“Quero estabelecer um sistema
de classificação das águas subterrâneas...”
Para o secretário de recursos Hídricos,
a gestão das águas subterrâneas, apesar de todos
o esforços, encontra-se ainda incipiente na maioria das legislações
estaduais e, praticamente, inexistente em nível federal...
Depois de muitos contatos, o ABAS informa conseguiu uma entrevista com
o Secretário Nacional de Recursos Hídricos, Dr. João
Bosco Senra, integrante do Secretaria de Recursos Hídricos. Em
dez perguntas, respostas consistentes e um balanço das ações
e propostas para o segmentos de águas subterrâneas...
Responsável pela formulação e
condução da Política Nacional de Recursos Hídricos,
quais os resultados que a SRH pode contabilizar no primeiro ano do Governo
Lula?
Face aos enormes desafios que temos que enfrentar, já é
possível mensurar diversos resultados satisfatórios que
temos conquistado. Acho importante ressaltar o revigoramento da função
precípua da SRH/MMA junto ao núcleo estratégico
de governo, enquanto formuladora da política nacional de recursos
hídricos. Nesse sentido, tivemos avanços significativos
no aumento da participação e do controle social, e na
inserção da tranversalidade no bojo de nossas ações,
a exemplo da duplicação do número de membros do
Conselho Nacional de Recursos Hídricos, passando de 29 para 57
representantes. Tivemos três dos nossos programas considerados
prioridades de governo junto ao PPA 2004/2007, que são o Plano
Nacional de Recursos Hídricos - PNRH, o Programa de Ação
Nacional de Combate à Desertificação – PAN
e o Programa Água Doce. Conseguimos intensificar o apoio aos
Estados na implementação de políticas de recursos
hídricos, bem como na estruturação e no fortalecimento
dos sistemas nacional e estaduais. Mais especificamente em relação
às águas subterrâneas, realizamos, em 2003, o primeiro
Encontro Técnico Inter-Regional em Teresina-PI, quando foram
estabelecidas importantes articulações e planos de trabalho
conjunto com os secretários estaduais de recursos hídricos
do Nordeste e diversos órgãos como a CPRM, o DNPM, a EMBRAPA,
a PETROBRÁS e o IBAMA, que têm ações relacionadas
com as águas subterrâneas no Brasil. Foram iniciadas negociações
para a celebração de diversos Termos de Cooperação
Técnica, inclusive com a ABAS Nacional e foram desenvolvidos
os procedimentos para a transferência da Coordenação
da execução Nacional do Projeto Aqüífero Guarani
para esta Secretaria, em virtude do seu caráter de formulador
de política e do momento de articulação institucional
e de negociação social. Como resultado fundamental temos
o fortalecimento e a integração de ações
do governo voltadas para a gestão e o conhecimento técnico
dos aqüíferos brasileiros, sempre respeitando a dominialidade
das águas subterrâneas.
A Gestão dos Recursos Hídricos, no contexto
da Política Nacional de Recursos Hídricos, tem metas a
alcançar em 2004 e até o final deste Governo?
Nossas principais metas vão de encontro às diretrizes
de governo e do Ministério do Meio Ambiente, que são o
aumento da participação e do controle social sobre a gestão
das águas, a inserção da questão hídrica
e ambiental no seio das políticas de governo, melhorando o aspecto
da transversalidade, e o fortalecimento do pacto federativo em torno
do compromisso com o desenvolvimento sustentável. O avanço
com relação a essas diretrizes são indicadores
do cumprimento de nossas metas, e isso se traduz, por exemplo, no fortalecimento
da Política e do Sistema Nacional de Recursos Hídricos,
bem como em sua maior integração com a gestão ambiental.
No que respeita às águas subterrâneas, almejamos,
especialmente no processo de desenvolvimento do Projeto Aqüífero
Guarani, um aumento significativo da transparência e da participação
social, dada a sua dimensão e importância para as sociedades
brasileira e sul-americana, principalmente neste momento de fortalecimento
da nossa integração regional e do Mercosul.
Dentro do Programa de Águas Subterrâneas – PAS, como
avalia, hoje, a gestão, a proteção ambiental e
o desenvolvimento sustentável dos aqüíferos brasileiros,
inclusive o Guarani, o maior e mais importante?
