O outro congresso As águas subterrâneas estão de
parabéns! O Congresso da SBG não é um fórum privilegiado de trabalhos em hidrogeologia, mas acabei tendo a grata surpresa com o número de comunicações apresentadas sobre o tema, principalmente considerando que na semana anterior havia ocorrido o CABAS e que estávamos há pouco mais de um mês do Congresso da Associação Internacional de Hidrogeólogos e da Associação Latino Americana de Hidrogeologia para o Desenvolvimento (ASLHUD). No total foram apresentados 43 trabalhos, uma palestra e uma conferência, tendo como tema principal ou secundário a hidrogeologia. Os trabalhos de hidrogeologia estavam distribuídos nos seguintes simpósios: ¨Geoquímica ambiental, com 8 trabalhos A conferência ministrada pelo Prof. Dr. José do Patrocínio Tomaz Albuquerque (UFPB-CNPq) foi intitulada Gestão das Águas Subterrâneas em Bacias Hidrográficas. Albuquerque foi também o coordenador do Simpósio de Recursos Hídricos. A palestra do Simpósio de Recursos Hídricos
foi proferida pelo Prof. Dr. Jaime Cabral (UFPE), que falou sobre aspectos
técnicos e científicos da gestão integrada das
águas subterrâneas. Cabral descreveu as principais leis
que têm regulado as águas subterrâneas desde o Império
e teceu considerações sobre gestão das águas
subterrâneas, a partir de exemplos brasileiros. Se uma das críticas que circulava pelo Simpósio da ABRH era de que não havia uma integração de fato entre as águas superficiais e as subterrâneas, o mesmo se ouvia nos corredores do Congresso da SBG, falta de integração entre a hidrogeologia e a geologia. Como se elas pudessem ser dissociadas. O melhor exemplo disso é como o tema hidrogeologia foi tratado. O que inicialmente eu havia classificado como uma falha na organização, em pulverizar o tema hidrogeologia em oito simpósios; isso mostrou como ela está presente nas diversas áreas do conhecimento geocientífico. Muitos dos trabalhos de contaminação de água subterrânea foram apresentados por grupos de geoquímica. O trabalho no Simpósio de Geologia do Quaternário e Neotectônica tratou de enfocar o fluxo de água subterrânea em meios fraturados. O Simpósio de Tecnologias teve trabalhos de hidrogeologia que faziam uso de sistemas geográficos de informação (SIG), assim como o de isótopos, as técnicas radioativas aplicadas à água subterrânea. Um simpósio bastante interessante foi da Educação em Geologia no Século XXI: Estamos Construindo uma Cultura Geológica? Houve neste simpósio discussões interessantes sobre o currículo das escolas em geologia e se este está sendo adequado em atender os profissionais formados por ela. Ressalto este tema, por ser um que os hidrogeólogos deveriam se debruçar. Estamos formando bons hidrogeólogos? O que as escolas de geologia deveriam ensinar para o profissional que trabalhará em hidrogeologia? Outro tema tratado por vários congressistas foi o flúor nas águas subterrâneas e seus impactos à sociedade. Este foi debatido nos simpósios de Geoquímica e de Recursos Hídricos. Mas muito embora o mote do Congresso da SBG fosse A Geologia e o Homem (e as Mulheres?), faltou ainda uma discussão forte e dirigida sobre o futuro da geologia. Em um congresso de geologia onde o tema era o Homem, falou-se ainda muito de geologia e pouco da sociedade... Ricardo Hirata é professor do Instituto
de Geociências da USP, pesquisador do CEPAS- IGc-USP. |
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