Rio de Janeiro: desafios técnicos para a gestão e o uso sustentável dos aqüíferos

XIII Encontro Nacional de Perfuradores de Poços junta esforços para divulgação das águas subterrâneas no Brasil. O evento traz pesquisa científica, discussão e a presença de legisladores e autoridades governamentais da área de gestão.

erca de 97% da água doce disponível para uso da humanidade encontra-se no subsolo, na forma de água subterrânea. No entanto, pelo fato de ser um recurso invisível, a grande maioria das pessoas, incluindo governantes e políticos, nunca a levam em consideração quando falam em água. É comum encontrarmos ambientalistas militantes que, por conhecerem muito pouco este recurso, têm diminuído sua intervenção social. Na literatura sobre meio ambiente utilizada no ensino brasileiro, verificamos que a água subterrânea ocupa um espaço muito pequeno, ficando a ênfase maior com as águas superficiais.

No entanto, grandes cidades brasileiras já são abastecidas, total ou parcialmente, por água subterrânea. No Estado de São Paulo estima-se que 75% das cidades são abastecidas por poços. Ribeirão Preto é um bom exemplo de uma grande cidade onde a água subterrânea tem sido bem gerenciada, garantindo o abastecimento de toda a população com uma água de ótima qualidade. Nos Estados do Paraná e Rio Grande do Sul, 90% das cidades são abastecidas por águas subterrâneas. Os estudos apontam muitas vantagens das águas subterrâneas em relação às águas superficiais:

¨ São mais protegidas da poluição;
¨ O custo de sua captação e distribuição é muito mais barato. A captação pode ser próxima da área consumidora, o que torna mais barato o processo de distribuição;
¨ Em geral não precisam de nenhum tratamento, o que, além de ser uma grande vantagem econômica, é melhor para a saúde humana;
¨ Permitem um planejamento modular na oferta de água à população, isto é, mais poços podem ser perfurados à medida que aumente a necessidade, dispensando grandes investimentos de capital de uma única vez.
A água subterrânea, apesar de muito importante, não é suficiente para abastecer grandes centros populacionais, situados em áreas de aqüíferos pobres, como é o caso do Rio de Janeiro. No entanto, é um complemento importante à água superficial. Poucos sabem, mas, mesmo na cidade do Rio de Janeiro, há muitas indústrias que só usam água subterrânea. Nas duas últimas décadas houve um grande crescimento do uso deste recurso no Brasil, mas estamos longe dos níveis de uso e gerenciamento alcançados pelos países da Europa e os Estados Unidos.

Pensando nisso, a ABAS Rio de Janeiro realiza de 23 a 26 de setembro, o XIII Encontro Nacional de Perfuradores de Poços e I Simpósio de Hidrogeologia do Sudeste. A proposta é agregar ao tradicional evento, a mostra das novidades tecnológicas, a troca de experiências e o know-how do setor de águas subterrâneas com a apresentação da produção científica e os resultados dos trabalhos de hidrogeologia regional. “A comunidade tem participado ativamente nas sessões técnicas, apresentando trabalhos de ótimo nível técnico-científico, que tem sido de grande valia para melhor conhecimento da hidrogeologia de nosso País. Os temas apresentados refletem as condições atuais das nossas águas subterrâneas, ou sejam, assuntos ligados às diferentes formas de detecção, monitoramento e tratamento de aqüíferos poluídos/contaminados, gestão de aqüíferos continentais, qualidade das águas e potencialidade de aqüíferos, entre outros”, explica Uriel Duarte, membro da comissão Técnico-científica. Para o também membro da Comissão Científica, Aldebani Braz (UFMG) a participação de toda a comunidade de água subterrânea é muito importante. “Peço a participação todos, pois o conhecimento e a experiência de cada um devem ser difundidos para a comunidade”.

O tema central do evento, “Desafios Técnicos para a Gestão e o Uso Sustentável dos Aqüíferos” sintetiza o momento atual, em que os diferentes segmentos do setor de águas subterrâneas juntam-se ao esforço geral de implantação da legislação de recursos hídricos no país. Nesse sentido, o evento propiciará a presença da pesquisa científica e da área produtiva em conjunto com legisladores e autoridades governamentais da área de gestão.