A gestão das águas subterrâneas, apesar de todos
o esforços, encontra-se ainda incipiente na maioria das legislações
estaduais e, praticamente, inexistente em nível federal. No entanto,
no CNRH já temos Resoluções importantíssimas
para o encaminhamento da gestão integrada das águas subterrâneas,
como a Resolução n. 15, que trata da inserção
das águas subterrâneas na gestão integrada dos recursos
hídricos; a Resolução n. 22, que trata da inserção
das águas subterrâneas nos Planos de Recursos Hídricos
de forma não pontual, mas contextualizada; a resolução
n. 29, que trata da normatização da outorga em mineração
e outras em discussão. Por outro lado, a proteção
ambiental deve ser integrada e sistêmica, sendo importante uma
atuação conjunta dos três níveis de governo
(federal, estadual e municipal) e entre os diversos setores como saneamento,
saúde, agricultura, turismo etc, de forma que sejam possíveis
o uso sustentável dos aqüíferos e o desenvolvimento
necessário ao País. O PAS tem a grande missão de
tentar construir um desenho de gestão integrada, partindo-se,
obviamente, de uma orientação geral para a gestão
local dos recursos hídricos subterrâneos, sobretudo, no
direcionamento de políticas públicas envolvendo, concomitantemente,
a atuação de todos os atores possíveis, fundamentalmente
a sociedade civil.
Sobre a classificação das águas
subterrâneas, como se encontram, hoje, os estudos e as diretrizes
nesse sentido?
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, no âmbito
da Câmara Técnica de Águas Subterrâneas –
CTAS, deverá iniciar estudos e debates visando a elaboração
de resolução com o intuito de estabelecer uma base técnica
para a classificação de águas subterrâneas,
tendo em vista que o sistema de classificação das águas
brasileiras estaria relacionado somente à qualidade da água.
Existe um consenso, na esfera da CTAS, de que a classificação
das águas subterrâneas com base somente na qualidade não
seria suficiente para uma boa gestão desses recursos no País.
Para este caso, em especial, as condições hidrogeológicas,
a vulnerabilidade dos aqüíferos e os usos preponderantes
são muito importantes. Critérios conceituais e técnicos
são instrumentos fundamentais para a boa gestão das águas
subterrâneas.
Quais são os planos, os programas e os projetos
nacionais referentes a águas subterrâneas, águas
superficiais e águas minerais?
Em relação às águas subterrâneas,
desenvolvemos cinco projetos vinculados ao Programa Nacional de Águas
Subterrâneas – PAS, que têm como objetivo a construção
de um arcabouço gerencial das águas subterrâneas
no Brasil, ampliando os conhecimentos hidrológicos básicos
para a gestão e o uso sustentável dos aqüíferos,
bem como oferecendo subsídios para a formulação
de políticas públicas das águas subterrâneas
integradas com as políticas nacional e estaduais de recursos
hídricos. Os projetos integrados ao PAS são o Aqüífero
Guarani, o Parnaíba Subterrâneo, os Aqüíferos
do Semi-Árido, o Projeto Nascentes e o ISARM, que envolve os
aqüíferos transfronteiriços. Dentre os nossos programas,
o Plano Nacional de Recursos Hídricos - PNRH é a maior
prioridade do governo federal para este ano. O PNRH vem sendo construído
com uma visão ampla e integrada dos recursos hídricos
do País tanto em relação às águas
superficiais como em relação às águas subterrâneas.
Outros programas prioritários e que também vêm sendo
construídos com base na participação social, são
o Programa Água Doce, que tem como objetivos a oferta de água
de boa qualidade mediante a utilização de tecnologias
sustentáveis de dessalinização e aproveitamento
de rejeitos em sistemas produtivos locais, e o Programa de Ação
Nacional de Combate à Desertificação – PAN,
que visa a redução do nível de crescimento das
áreas desertificadas e em processo de desertificação
no Semi-árido brasileiro, atendendo às exigências
da Conferência das Nações Unidas de Combate à
Desertificação e Mitigação dos Efeitos da
Seca, da qual o Brasil é signatário. Com relação
às águas minerais, o tema vem sendo amplamente debatido
no âmbito da Câmara Técnica de Águas Subterrâneas
do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH/CTAS.
Um dos focos principais de interesse e de discussão corresponde
à necessidade de integração da gestão das
águas minerais com a gestão dos recursos hídricos
em geral. A Câmara Técnica de Águas Subterrâneas
do CNRH está promovendo um seminário em Brasília
sobre o tema, nos dias 11 e 12 de agosto, quando serão tratadas
as questões econômicas, técnicas, institucionais
e legais relacionadas às águas minerais, contribuindo
para se chegar a conclusões articuladas que nortearão
as resoluções a serem seguidas.
