurados” e será ministrado pelo mestre em Geologia Estrutural, Sidnei Pires Rostirolla. O objetivo do curso é possibilitar o entendimento dos padrões de fluxo de fluidos em meios fraturados, incluindo a classificação dos diferentes reservatórios que apresentam fluxo em fraturas, as propriedades petrofísicas esperadas em meios fraturados e a previsão de zonas com potencial para descoberta ou aumento de vazão em aqüíferos. Os temas a serem abordados são: Propriedades Geológicas de Rochas; Regimes de Deformação; Componentes da Deformação e Círculo de Mohr Gênese e Propagação de Fraturas; Propriedades Geométricas de Fraturas; Propriedades Petrofísicas de Reservatórios Fraturados; Isotropia/Anisotropia em Aqüíferos; Condutividade Hidráulica em Meios Fraturados; Fluxo de Fluidos em Meios Fraturados; Interação da Porosidade na Rocha e nas Fraturas e Classificação de Reservatórios Fraturados

Sidnei Pires Rostirolla - Mestre em Geologia Estrutural (UFOP) e Doutor em Geologia Regional - UNESP/Rio Claro. Sidnei é consultor da Petrobras, da Companhia Mineira de Metais (Votorantim) e do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo). Publicou 17 artigos completos em periódicos nacionais e internacionais, mais de 40 resumos em congressos e eventos, 2 capítulos de livros e mais de 20 relatórios técnicos para empresas. Orientou ou co-orientou diversos pós-graduandos em Geologia. Especialidades: Geomatemática, Geologia Estrutural, Análise de Bacias, Exploração de Petróleo e Modelagem de Reservatórios Fraturados.

Assuntos variados nos debates das mesas redondas

As mesas redondas serão realizadas no período da tarde e vão reunir temas como Privatização / Terceirização, onde os palestrantes são Dieter Wartchow (CORSAN), João Carlos Simanke de Souza ( SABESP) e Yára Eisenbach (Secretaria de Planejamento do Paraná Mineração). O tema Mineração será debatido pelos palestrantes Agostinho Sobreiro Neto (Cia Vale do Rio Doce), Dario Valiati (DNPM) e Eber Casado de Araújo (Cia Mineira de Metais).

A discussão sobre Outorga acontece no dia 12/08 com a participação dos seguintes palestrantes: Raymundo Garrido (SRH / MMA), Volney Zanardi Júnior (DRH / SEMA) e Norberto Ramon (SUDERHSA). “A outorga de direito de uso da água é um instrumento de gestão de suma importância tanto para assegurar a disponibilidade do recurso hídrico quanto promover a sua utilização racional. Acredito que a mesa redonda levantará a discussão sobre temas importantes da gestão dos recursos hídricos subterrâneos, com ênfase na gestão integrada. Tudo isso tendo em vista que a água subterrânea é um recurso natural da mais alta importância estratégica para a solução de problemas de abastecimento de água para os mais diversos fins, principalmente o abastecimento público. Do ponto de vista ambiental, o entendimento dos mecanismos de acúmulo e circulação de água subterrânea é ferramenta essencial para análises de risco e de monitoramento de empreendimentos potencialmente poluidores”, explicou o palestrante Norberto Ramon, da SUDERHSA – Superintendência de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental.

Na seqüência, a discussão será sobre Recarga e Reuso de Aqüíferos. O presidente da mesa será o consultor Aldo da Cunha Rebouças e os palestrantes, Alvaro Lisboa (SUDERHSA), Ivanildo Hispanhol (Escola Politécnica de São Paulo) e Pedro Mancuso (Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo). No encerramento do evento, será realizada a mesa redonda Contaminação de Aqüíferos e os palestrantes são Jorge Montaño Xavier (UDELAR/Uruguai), Alexandre Herculano Abreu (Ministério Público de Santa Catarina) e Henry Corseuil (Universidade Federal de Santa Catarina).