A primeira mesa redonda terá como debatedores o Secretário Nacional de Recursos Hídricos, Sr. João Bosco Senra, o Deputado Fernando Gabeira, relator do Projeto de Lei 1616/1999, que regulamentará a Lei Nacional de Recursos Hídricos, propiciando a oportunidade de uma audiência do setor de águas subterrâneas com os poderes legislativo e executivo nacionais. O tema é Águas Subterrâneas e a Legislação de Recursos Hídricos. “A comunidade ligada aos temas hidrogeológicos tem-se mostrado bastante ativa e receptiva, havendo grande expectativa quanto ao evento e seus desdobramentos, em particular para a Hidrogeologia fluminense, que vem tendo muita expansão nos últimos anos. Felizmente estamos já ultimando os preparativos para o Encontro de Perfuradores, tendo havido grande mobilização das autoridades estaduais do Rio e municipais (Petrópolis), graças ao empenho de nossos colegas Aderson Marques (presidente da comissão organizadora) e André Monsores (presidente do Núcleo RJ). E o melhor, a presença de várias autoridades ligadas aos recursos hídricos e ao meio ambiente já está confirmada”, avisa o coordenador técnico do evento, Gerson Cardoso da Silva Jr.

O evento - As Palestras Técnicas contemplarão determinadas áreas de interesse para a gestão do uso da água subterrânea, a cargo de especialistas nos assuntos tratados, visando definir os fundamentos para a elaboração de normas e legislações. Assim, o tema Rebaixamento do Nível d ‘Água em Minerações e Obras Civis terá como palestrante o Geólogo Antônio Carlos Bertachini, enquanto o especialista Neil Mansuy discorrerá sobre “Os Problemas Ambientais da Proliferação de Ferro-bactérias em Poços”. Outros temas relevantes para a legislação, como Recarga Artificial de Aqüíferos e a controvérsia legislativo-conceitual Águas Minerais e Águas Subterrâneas serão tratados por pesquisadores e estudiosos dos assuntos. Por outro lado, haverá palestras voltadas para o setor de prestação de serviços e consultoria como Uso do Fraturamento Hidráulico em Estimulação de Poços, Novas Técnicas de Identificação e Remediação de Contaminações e Considerações sobre o Fluxo e a Captação em Meio Fissural e Potencialidade das Águas Subterrâneas na Baixada Campista.

Sessões técnicas - As Sessões Técnicas foram escolhidas obedecendo a lógica de abordagem de assuntos relacionados ao tema central do Encontro e do Simpósio, alternados com temas de interesse mais imediato para a atividade de pesquisa e captação de água subterrânea e para as novas áreas de atuação profissional como estudos de contaminação. “Os trabalhos constituem contribuições das várias áreas de atividade dos Hidrogeólogos, bastante equilibrados entre os temas propostos para o evento. Há alguns trabalhos sobre avanços em técnicas exploratórias, relativos a equipamentos e metodologias de perfuração, outros sobre estudos de potencial hidrogeológico de áreas específicas, mas talvez a maior ênfase recaia sobre temas do meio ambiente: contaminação, vulnerabilidade de aqüíferos, etc. A temática de aplicação do conhecimento hidrogeológico na solução de problemas do meio ambiente, em particular os ligados aos vazamentos de hidrocarbonetos de petróleo e também os estudos para avaliação dos recursos hídricos subterrâneos no sudeste e em particular no estado do Rio de Janeiro são alguns assuntos a serem debatidos no evento”, destaca Gerson.
E Uriel Duarte deixa um recado a todos os associados: “Aos participantes deste encontro/simpósio nossas sinceras felicitações por acreditarem na valorização do conhecimento deste importante bem mineral, as ÁGUAS SUBTERRÂNEAS”.

A comissão organizadora preparou quatro cursos: Projetos de Poços, Testes de Bombeamento e Fluídos de Perfuração, Desenvolvimento e Manutenção. Os cursos serão realizados no Palácio Quitandinha entre os dias 24 e 26 de setembro, no período da manhã. A realização de cada curso depende da existência de um mínimo de 15 alunos inscritos até o dia 10 de setembro.