Principal fórum de discussão, que resoluções
mais importantes o Conselho Nacional de Recursos Hídricos –
CNRH está para aprovar, seguindo as diretrizes da PNRH?
Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos definir as
prioridades de aplicação dos recursos oriundos da cobrança
pelo uso da água, tanto a conhecida como ‘condominial’,
efetivada até o momento apenas na bacia do rio Paraíba
do Sul, quanto a do setor elétrico, compulsória a todas
as Usinas Hidrelétricas – UHEs no País, com exceção
das Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs. Com isso, o
CNRH analisou em sua última reunião plenária, uma
proposta de Resolução que aprovou as prioridades de aplicação
desses recursos pela Agência Nacional de Águas para o ano
de 2005. E isso será feito, também, para os próximos
anos. O importante é ressaltar que a proposta de deliberação
foi elaborada após consulta feita aos próprios comitês
de bacias hidrográficas em rios de domínio da União
e à Agência Nacional de Águas, os quais encaminharam
documentos à Secretaria Executiva do Conselho, onde indicaram
suas prioridades de aplicação desses recursos, um processo
transparente na gestão das águas no Brasil. A Resolução
também cria um Grupo de Trabalho, integrado por representantes
da Câmara Técnica de Cobrança pelo Uso de Recursos
Hídricos – CTCOB e da Câmara Técnica de Assuntos
Legais e Institucionais – CTIL, com as atribuições
de promover a articulação com os Comitês de Bacia
afim de detalhar as prioridades de aplicação dos recursos
provenientes da cobrança no setor elétrico, contemplando
ações contidas nos programas constantes do Projeto de
Lei do Plano Plurianual 2004/2007, para o exercício de 2005;
e acompanhar, no Congresso Nacional, a aprovação e execução
do Projeto de Lei Orçamentária Anual para o exercício
de 2005.
Contra o desperdício de água, que atinge
índices elevados nas empresas de saneamento – na Cedae
está acima dos 40% -, o que a SRH e o CNRH pretendem fazer? Nas
demais empresas do setor, quais são os índices conhecidos,
hoje, de perdas diárias?
No Brasil, pela aparente abundância do recurso água, o
problema do seu desperdício sempre foi relegado a segundo plano.
Atualmente, com a pressão nacional e internacional de países
e setores atingidos pela escassez de água, o desperdício
veio à tona das discussões com a participação
intensiva da opinião pública, que começa a entender
a água como um bem de uso comum, finito e essencial à
vida. Essa aparente abundância da água no País incentivou
uma arraigada cultura de desperdício. Cabe ressaltar que, no
caso das empresas de saneamento, o desperdício não é
diretamente pago pelo consumidor, pois a medição é
realizada na entrada do ponto de consumo. Dessa forma, é de esperar
um grande interesse dessas empresas em evitar o desperdício nos
seus sistemas de distribuição da água até
o consumidor. Por sua vez, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos
– CNRH e a Secretaria de Recursos Hídricos – SRH/MMA,
por intermédio da Câmara Técnica de Ciência
e Tecnologia, têm realizado debates para a elaboração
de uma proposta de Resolução sobre reúso de água
não potável, em utilizações menos nobres.
Nessa resolução pretende-se classificar e organizar essa
atividade já praticada no Brasil e intensamente aplicada em países
de clima árido e semi-árido. O reúso de água
se constitui em prática de racionalização e de
conservação de recursos hídricos, conforme princípios
estabelecidos na Agenda 21, podendo tal prática ser utilizada
como instrumento para regular a oferta e a demanda de recursos hídricos.
Ainda no âmbito do CNRH, a Câmara Técnica de Ciência
e Tecnologia está organizando uma Oficina de Trabalho para este
mês de julho, em São Paulo, sobre o tema “Uso Eficiente
da Água”. Essa oficina pretende proporcionar debates sobre
as melhores formas de utilização eficiente da água
nos setores agrícola, industrial, saneamento e construção
civil. Desses debates sairão diretrizes e propostas para o Conselho
Nacional de Recursos Hídricos, visando subsidiar o debate para
a elaboração de deliberações relativas a
utilização racional da água.
