Dra. Luciana Viana Amori
DEMa/CCT/UFCG

Geól. Eugênio Pereira
System Mud Indústria e Comércio Ltda.

Saiba como corrigir as bentonitas de qualidade inferior e quanto custa

No artigo mês passado mostramos a situação das bentonitas da Paraíba que após 4 décadas de exploração têm algumas de suas variedades exauridas, mas que ainda representam 96% da produção nacional. As poucas variedades que restam, em sua maioria, não atingem a especificação PETROBRAS. A qualidade do minério caiu bastante. A diferença entre o que o perfurador utiliza hoje e o que recebia há dez anos é considerável. Agora, ele é obrigado a usar mais e a baixa qualidade dos produtos prejudica o fluido de perfuração. Com efeito, uma grande concentração de bentonita no fluido prejudica o envoltório do poço, reduzindo sua permeabilidade.

A pergunta que fica é: como resolver isto?

Certamente, bentonitas de outras localidades mais cedo ou mais tarde, começarão a aparecer. A Argentina tem uma boa perspectiva em qualidade e volume. Outros depósitos existentes no Brasil poderão passar a ser economicamente viáveis. E não podemos esquecer que temos ainda reservas para 30 anos na Paraíba. O que temos que fazer neste momento é corrigir a bentonita fora de padrão. Felizmente, isto é possível fazer isto em campo, na hora de preparar o fluido de perfuração.

Os estudos da Universidade Federal de Campina Grande confirmaram que a aplicação de aditivos poliméricos é a solução mais simples e barata. Os polímeros incrementam a viscosidade do fluido de bentonita e ajudam no controle de filtrado e reboco que são os parâmetros inadequados das bentonitas atuais. A questão é definir qual polímero usar, como aplicar e em que quantidade. O custo do aditivo também é fundamental. A boa notícia aqui é que o aditivo tem custo menor do que a bentonita que seria utilizada a mais. E ainda que a presença do polímero transforma o fluido em algo muito melhor. Um fluido bentonítico aditivado com polímeros sempre será melhor que qualquer outro de bentonita somente, mesmo que seja o da melhor bentonita que exista.

Confira:

Quadro 1: Viscosidades aparente (VA) e plástica (VP) e volume de filtrado (VF) dos fluidos preparados apenas com bentonitas comerciais da Paraíba.

Observem que neste estudo apenas uma amostra de bentonita atingiu o padrão PETROBRAS, a denominada de D. A outras bentonitas necessitam de correção. No Quadro 2 abaixo encontram-se os resultados obtidos com as mesmas amostras após a adição do polímero Carboximetilcelulose (CMC), aditivo fabricado especialmente para Fluidos de Perfuração.

Quadro 2: Viscosidades aparente (VA) e plástica (VP) e volume de filtrado (VF) dos fluidos bentoníticos aditivados com 0,4 g/L de CMC (CELUTROL HV-1)
Apenas uma concentração de 0,40 g/L é suficiente para elevar as viscosidades e reduzir o volume de filtrado, tornando o fluido adequado. Este teor tem custo estimado em R$ 7,00/m³ de fluido. Custo inferior ao de um saco de bentonita na maioria das regiões do Brasil. '

Aplicação do CMC
A aplicação do CMC no fluido de perfuração é muito simples, desde que se tenha uma boa agitação. Na seqüência de fotos abaixo podemos observar que o polímero é aplicado lentamente, sendo polvilhado sobre o fluido bentonítico, como tempero na comida. Rapidamente, este vai adquirindo viscosidade e as características favoráveis de filtrado e reboco. Em poucos minutos, o fluido está pronto para ser usado. (figuras 1, 2 e 3)

Controle de pH
O controle de pH não é necessário na maioria das vezes. A bentonita tem pH de 9,8 e corrige automaticamente a água de preparação. Somente em casos de águas com excesso de dureza (> 80 ppm) que teremos que aplicar de 300 a 700 g/m³ de barrilha leve ou bicarbonato de sódio. Neste caso, a barrilha leve dever ser adicionado à água, antes da adição da bentonita.

Bentonitas industriais com polímeros
Ofertas de bentonitas de altíssimo rendimento aditivadas com polímeros, ou seja, a bentonita já sai da fábrica contendo polímero, podem aparecer. Ao perfurador, resta analisar qual o melhor custo-benefício, se a soma da bentonita mais o polímero adicionados em campo ou o custo do quilo da bentonita aditivada com polímero. Por exemplo, se gastamos R$ 14,00 para fabricar um m³ de fluido adicionando 25 kg de bentonita (1 saco) e 0,4 kg de CMC, a bentonita aditivada com polímero terá que custar no máximo R$ 0,60/kg. E assim por diante.


 

 
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