Visão Otimista

O mercado de hidrogeologia de contaminação no Brasil é hoje um fato consumado. Grande parte dos profissionais de geologia sai de seus cursos para ingressar no mercado de trabalho como hidrogeólogos de contaminação, significando que deverão dedicar seus esforços no sentido de aplicarem conceitos básicos de hidrogeologia de fluxo de água subterrânea, além de terem de aprender quase todo o transporte de contaminantes e métodos de campo nas próprias empresas, uma vez que os cursos ainda não se adaptaram a esta nova demanda.

Este mercado tem como força propulsora a existência de legislação específica e de técnicos de órgãos ambientais que as implementem. Tudo isso é um processo educacional e toda educação exige necessariamente tempo. Portanto, o que se tem hoje no país é um quadro desigual, com alguns estados liderando o processo de fiscalização e controle, mas com uma evolução rápida dos demais, uma vez que o nível de solicitação da sociedade tem se mostrado elevado.

Há ainda um desnivelamento tanto entre os técnicos dos órgãos de controle quanto entre as empresas prestadoras de serviço. Como em qualquer mercado, algumas empresas procuram manter-se na fronteira do conhecimento, da mesma forma como o fazem os órgãos de controle. Quanto maior o nível de conhecimento, maior o nível de exigência. O restante do mercado vai praticamente a reboque, procurando atualizar-se para poder atender o nível de exigência. Nesta corrida, temos tanto empresas nacionais quanto estrangeiras no mercado. Por tratar-se de um mercado novo e atraente, várias empresas internacionais entraram no país, quer através do início de escritórios próprios (alguns poucos casos), quer através da compra ou fusão com empresas locais (vários casos). As empresas nacionais que perseveram no mercado são aquelas que já se estabeleceram e possuem a capacidade financeira e administrativa de manter-se na fronteira do conhecimento. Há ainda as pequenas empresas que estão apenas se iniciando (que se diferenciam pouco de prestadores de serviço autônomos). As empresas internacionais aqui presentes procuram reproduzir o que os mercados internacionais já apresentaram, com uma vantagem de se evitarem erros já cometidos anteriormente. Em qualquer das situações, tanto empresas nacionais quanto estrangeiras, ainda há uma grande demanda por profissionais qualificados, não disponíveis na quantidade e qualidade solicitada por essa demanda.

O foco dos hidrogeólogos atualmente pode ser tanto a hidrogeologia de contaminação quanto a hidrogeologia de produção de água. Por ser a água um bem cada vez mais valioso (2003 é o ano internacional da água), tanto a sua recuperação quanto a sua produção são valorizadas. Assim como é valorizada sua preservação. Hoje a preocupação com a prevenção a contaminação é uma cultura empresarial importante, uma vez que acidentes que possam gerar contaminação implicam necessariamente em gastos e redução de lucros. Mais do que isso, implicam em crime ambiental.

Os campos da hidrogeologia levam a uma valorização do mercado de produção de água, uma vez que os poços deverão seguir padrões de qualidade mais rígidos, associados a um conhecimento ambiental maior, para que os aqüíferos sejam considerados parte do meio ambiente como um todo. Isso significa valor agregado. Excelente para o mercado de hidrogeologia. É uma visão otimista a que antecipamos para a hidrogeologia no país neste início de século.

Dr. Everton de Oliveira
Ph.D. é Professor-colaborador do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo e sócio-diretor da HIDROPLAN - Hidrogeologia e Planejamento Ambiental S/C Ltda. (everton@hidroplan.com.br)

 

 
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