Educação a Distância: Uma possibilidade de aperfeiçoamento e capacitação continuada para profissionais do mercado de águas subterrâneas

Em nossos dias é comum nos acordarmos e, praticamente, de forma automática temos de nos deparar com algum tipo de atividade que compreenda a utilização de recursos com alta tecnologia. Isso acontece muito mais freqüentemente do que nos damos conta, é o micro-ondas de última geração, a televisão de tela plana e cristal líquido, cheio de botões dos quais não utilizamos a metade, o telefone celular, o vídeo autoprogramável, o DVD, a máquina fotográfica digital, o computador e muitos outros equipamentos que utilizamos para o atendimento das nossas necessidades na condição de homem pós-moderno. Na vida profissional as coisas não são muito diferentes. Quando chegamos ao trabalho é comum a prática daquela conversinha do café, do bom dia, do despertar para mais uma jornada de atividades e muitas informações, sobretudo, porque a primeira coisa que fazemos, efetivamente, é ligar o computador, acessar a Internet, entrar no programa de correio eletrônico e, deliciosamente, começamos a abrir os e-mails que estão em nossa caixa. Sobre isso, temos que admitir que junto do pacote de contatos interessantes de negócios, também chegam as tradicionais mensagens indesejadas. Todavia, esse problema é facilmente resolvido quando apertamos a tecla delete do PC para exclusão do inconveniente. Tudo isto nos leva a crer que estamos definitivamente imersos no mundo da multimídia.

Para os mais jovens isso não significa uma inquietação, porém há muitas pessoas que estão no mercado de trabalho que se sentem profundamente angustiadas, imersas num enorme problema ao se defrontarem com essa condição. Nossa reflexão ao produzirmos este texto, propõe uma discussão do que pode ser feito para aliviar essa sensação de desconforto frente às rápidas mudanças. Quais seriam as alternativas para vencer tal problema? A primeira alternativa diz respeito à criação de uma cultura de reconhecimento de que a tecnologia está posta para facilitar grande parte das nossas atividades durante o trabalho, daí a importância dos empresários investirem, cada vez mais, na promoção da formação continuada de seus colaboradores, independentemente da função que ocupam na hierarquia empresarial. O segundo desafio leva a desconstrução do mito, que para que nos utilizemos dos equipamentos, é necessário o conhecimento de todos os seus componentes internos. E, o terceiro, e talvez o mais importante dos paradigmas, seria o de internalizar a noção de que o conhecimento está dentro de cada um de nós, faltando apenas, o reconhecimento que no mundo globalizado leva a novas formas de acesso ao saber, marcando uma nova ordem do aprendizado.

Para Paulo Freire (1980), o conceito de conhecimento diz respeito à condição de “saber melhor o que se faz” investigando e pesquisado os problemas existentes para que se busque soluções inteligentes, facilitadoras que transcendam, implicando em inovação. Dezenove anos depois de Freire, o francês Pierre Lévy (1999), considerado o filósofo da cibercultura, constatou que a respeito da velocidade e do surgimento da renovação dos saberes ( savoir-faire ), pela primeira vez na história da humanidade, a maioria das competências adquirida por uma pessoa no início do seu percurso profissional estará obsoleta no fim de sua carreira. Coerentemente com a primeira das suas constatações, segue em frente com a reflexão, apontando que há uma segunda constatação que diz respeito à natureza do trabalho. Para ele a transação de conhecimentos não pára de crescer nunca. Assim, as atividades que compreendem nossa rotina de trabalho levam, cada vez mais, ao ato de aprender, de transmitir saberes e, conseqüentemente, a produção de conhecimentos. Sobretudo, porque reconhece o ciberespaço como sendo um lugar virtual, onde se suportam tecnologias intelectuais que são capazes de modificar as funções cognitivas humanas no trabalho, como por exemplo: a memória, atualmente apresentada em bancos de dados, em hiperdocumentos, em arquivos digitais de todos os tipos, coisa que anteriormente ficava restrita ao intelecto humano; a imaginação que permite a realização de atividades de simulação, capazes de minimizar altos custos na fase de testes aplicados em produtos e processos, fazendo com que se melhorem as condições humanas nessas atividades de trabalho industrial; a percepção que contempla novos formatos de sensores digitais, de telepresença, de realidades virtuais que inauguram novas profissões e novas exigências para o mercado; e os raciocínios da inteligência artificial, e da modelização de complexos fenômenos.