Durante a realização do Encontro, destaque para o Painel Rio de Janeiro, onde serão apresentados os principais estudos e projetos hidrogeológicos recentemente executados ou em execução no Estado. Ao lado de toda essa programação técnica também acontece a tradicional Feira de Produtos e Serviços do setor de água subterrânea, com a participação de empresas privadas e públicas. A realização desses dois eventos simultaneamente disponibilizará uma soma significativa de informações de grande valor, além de proporcionar o congraçamento de todos os participantes. “Haverá trabalhos de todos os estados do Sudeste brasileiro e de todo o Brasil. Mas o que diferencia este evento dos anteriores é a maciça presença e mobilização da hidrogeologia fluminense. Como coodenador técnico, convido todos os colegas hidrogeólogos, estudiosos e usuários da água subterrânea em geral a comparecerem ao nosso Simpósio de Hidrogeologia do Sudeste e Encontro Nacional de Perfuradores de Poços, que será riquíssimo em informações e debates sobre temas atuais das águas subterrâneas. Ademais, Petrópolis se prepara para recebê-los de braços abertos para usufruir do encantos da serra”, afirma Gerson.

Inscrições - As inscrições deverão ser efetuadas através de depósito bancário na conta corrente 5374-0, da agência 2809-6, do Banco do Brasil. O depósito deve ser em nome da ABAS ou por meio dos cartões de crédito VISA, AMEX ou SOLLO. A validação da inscrição se dará pelo envio do comprovante de depósito, acompanhado da ficha de inscrição devidamente preenchida para a secretaria do evento no Fax (11) 3104-6412. As empresas que efetuarem três ou mais inscrições terão desconto de 10% sobre o total a pagar. Somente poderão se inscrever na categoria ESTUDANTE, os estudantes de graduação e os de pós-graduação em regime de tempo integral.

O XIII Encontro Nacional de Perfuradores de Poços tem patrocínio do DAEE, Dancor, Trionic, Casa do Perfurador e Bombas Leão. O evento também conta com o apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, CREA-RJ, Águas Brasil, Secretaria de Estado de Energia, Indústria Naval e do Petróleo, Prefeitura de Petrópolis, DRM-RJ, Petrópolis Convention e Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis.

À noite, a cidade é rodeada de prazeres por todos os lados, há programas para todas as idades

Cultura e Turismo - Sobrevoando o Rio, qualquer visitante fica maravilhado com a beleza dos contornos da Baía e dos morros desta linda cidade, adornada por um pôr do sol deslumbrante e uma iluminação que desperta exclamações. Da Praia do Flamengo ao Recreio dos Bandeirantes, o Rio possui uma seqüência de 14 lindas praias, pontilhadas de ilhas como a de Paquetá, a Fiscal e a de Brocoió, situadas na Baía de Guanabara. E as Ilhas Rasa, Comprida e Grande, que podem ser vistas durante um passeio panorâmico de ônibus ou carro, tendo de um lado, o mar azul e, do outro, verdes morros e bairros residênciais. O Cristo Redentor abençoa a cidade do alto do Corcovado, de onde se descortina um dos mais belos panoramas do mundo, abrangendo a Lagoa, os bairros da zona sul e norte, o centro da cidade e a Baía de Guanabara que tem, como seu guardião, o Pão de Açúcar, um dos mais belos cartões postais do País. À noite, a cidade é rodeada de prazeres por todos os lados, há programas para todas as idades.

Já o XIII Encontro de Perfuradores de Poços será realizado em Petrópolis. Principal rota de passagem entre Rio de Janeiro e Minas Gerais, Petrópolis acabou por seduzir Dom Pedro II pelo clima e beleza da Mata Atlântica. Em 1830, o Imperador adquiriu a Fazenda do Córrego Seco, dando origem à cidade, fundada em 16 de março de 1843, ganhando um arrojado plano urbanístico. Características desse projeto podem ser apreciadas ainda hoje, quando se caminha pelas ruas do Centro Histórico, outrora sede do Córrego Seco e em cujo coração encontra-se o Museu Imperial e tantos outros atrativos.

“Este evento vai superar todas as expectativas...”

Muito atencioso e extremamente prestativo, Aderson Marques Martins (DRM-RJ), coordenador de evento falou ao ABAS informa sobre a expectativa do 13º Encontro de Perfuradores de Poços. Aproveitou a oportunidade e contou sobre as novidades do encontro e de quebra, convidou toda a comunidade de águas subterrâneas a prestigiar o evento do ano.