O Governo reservou quanto no PPA e na Proposta Orçamentária
de 2004, através dos Ministérios de Meio Ambiente, Minas
e Energia e Cidades, para investir em recursos hídricos, considerando,
por exemplo: a ampliação dos conhecimentos básicos
hidrogeológicos; os aspectos legais e institucionais; a promoção
da gestão; as políticas públicas; e a mobilização
social, dentre outros aspectos?
No âmbito do Ministério do Meio Ambiente, a Secretaria
de Recursos Hídricos tem uma dotação orçamentária
de R$ 7,07 milhões para 2004, havendo uma recuperação
com relação ao ano anterior cujo orçamento foi
de R$ 2,04 milhões. Para a Agência Nacional de Águas
os recursos orçamentários aprovados na Lei de Diretrizes
Orçamentárias - LOA de 2004 são em torno de R$
169 milhões. Existem recursos do MMA para o Programa de Revitalização
do Rio São Francisco de aproximadamente R$ 1 milhão. Há
também recursos da ordem de R$ 413 milhões reservados
para recursos hídricos em programas e ações de
órgãos governamentais como o Ministério da Integração
Nacional, a CODEVASF, os ministérios já citados, a CPRM,
o BNDES e outros.
Em que proporção a inexistência
de uma Política Nacional de Saneamento, há seis anos aguardando
aprovação do Congresso Nacional, prejudica os recursos
hídricos em crescente deterioração e a universalização
dos serviços de água e esgotamento sanitário à
população brasileira?
A inexistência de uma regulamentação consistente
para a Política de Saneamento Ambiental traz diversas implicações
para os recursos hídricos, em especial à qualidade das
águas, no momento em que nossos corpos hídricos exercem,
muitas vezes, os papéis de manancial para os sistemas de abastecimento
de água e corpo receptor dos efluentes, tratados ou não,
dos sistemas de esgotamento sanitário. No entanto, o saneamento
ambiental tem sido tratado como tema prioritário pelo governo
do presidente Lula, haja vista os investimentos de mais de R$ 2 bilhões
já liberados para a área, alcançando quase a totalidade
do que foi investido nos oito anos do governo anterior. A atuação
do Governo Federal envolve ainda o manejo de resíduos sólidos
e das águas pluviais urbanas, e é caracterizada pela multiplicidade
de agentes institucionais, atribuída à natureza interdisciplinar
e multisetorial do saneamento. O Ministério das Cidades, através
da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, coordena um Grupo de
Trabalho Interministerial que foi formado a partir das discussões
em torno da Política Nacional de Saneamento Ambiental –
PNSA, ocorridas na Conferência Nacional das Cidades, enriquecendo
a atuação da União com uma diversidade de abordagens
em torno da questão e aumentando as possibilidades de fazer frente
à heterogeneidade da realidade nacional. Nesse sentido, o governo
Lula está envidando esforços para dotar o País
de um marco regulatório, através de uma nova proposta
para a Política Nacional de Saneamento Ambiental -PNSA, baseada
nos princípios da universalidade, integralidade e eqüidade,
e que deverá chegar ao Congresso Nacional em setembro.
Como a Nova Política Ambiental Brasileira, cujos
princípios foram discutidos na Conferência Nacional de
Meio Ambiente promovida pelo MMA, em novembro, tratará os recursos
hídricos nacionais?
Recursos Hídricos foi um dos temas prioritários nas discussões
da primeira Conferência Nacional de Meio Ambiente. As proposições
da Conferência já foram apresentadas à plenária
do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, que é representado
por membros do poder público, de usuários, da sociedade
civil e dos comitês de bacia hidrográfica. Muitas dessas
proposições já foram incorporadas nas discussões
das Câmaras Técnicas do Conselho e, principalmente, no
desenvolvimento de programas e ações do Ministério
do Meio Ambiente. Estamos empenhados na transformação
dessas proposições em diretrizes de ação,
numa articulação efetiva com diversas instituições
e organizações da sociedade.
“O reúso de água se constitui em
prática de racionalização e de conservação
de recursos hídricos, conforme princípios estabelecidos
na Agenda 21, podendo tal prática ser utilizada como instrumento
para regular a oferta e a demanda de recursos hídricos”
organizar essa atividade já praticada no Brasil e intensamente
aplicada em países de clima árido e semi-árido.
