O Estado de Sergipe é formado por 75 municípios, incluindo a capital Aracaju. Cerca de 75% da água consumida, fornecida pela Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO), provém de mananciais superficiais, cujo maior percentual, cerca de 62% é oriundo do Rio São Francisco, a maior captação é realizada a 96 km de distância de Aracaju, no município de Propriá, região integrante do Baixo São Francisco.

O Rio São Francisco vem há décadas sendo espoliado e degradado a partir de lançamentos realizados ao longo de suas margens e afluentes, inclusive absorvendo a maior parte dos esgotos e descartes industriais da capital do Estado de Minas Gerais (Belo Horizonte), sem falar dos resíduos perigosos produzidos pela irrigação intensiva, que “lava” para o rio grande parte dos chamados minerais pesados, constituintes dos defensivos agrícolas largamente utilizados nos perímetros irrigados, que pululam suas margens. Considerando que o Estado de Sergipe se situa no Baixo Rio São Francisco, recebendo toda poluição, e/ou, contaminação produzida ao longo do rio, situação agravada principalmente após a construção da usina hidroelétrica de Xingó, que reduziu (regularizou!!!) drasticamente a vazão à montante da barragem, possibilitando uma maior concentração dos poluentes, sobre maneira nos períodos de pouca chuva, freqüentes na região.

A preocupação aumenta significativamente, quando se observa a inoperância e descaso das autoridades federais, que ignoram olimpicamente os problemas enfrentados por um estado pequeno, pobre e de pouca relevância política, seguramente pela quantidade pequena ou até mesmo insignificante de votos que possui. Falar-se em transposição do Rio São Francisco, sem considerar sua indispensável revitalização, só agravará o problema, tendo em vista que a conseqüente diminuição da vazão do rio provocará aumento da concentração de poluentes. Tal ato me parece escárnio com o povo de Sergipe, pois, tal atitude pode condenar grande parcela dos sergipanos a um futuro triste, consumindo água contaminada.

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