O que a comunidade de águas subterrâneas pode esperar do evento?

A comunidade de águas subterrâneas, constituída pelo universo das empresas de perfuração de poços e serviços afins, incluindo os profissionais da área de consultoria, professores e pesquisadores de universidades e toda a gama de profissionais ligados aos ramos de atividades podem esperar deste Encontro, em primeiro lugar, uma oportunidade para esclarecimento a respeito de uma série de questões que pairam sobre as nossas cabeças, em função da implantação da legislação de recursos hídricos. Questões não apenas de ordem jurídica, como também técnicas voltadas para a viabilização do objetivo maior da legislação que é a condução das atividades de forma ambientalmente equilibrada. Neste sentido o próprio tema central “Desafios Técnicos para a Gestão e o Uso Sustentável dos Aqüíferos” define bem o objetivo a alcançar. O tema das mesas redondas e palestras técnicas, bem como os palestrantes e debatedores escolhidos indicam bem o nível e a qualidade das apresentações e debates. Por outro lado, haverão palestras sobre determinados temas de maior complexidade, a cargo de especialistas como o caso dos efeitos ambientais do rebaixamento do nível d’água em minerações e obras civis e a proliferação de ferro-bactérias em poços. Além do tema legal-institucional, da maior importância para o setor, o público presente terá, como sempre, a oportunidade de conhecer os ultimas avanços da ciência e da técnica hidrogeológica em matéria de locação e projetos de poços, identificação e remediação de contaminações de aqüíferos, geofísica e o desenvolvimento tecnológico da perfuração e construção de poços e equipamentos de bombeamento e monitoramento do comportamento hidráulico de aqüíferos e poços. Em terceiro lugar a comunidade terá a oportunidade de fazer a tradicional confraternização em uma das mais belas cidades brasileiras, onde o clima serrano se combina com a presença da exuberante vegetação de Mata Atlântica, em uma época do ano em que a primavera enfeita esse cenário. Em Petrópolis os congressistas poderão experimentar a sensação da convivência com o espirito descontraído do carioca, mesmo dentro de um cenário arquitetônico tradicional.

Quais as novidades dessa edição?

Uma das novidades, sem dúvida, será a realização concomitante do I Simpósio de Hidrogeologia do Sudeste, fazendo eco à experiência dos colegas do Nordeste de evento conjunto com o Encontro Nacional de Perfuradores de Poços. A realização deste e de outros simpósios reflete o crescimento da atividade da hidrogeologia no país e a nova qualidade com que se revestem os trabalhos em que as pesquisas vêm ganhando maior relevo em relação àprodução de águas subterrâneas através de poços, com destaque para os trabalhos de identificação e remediação de contaminações de aqüíferos e a para a área ambiental como um todo. Uma outra novidade deste encontro será a realização de um evento paralelo, de caráter comunitário. Este evento, organizado em parceria com Prefeitura Municipal de Petrópolis e o DRM-RJ, terá por objetivo, aproveitando a presença dos especialistas na cidade, expor e debater junto a ONGs, associações de moradores e estudantes, o manejo dos recursos hídricos e em especial as águas subterrâneas, direcionando para os cuidados em relação à proteção sanitária de poços tubulares profundos e domésticos. Será lançada na ocasião uma cartilha sobre Poços Domésticos e cuidados sanitários com a água em geral. Este evento será realizado no Palácio de Cristal, um museu e centro cultural, também um dos locais turísticos da cidade.

Como estão os preparativos finais?

O Núcleo Rio de Janeiro e a Comissão Organizadora do evento estão trabalhando em conjunto. Além da divulgação em jornais, revistas, rádios e TVs, empenhamos em montar parcerias com órgãos estaduais que trabalham com os recursos hídricos e água subterrânea em particular, como o Departamento de Recursos Minerais (DRM-RJ), a Secretaria de Energia, Indústria naval e Petróleo (SEINPE), a SERLA, a FEEMA, a secretaria de estado de Agricultura, a Emater-Rio e o Conselho Estadual de Recursos Hídricos e Comitês de Bacia, além de instituições importantes com sede no Rio de Janeiro como a PETROBRÁS e a CPRM. Não podemos deixar de falar da valiosa colaboração da Prefeitura de Petrópolis e também das Universidades, através dos seus departamentos que trabalham com a questão da água como o Laboratório de Hidrologia da COPPE, o Departamento de Geologia da UFRJ e a Rede de Pesquisas em Águas Subterrâneas - RESUB. Uma Sessão Técnica especial, denominada PAINEL RIO DE JANEIRO será destinada a apresentação dos trabalhos de hidrogeologia realizados ou em realização no estado, bem como lançamento de livros e publicações.