Descendente dos caetés, índios guerreiros que comeram o Bispo D. Pero Fernandes Sardinha e 86 passageiros cuja nau que os levaria a Portugal naufragou na costa de Alagoas, Marcos Carnaúba, Secretário de Recursos Hídricos e Irrigação de Alagoas, falou com entusiasmo sobre a mesa redonda Potencialidade das Águas Subterrâneas no Nordeste que irá ministrar durante o evento. “O Nordeste é uma região privilegiada desde que os portugueses encontraram o Brasil, aportando na Bahia, tanto é que Pero Vaz de Caminha assim se expressou: “a terra é boa, e nela, em se plantando de tudo dá”. Erros de planejamento de governos sucessivos transformaram a imagem do Nordeste em um fardo - pesado, pleno de flagelados, sedentos e miseráveis- que os demais estados pensam que o carregam às costas. Há o maior rio inteiramente nacional, o São Francisco, o manancial mais representativo de água doce que poderia abastecer a população e irrigar suas terras férteis. Entendeu o País de utilizá-lo para a geração de hidreletricidade, e permitiu/fomentou a devastação de sua bacia hidrográfica. Comprometeu a navegação e a piscicultura, outrora representativas, comprometeu a irrigação de terras dentro da bacia onde só 10% da população têm saneamento básico, e por último entendeu de levar uma parcela do seu caudal para outros estados fora da bacia acenando como a salvação de milhões de outros irmãos nordestinos sedentos e famintos, fomentando assim, uma disputa de irmãos contra irmãos, também sedentos e famintos. Pesquisas hidrológicas e ambientais, mais uma vez, foram incipientes, embora sob o espelho de um belo projeto de Engenharia. Quero destacar que debaterei assuntos da região que poderia ser o celeiro do País, se os governos tivessem bom senso, questões como: Existem águas doces no subsolo do semi-árido nordestino? Há um planejamento sério de detecção desses mananciais subterrâneos visando a qualidade e quantificação de águas? Dessalinizar as águas é a solução? Qual a real potencialidade do Nordeste seco? Quais as opções para alavancar o seu desenvolvimento? Se a civilização começou em zonas áridas e semi-áridas, de climas mais hostis do que o do Nordeste, porque ele continua subdesenvolvido?”, detalhou o secretário.

Marcos realiza a mesa redonda ao lado de Fernando Carneiro Feitosa (CPRM) e Everaldo Rocha Porto (Embrapa/Pernambuco).

Feira - A Feira será o ponto alto do evento e conta com um espaço para 122 estandes e áreas especiais para máquinas e equipamentos e um pavilhão de pesquisa e desenvolvimento para as universidades. Como nos últimos eventos da ABAS, os expositores disporão de espaço, previamente agendado, nos auditórios durante o período do evento para a apresentação de seus produtos e serviços. “A Grundfos acredita que o XII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, será um excelente evento para os expositores apresentarem seus produtos. Nossa empresa vai realizar palestras compactadas buscando a interatividade com os participantes. O tema terá como base a vida real e cálculos de custo de operação, a fim de demonstrar a economia dos nossos equipamentos”, declara Gert Borrits, diretor de marketing da Grundfos do Brasil, um dos expositores do evento.

A feira contará também com a presença dos estudantes de Engenharia da Universidade Federal de Santa Catarina e futuros graduandos para atender aos visitantes e ao mesmo tempo fazerem uma aproximação com o mercado de equipamentos. O Congresso tem patrocínio do DAEE, CREA, CONFEA, FATMA, ANA (Agência Nacional de Águas), Bombas Leão, Amanco e Governo de Santa Catarina – Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente / Fundo Estadual de Recursos Hídricos, além do apoio do Ministério das Minas e Energia-DNPM- SC, Grundfos do Brasil, USF Johnson Filtros, Universidade de Santa Catarina, CASAN, Fonte Caldas da Imperatriz e UNESCO.

Visitas Técnicas - As excursões programadas pela Comissão Organizadora tem como objetivo demonstrar alguns aspectos do potencial de águas subterrâneas do aqüífero Cristalino/Fraturado do sul do País, especialmente, seu caráter termal, manifestado através de fontes. As excursões serão acompanhadas por geólogos do DNPM com ampla experiência nos aspectos enfocados. Os locais a serem visitados são Águas Mornas de Santo Amaro da Imperatriz, Gravatal e Serra do Rio do Rastro (Coluna Wite). Nesse trajeto está exposta toda a coluna da Bacia do Paraná no Sul do Brasil, desde seu embasamento (Proterozóico), sedimentos dos grupos Tubarão, Guatá, Passa Dois e Grupo São Bento (formações Pirambóia/Botucatu e os derrames vulcânicos da Formação Serra Geral). Em poucos quilômetros passa-se de uma cota próxima ao nível do mar, para mais de 1.300 metros de altitude (região de Bom Jardim da Serra).