Educação a distância - A educação a distância consiste em um processo de ensino-aprendizagem que é mediado por tecnologias onde professores e alunos ficam separados espacialmente. Todavia, apesar de não estarem juntos, estão de certa maneira conectados pela Internet, pelo correio, televisão ou rádio. Nessa modalidade de aprendizagem o professor é alguém que media o ensino distancialmente, em cursos ou formações complementares que sejam adequadas à garantia do fluxo do conhecimento e, nessa perspectiva, as pessoas estão conectadas através das tecnologias da comunicação. Uma questão importante da educação a distância é sua possibilidade de formação continuada que se dá em um processo constante, levando a aprender sempre, de aprender em serviços específicos que juntam teoria e prática, propondo a reflexão das experiências profissionais, ampliando-as com novas informações, habilidades e relações.

A proposta deste texto é de conscientizar empresários e colaboradores das empresas do setor de águas, de que vivemos em uma intensa fase de transição, que possibilita as organizações a quebrarem as limitações de aperfeiçoamento de suas equipes, transpondo para o virtual, as adaptações do ensino presencial no predomínio de uma formação de interação virtualizada. Compreender tal transação faz com que se comece a passar dos modelos predominantemente individuais para os modelos grupais de educação a distância. O projeto ‘Formação de Formadores’ que abordaremos na última parte este texto possibilitará um rápido avanço, que será condicionado às trocas de experiências ao esclarecimento de dúvidas sobre as informações técnicas que inferirão nos resultados qualitativos da formação de recursos humanos no segmento do mercado das águas subterrâneas.

Proposta viável - No atual mercado globalizado as empresas de perfuração precisam se estruturar para aumentar a competitividade frente às demais empresas do país e do exterior. Isto significa que elas devem utilizar seus recursos, tanto os humanos quanto os físicos, de uma maneira mais eficiente e eficaz para que possam enfrentar um mercado de competição e concorrência. Tal condição possibilitará a otimização dos seus pontos fortes no desenvolvendo de alianças e parcerias colaborativas com outras instituições e organizações. Diante dessa premissa sugere-se que a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, enquanto uma associação e atendimento a classe, se mantenha atenta às rápidas transformações do mercado, no desenvolvimento da proposta do “Projeto de Formação de Formadores”. O principal intuito do projeto é promover a melhoria da capacitação técnica dos profissionais (gerentes, administradores, diretores e colaboradores) integrantes destas empresas. Tal proposta pode ser aplicada em todo contexto nacional, através da oferta de cursos de capacitação para o mercado na modalidade a distância, em regime semipresencial. O projeto está em fase embrionária e foi esboçado pela equipe da Perfuradores.com em parceria com a ABAS, Núcleo Santa Catarina, sob o apoio da Câmara da Indústria e Comércio da ABAS Nacional, tendo como principais objetivos:

- Formar formadores multiplicadores para integrar conhecimentos das novas tecnologias de perfuração de poços nos processos de construção, manutenção e equipamentos;
- Conhecer as diferentes normas de construção de poços e a utilização de novas tecnologias em perfuração de poços tubulares profundos;
- Oferecer subsídios para a capacitação profissional e treinamento no âmbito das empresas de perfuração
- Contribuir para a criação de uma cultura de formação continuada nos ambientes empresariais, privilegiando a construção do conhecimento de forma coletiva e cooperativa.

A justificativa em desenvolver um projeto dessa natureza é significado de um movimento de intensa investigação na busca de melhorias, visando resultados positivos no âmbito de mercado de águas, pressupondo o ideal de “fazer mais e melhor seguindo parâmetros de certificação, qualificação e legalidade” em consonância com os ideais do Programa de Credenciamento de Qualidade ABAS. Assim como em outros segmentos de mercado o mercado de águas subterrâneas, sofreu no ano de dois mil e três os reflexos da crise econômica mundial. Isto posta, há que se levar em conta à necessidade de propor com urgência a saída para a crise no investimento de recursos de capacitação e formação profissional para preparar este mercado, de modo que possa intervir competentemente em momentos futuros que se assemelhem ao vivenciado no ano que se encerra.

Constata-se que o governo federal é a grande mola propulsora no desenvolvimento de programas e políticas estratégicas que indicam as diretrizes da economia nacional. Com a criação das ações relacionadas ao Programa Fome Zero, estima-se que o mercado de águas passará por um crescimento geométrico, nos próximos anos, quando se compreende que o consumo humano de água é uma condição necessária para a manutenção dos organismos vivos. E, nesse sentido, há necessidade da mudança de paradigma por parte dos gestores empresariais envolvidos diretamente com a ABAS.