E quanto aos patrocinadores?

Apesar do momento de relativo aperto econômico vivido pelo país, os tradicionais patrocinadores e expositores estarão presentes em boa proporção neste Encontro que terá, pela primeira vez a participação de uma instituição como a Petrobrás, hoje como um setor de atuação relativamente expressivo em hidrogeologia, na área ambiental e de contaminação por derivados de petróleo e investindo na área social do governo como o programa Fome Zero. Alguma empresas privadas do Estado se farão representar com maior realce como a Dancor e a Cervejaria Petrópolis, por exemplo.

Como será a abertura??

A abertura contará com a presença de várias personalidades e autoridades de governo estadual e federal, a começar pelo Presidente de Honra do Encontro, o Secretário de Estado de Energia Industria Naval e Petróleo, Dr. Wagner Victer. São esperados também o Secretário nacional de Recursos Hídricos, Dr. João Bosco Senra , do Deputado Fernando Gabeira, relator do Projeto de lei de Regulamentação da Lei 9433/97, de secretários de Estado, prefeitos e presidentes de instituições como CPRM, Petrobrás, DNPM e outras. Haverá também a apresentação do Coral As Garotas de Petrópolis, sendo a cerimônia encerrada com um coquetel.

Qual a expectativa de público?

Estima-se em torno de 400 delegados vindos e outros estados, entretanto, a existência no Estado do Rio de três Universidades com cursos de Geologia, além de outras com cursos de pós-graduação em hidrogeologia e o interesse que desperta a água nos dias de hoje, é possível que se exceda essa expectativa.

Mensagem aos participantes...

Desejo que todos tirem o melhor proveito de sua participação neste evento como também dos dias que passarão na magnífica Petrópolis, situada tão perto da cidade do Rio de Janeiro, que, apesar de tudo, continua sendo a Cidade Maravilhosa. Petrópolis, com suas características de cidade pequena, porém nem tanto, e com toda uma infra-estrutura de serviços urbanos, certamente propiciará um ambiente tranqüilo para o transcurso do Encontro e Simpósio. A Abas Rio de Janeiro espera que todos guardem uma ótima lembrança deste Encontro. Aguardamos vocês!

Rio realiza estudos hidrogeológicos dos recursos hídricos subterrâneos

Um estudo Hidrogeológico desenvolvido pela CPRM tem como finalidade prover o Estado do Rio de Janeiro e a sociedade de subsídios e informações essenciais para a proteção e gerenciamento do uso das águas subterrâneas da área fluminense da bacia do rio Paraíba do Sul. O trabalho permitirá conhecer as potencialidades das águas subterrâneas da bacia, no que diz respeito à quantidade e qualidade, bem como a vulnerabilidade natural dos aqüíferos à poluição, estabelecendo critérios e instrumentos para a atuação do Estado consoante modelo adotado pela legislação vigente sobre recursos hídricos.

Os principais objetivos são a execução do mapeamento hidrológico da bacia em escala de 1:100.000, identificando os aqüíferos principais e suas potencialidades quanto a qualidade e quantidade; cadastramento de poços tubulares, identificando suas características físicas, vazões, aqüíferos captados, níveis d’ água, qualidade química e usos da água;determinar a vulnerabilidade natural dos aqüíferos aos processos de contaminação; determinar a qualidade das águas subterrâneas mediante campanha de amostragem dos parâmetros físico-químicos e bacteriológicos; além de propor dispositivo legal para gerenciamento do uso das águas subterrâneas, criando um sistema de outorga, monitoramento, controle e proteção da quantidade e qualidade desses recursos.