O reúso de água se constitui em prática de racionalização
e de conservação de recursos hídricos, conforme
princípios estabelecidos na Agenda 21, podendo tal prática
ser utilizada como instrumento para regular a oferta e a demanda de
recursos hídricos. Ainda no âmbito do CNRH, a Câmara
Técnica de Ciência e Tecnologia está organizando
uma Oficina de Trabalho para este mês de julho, em São
Paulo, sobre o tema “Uso Eficiente da Água”. Essa
oficina pretende proporcionar debates sobre as melhores formas de utilização
eficiente da água nos setores agrícola, industrial, saneamento
e construção civil. Desses debates sairão diretrizes
e propostas para o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, visando
subsidiar o debate para a elaboração de deliberações
relativas a utilização racional da água.
O Governo reservou quanto no PPA e na Proposta Orçamentária
de 2004, através dos Ministérios de Meio Ambiente, Minas
e Energia e Cidades, para investir em recursos hídricos, considerando,
por exemplo: a ampliação dos conhecimentos básicos
hidrogeológicos; os aspectos legais e institucionais; a promoção
da gestão; as políticas públicas; e a mobilização
social, dentre outros aspectos?
No âmbito do Ministério do Meio Ambiente, a Secretaria
de Recursos Hídricos tem uma dotação orçamentária
de R$ 7,07 milhões para 2004, havendo uma recuperação
com relação ao ano anterior cujo orçamento foi
de R$ 2,04 milhões. Para a Agência Nacional de Águas
os recursos orçamentários aprovados na Lei de Diretrizes
Orçamentárias - LOA de 2004 são em torno de R$
169 milhões. Existem recursos do MMA para o Programa de Revitalização
do Rio São Francisco de aproximadamente R$ 1 milhão. Há
também recursos da ordem de R$ 413 milhões reservados
para recursos hídricos em programas e ações de
órgãos governamentais como o Ministério da Integração
Nacional, a CODEVASF, os ministérios já citados, a CPRM,
o BNDES e outros.
Em que proporção a inexistência de uma Política
Nacional de Saneamento, há seis anos aguardando aprovação
do Congresso Nacional, prejudica os recursos hídricos em crescente
deterioração e a universalização dos serviços
de água e esgotamento sanitário à população
brasileira?
A inexistência de uma regulamentação consistente
para a Política de Saneamento Ambiental traz diversas implicações
para os recursos hídricos, em especial à qualidade das
águas, no momento em que nossos corpos hídricos exercem,
muitas vezes, os papéis de manancial para os sistemas de abastecimento
de água e corpo receptor dos efluentes, tratados ou não,
dos sistemas de esgotamento sanitário. No entanto, o saneamento
ambiental tem sido tratado como tema prioritário pelo governo
do presidente Lula, haja vista os investimentos de mais de R$ 2 bilhões
já liberados para a área, alcançando quase a totalidade
do que foi investido nos oito anos do governo anterior. A atuação
do Governo Federal envolve ainda o manejo de resíduos sólidos
e das águas pluviais urbanas, e é caracterizada pela multiplicidade
de agentes institucionais, atribuída à natureza interdisciplinar
e multisetorial do saneamento. O Ministério das Cidades, através
da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, coordena um Grupo de
Trabalho Interministerial que foi formado a partir das discussões
em torno da Política Nacional de Saneamento Ambiental –
PNSA, ocorridas na Conferência Nacional das Cidades, enriquecendo
a atuação da União com uma diversidade de abordagens
em torno da questão e aumentando as possibilidades de fazer frente
à heterogeneidade da realidade nacional. Nesse sentido, o governo
Lula está envidando esforços para dotar o País
de um marco regulatório, através de uma nova proposta
para a Política Nacional de Saneamento Ambiental -PNSA, baseada
nos princípios da universalidade, integralidade e eqüidade,
e que deverá chegar ao Congresso Nacional em setembro.
Como a Nova Política Ambiental Brasileira, cujos
princípios foram discutidos na Conferência Nacional de
Meio Ambiente promovida pelo MMA, em novembro, tratará os recursos
hídricos nacionais?
Recursos Hídricos foi um dos temas prioritários nas discussões
da primeira Conferência Nacional de Meio Ambiente. As proposições
da Conferência já foram apresentadas à plenária
do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, que é representado
por membros do poder público, de usuários, da sociedade
civil e dos comitês de bacia hidrográfica. Muitas dessas
proposições já foram incorporadas nas discussões
das Câmaras Técnicas do Conselho e, principalmente, no
desenvolvimento de programas e ações do Ministério
do Meio Ambiente. Estamos empenhados na transformação
dessas proposições em diretrizes de ação,
numa articulação efetiva com diversas instituições
e organizações da sociedade.
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