Coerentemente com sua missão, a associação poderá desenvolver novas ações multiplicadoras, utilizando-se das potencialidades e da excelência profissional dos seus membros em todo país, propondo um novo conceito na geração de recursos humanos para o compartilhamento e gerenciamento técnico-empresaial. Isto faz com que se criem subsídios, estratégias e ferramentas capazes de oferecer benefícios às empresas do setor da perfuração, através de atividades participativas desencadeadas pelas suas Câmaras Setoriais e bases estruturais.

Numa velocidade imensurável os meios de comunicação estão cada vez mais presentes nos ambientes onde crescem as novas gerações. É por meio deles que temos acesso à realidade das coisas e fatos vivenciados. Nossa visão de mundo, da história e do homem está intimamente ligada à visão imposta pelos meios e a realidade que vivenciamos hoje, apontando para a necessidade de profissionais capazes de lidar com um universo extenso de informações, afim de que estejam (re)significando seus conhecimentos. A articulação de um Curso de Formação de Formadores na modalidade a distância, em regime semipresencial, administrado pelos núcleos regionais da ABAS garantirá a alimentação e disseminação de informações sobre a perfuração de poços, na forma cooperativa de redes de informação.

A metodologia de trabalho no projeto que se faz referência terá o gerenciamento da ABAS Nacional, com integração dos seus Conselhos, Fiscal e Deliberativo e, de suas Câmaras Setoriais. Os agentes executores serão os Núcleos Regionais que elegerão os responsáveis pelo contato direto com as empresas que manifestarem interesse em sua aplicação.

Para execução do projeto será disponibilizado, no site da ABAS um link destinado ao Curso de Formação de Formadores para o mercado de poços. No referido espaço estarão disponíveis todas as informações necessárias para o bom funcionamento do trabalho.

As obrigações da ABAS-Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, na oferta dos cursos em ambiente virtual de ensino serão:

- Construir ambiente de Formação Continuada na forma de sala de aula virtual;
- Selecionar os membros que atuarão nas atividades junto aos Núcleos Regionais;
- Disponibilizar o programa do Curso Formação de Formadores em seus veículos de comunicação;
- Buscar fomento para o desenvolvimento do projeto;
- Administrar os recursos, bem como distribuí-los, conforme a demanda de oferta;
- Efetuar uma campanha de divulgação do projeto;
- Buscar a união das empresas fornecedoras do setor para a cooperação de informações;
- Coordenar o trabalho de consultoria e suporte para o bom andamento do projeto;
- Buscar a participação das empresas de perfuração em todo Brasil;
- Assegurar o funcionamento adequado do sistema interativo;
- Incentivar o profissional que estará efetuando a capacitação em lócus;
- Administrar o esquema de logística em caso de material impresso;
- Conferir certificação para as empresas participantes como parte do programa de credenciamento de qualidade empresarial, em parceria com universidades.

Conclusão - Nota-se que com a Internet caminhamos para ser audiovisual, para transmissão em tempo real de som e imagem e assim, cada vez será mais fácil fazer integrações mais profundas entre multimídias acessando simultaneamente os conteúdos do programa ou bancos de dados. Tais possibilidades que se abrem com o Projeto Formação de Formadores são fantásticas, sobretudo porque com a criação de um ambiente virtual no site da ABAS, muitos outros cursos poderão ser realizados a distância atendendo a atualização, formação, capacitação ou extensão profissional, diretamente proporcional ao número de pessoas envolvidas. Desta forma, a ABAS possibilitará a mediação da formação a distância com possibilidade de interação on line. No futuro, outras organizações oferecerão tecnologias avançadas com cursos de qualidade, integrando propostas inovadoras, com foco na aprendizagem e uso de tecnologias, em alguns casos em momentos presenciais, em outros de ensino on line. O movimento leva ao condicionamento de um ritmo pessoal e personalizado, contudo a mutação não é uniforme nem fácil, mudaremos aos poucos, pois é difícil mudar padrões já adquiridos nas organizações, nos governos, nos profissionais e na sociedade. Por isso, é da maior relevância captar o recado dado nessa produção e possibilitar a todos o acesso às tecnologias, à informação significativa e ética com a mediação de processos inovadores.

Heloisa Helena Leal Gonçalves
Coordenadora de Pós-Graduação e Pesquisa da Unifebe- Centro Universitário de Brusque, Diretora do Portal de Águas Subterrâneas www.perfuradores.com.br

 

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