Justificativa - A problemática da água vem-se tornando crucial no mundo. Geopolíticos, durante a ECO-92, estimavam que a água potável se tornaria tão importante como o petróleo, podendo tornar-se objeto de disputas internacionais. A água doce de mais fácil acesso ao homem (rios, lagos e águas subterrâneas) representa tão somente cerca de 0,62% da água do planeta, já que 2,14% estão retidos nas calotas polares. O problema agrava-se com a progressiva deterioração das águas de superfícies, causada por diversas fontes poluidoras, tais como rejeitos industriais, esgotos urbanos e agroquímicos. Nesse contexto, as águas subterrâneas têm significado estratégico, tanto por sua localização em profundidade - o que não as torna absolutamente imunes à poluição - quanto por perfazerem 98% da água doce acessível.

A bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul abriga uma população de 2,2 milhões de habitantes que depende essencialmente de seus recursos hídricos disponíveis. Também, serve ao sistema de abastecimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, contribuindo com 160 m3/s para o Sistema Guandu. O rio Paraíba do Sul e seus afluentes recebem, além das águas servidas dos Estados de São Paulo e Minas Gerais, as contribuições de esgotos sanitários in natura de todas as concentrações urbanas da região e dos despejos industriais de quase 700 indústrias de pequeno, médio e grande porte. Soma-se a isto a ausência generalizada de destinação adequada dos resíduos sólidos gerados, desmatamento, erosão do solo, acidentes com transporte de cargas tóxicas e o uso indevido e não controlado de fertilizantes e agrotóxicos.

Por isso, as águas subterrâneas impõem-se como grande alternativa, merecendo, por parte do Estado, atenção no que se refere a seu planejamento, proteção, uso e controle. Um dos primeiros passos neste sentido diz respeito ao conhecimento de como essas águas se distribuem quantitativa e qualitativamente no subsolo. O estudo hidrogeológico vai gerar produtos que constituirão um primeiro instrumento disponível para o gerenciamento nessa área, tanto no que se refere ao aproveitamento dessas águas como para a adoção de políticas de preservação ou conservação. O programa é dividido em três etapas:

Mapeamento Hidrológico - Os principais objetivos desta etapa serão a identificação e caracterização dos aqüíferos no que se refere às suas reservas ou potencialidades, vulnerabilidade à poluição e qualidade da água. Para isso, a carta hidrogeológica da área da bacia deverá ser acompanhada de determinadas cartas temáticas importantes para o gerenciamento, tais como mapas de densidade de fraturas e drenagens, de qualidade das águas e de vulnerabilidade dos aqüíferos. A escala do mapa de 1:100.000 deverá ser ampliada para determinadas áreas consideradas mais problemáticas no gerenciamento, o que se deve ao grau de vulnerabilidade, ao uso da água subterrânea ou estágio de poluição, etc.

Cadastramento de Poços Tubulares - Nesta etapa deverão ser cadastrados todos os poços tubulares profundos existentes na área do Projeto. O cadastro deverá ser georreferenciado e dele deverão constar as características hidráulicas e os parâmetros hidrodinâmicos dos poços, perfis litológicos e estratigrafia, aqüíferos captados e dados de construção dos poços. Nesta etapa, também deverá ser adquirido software que permita, por meio de modelagem, realizar simulações quanto ao comportamento dos aqüíferos e aos efeitos da poluição e/ou aumento de captações (superexploração do aqüífero). Tal dispositivo se tornará uma ferramenta de gerenciamento.

Formulação de Legislação para o Gerenciamento, Proteção e Outorga de Água Subterrânea - Nesta etapa deverão ser analisadas as diversas legislações estaduais e internacionais sobre gerenciamento de água subterrânea, visando a elaboração de proposta de um dispositivo legal integrado e compatibilizado com a legislação vigente sobre recursos hídricos no Brasil no Estado do Rio de Janeiro. A proposta deve contemplar uma política de proteção e outorga do uso das águas subterrâneas. Nesta etapa está prevista a organização de seminários e produção de material educativo para divulgar a importância das águas subterrâneas e a necessidade de sua conservação.

O custo total para implementação e execução do Projeto é de R$ 2 milhões. A coordenação do Projeto e do DRM/RJ, com a participação da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), além da participação das universidades sediadas no Estado, que vêm desenvolvendo trabalhos na área de hidrogeologia, alguns em conjunto com DRM/RJ.

 

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