“Os congressos da ABAS são extremamente importantes para o meio técnico-científico pois são uma oportunidade de troca de conhecimentos e experiências entre os profissionais da hidrogeologia, o que é fundamental para o desenvolvimento e crescimento desta área. Além de promover uma união e um espírito de conjunto, necessários no fortalecimento da classe dos profissionais ligados à hidrogeologia e também divulgação do recurso água subterrânea. E estas ações abrem novas perspectivas tanto na área de pesquisa assim como de mercado. Em relação ao congresso deste ano especificamente, acredito que serão colocadas importantes contribuições para o sistema de gerenciamento dos recursos hídricos no Brasil, que vem avançando nestes últimos anos, mas que se esquece da água subterrânea em alguns momentos. No gerenciamento dos recursos hídricos é necessário que nos adiantemos em relação aos problemas, ao invés de corrermos atrás para consertar os erros. E este congresso, com tema principal sobre os aqüíferos transfronteiriços, deve trazer importantes contribuições para que nossos passos caminhem nesta direção de proteger importantes recursos, nos adiantando a eventuais problemas futuros. Além disso, ver o crescimento da qualidade dos trabalhos apresentados a cada evento que ocorre também traz muita satisfação. Gostaria também de aproveitar para expressar meus agradecimentos à coordenação da comissão organizadora por me permitir esta oportunidade de fazer parte deste importante evento e parabenizar pelo trabalho realizado”, explicou satisfeita, Mara Akie Iritani, membro da Comissão Técnico-Científica do XII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas.

Olho: A água subterrânea é um recurso natural da mais alta importância estratégica

Inscrições - As inscrições deverão ser efetuadas através de depósito na conta corrente 5286-8 da agência 2809-6 do Banco do Brasil, em nome da ABAS - Associação Brasileira de Águas Subterrâneas. A validação de sua inscrição se dará através do envio do comprovante de depósito, acompanhado da ficha de inscrição devidamente preenchida para a secretaria do evento no fax (11) 3104-6412. As empresas que efetuarem três ou mais inscrições terão desconto de 10% sobre o total a pagar. Mais informações no site www.acquacon.com ou pelo e-mail cabas@acquacon.com.br.

Olho: Lauro César Zanatta: “Neste evento teremos a oportunidade de abordar vários segmentos da gestão das águas subterrâneas”

Olho: O tema principal dos debates será o Aqüífero Guarani, o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo, com uma extensão aproximada de 1,2 milhões de quilômetros quadrados, que abrange o Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina

Eleições na reta final: expectativa toma conta dos concorrentes

Debates, visitas técnicas, exposições e muita disputa... Isso mesmo! O XII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas também será palco da disputa entre as chapas Integração e Renovação, encabeçadas pelos candidatos Joel Felipe Soares, de São Paulo (Integração) e Humberto José de Albuquerque, do Rio de Janeiro (Renovação). Pela primeira vez, em 23 anos de existência da ABAS - Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, ocorre a disputa entre duas chapas buscando a presidência da Associação. “Estou certo que o processo eleitoral fortalecerá de maneira significativa a ABAS, e uma vez concluído, retornarão todos a posição de unanimidade em defesa dos objetivos da organização”, enfatizou Arnaldo Correia Ribeiro, diretor da Hidrocon.

A apuração dos votos será realizada no dia 12 de setembro, no Centro de Convenções de Florianópolis e a expectativa é muito grande entre as chapas concorrentes. “Acho que a disputa será bastante acirrada, mas num processo como esse não há vencedor ou perdedor. O que conta é o futuro e o trabalho pela nossa ABAS. Apesar das chapas estarem bastante equilibradas, acredito na nossa vitória”, entusiasma-se Humberto de Albuquerque, candidato da Chapa Renovação. A expectativa também é muito grande entre os membros da Chapa Integração. “É difícil avaliar, teremos que fazer um bom trabalho durante o Congresso de Florianópolis. Nossa expectativa é o aumento do associado no processo eleitoral. Acho que numa disputa como esta todos são vencedores, mas nossa expectativa é da vitória”, afirmou o candidato Joel Felipe Soares.

Atualmente a ABAS conta com um quadro de 1.434 associados e nas eleições anteriores a participação não ultrapassou 25% do quadro associativo. Para a comissão eleitoral formada pelos geólogos Carlos Eduardo Giampá e Silvério de Abreu Santos, a participação dos associados deve ser surpreender com um aumento significativo. As eleições são válidas para o Biênio 2003/2004. Nas últimas edições do ABAS INFORMA o leitor acompanhou o perfil dos candidatos, composição das chapas e os planos de trabalho. A disputa tem dado o que falar por ser um fato inédito: é a primeira vez que duas chapas concorrem ao pleito. “Preciso manifestar o meu agrado e satisfação de integrar esta equipe. Acho que estamos com um bom programa, grandes profissionais e, também, uma grande tarefa pela frente: o trabalho em prol das águas subterrâneas”, comentou Suely Mestrinho, membro da Chapa Renovação. Maria de Fátima Gouveia, membro da Chapa Integração tem posição similar. “Como participante da administração da ABAS desde o início, me sinto bastante lisonjeada em integrar essa chapa. A ABAS tem facilitado a votação através de correspondência, mas é muito importante o voto direto, o contato pessoal e o clima eleitoral, fatores fundamentais para o desenvolvimento do processo democrático”, afirmou.

O enfoque da Chapa Integração está diretamente relacionado aos princípios éticos e funcionais de uma associação como a ABAS, buscando a união dos núcleos regionais

Já para os integrantes da Renovação, a chapa significa recolocar a ABAS sobre bases associativistas e democráticas a serviço do conjunto dos associados e da sociedade para o desenvolvimento do setor de águas subterrâneas no Brasil.

A composição de cada chapa foi discutida e estudada, reunindo profissionais de todas as regiões do Brasil. “A Chapa Renovação tem uma proposta audaciosa: pretendemos elaborar uma carta principal com todas as sugestões da comunidade técnico-científica brasileira para estudos referentes ao Aqüífero Guarani. Nossa intenção é buscar o desenvolvimento da sustentabilidade ambiental e sócio-econômica do país, tendo como base a preocupação com o desenvolvimento do setor das águas subterrâneas”, destacou Luis Amore, membro da Chapa Renovação. Para a chapa concorrente, a participação é fundamental. “Nossa chapa é bem estruturada e todos os participantes são qualificados e entusiastas”, disse João Carlos Simanke de Souza, membro da chapa Integração.

Anuidade - Os sócios em dia com a anuidade já receberam por correio a documentação que permite o voto por correspondência até dia 30 de agosto. Para os novos sócios e pagamentos de anuidade efetuados entre os dias 30 de julho e 30 de agosto, habilitarão o sócio a votar durante a Assembléia Geral Ordinária a se realizar no dia 12 de setembro, em Florianópolis. Quem se afiliar após o dia 30 de agosto só poderá votar na próxima eleição. Lembre-se, não importa quantas anuidades estejam em atraso, o pagamento da anuidade 2002 regulariza a situação do associado. Mais informações pelo telefone (11) 3104-6412 ou pelo mail info@abas.org.

Olho: “Todos os participantes são qualificados e entusiastas”

Olho: “Estamos com um bom programa, grandes profissionais”

Como votar por correspondência?

Todo associado já recebeu via correio, da ABAS-Sede, uma correspondência com os seguintes documentos: 01 cédula de votação com as respectivas chapas, 01 ficha de identificação do associado com seus dados pessoais (nome, endereço, matrícula e categoria) - este documento possui um carimbo da ABAS 2002, assinatura e 02 envelopes (um em branco e pequeno, e outro grande onde está postado o endereço da ABAS-Sede).

Para efetuar a votação assinale um “X” em uma das chapas: Integração ou Renovação. Vote em sete membros do Conselho Deliberativo, independentemente da chapa e escolha três nomes do Conselho Fiscal da mesma forma.

Para que seu voto tenha validade, envie sua ficha de identificação e sua cédula de votação junto ao envelope postado (grande). O voto deverá estar reservado no envelope pequeno, acomodado dentro do envelope postado. Lembre-se você deve rubricar sua ficha de identificação no quadro que consta seus dados.

O prazo limite para a votação por correspondência é até o dia 30 de agosto. Por isso não deixe para remeter seu voto na última hora, tenha o cuidado de postar sua correspondência com no mínimo de 72 horas de antecedência.

Parceria prevê divulgação da ABAS em jornais

A ABAS fechou uma parceria com os jornais O Estado de São Paulo e A Notícia de Florianópolis, tendo como propósito fomentar negócios no setor das águas subterrâneas e divulgar o XII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas. A parceria com O Estadão tem um cunho comercial e de comunicação, prevendo a inserção de anúncios no caderno agrícola e no painel de negócios, veículos com tiragem média de 320 mil e 400 mil exemplares. Os anúncios serão veiculados em cinco edições (07/08; 14/08; 21/08; 28/08 e 04/09).

Para todos os participantes deste projeto serão oferecidos preços especiais para anúncios com descontos de mais de 60%. A ABAS terá semanalmente um espaço especial, com matéria e logo, buscando a divulgação do trabalho institucional, além do Congresso de Florianópolis.

O Jornal A NOTÍCIA publica no dia 03 de setembro, um caderno especial com informações sobre o XII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, considerando os seguintes aspectos: a cidade, local do evento, programação do Congresso, os aqüíferos transfronteiriços e as águas subterrâneas em Santa Catarina, no Brasil e no Mundo. Informações pelo telefone: (11) 3104-6412

 
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