Guarani pode ser fonte de abastecimento de São Paulo

O maior reservatório de águas subterrâneas da América do Sul, com 40 trilhões de metros cúbicos, poderá fornecer água à Região Metropolitana de São Paulo.
Racionamento pode ser uma palavra fadada ao desuso na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). A ABAS (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas) e a Unesp (Universidade do Estado de São Paulo) acabam de entregar ao Governo do Estado de São Paulo um projeto de abastecimento da metrópole com águas do Aqüífero Guarani. O estudo será analisado pelas autoridades e, se aprovado, deve ficar pronto em XX anos.
De acordo com o projeto “Estudo de viabilidade técnico-econômica de abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo pelo Aqüífero Guarani”, o déficit de água da RMSP atinge, atualmente, 4 metros cúbicos por segundo. Soma-se a isso a possibilidade de suspensão de cerca de 5 metros cúbicos por segundo do Sistema Cantareira. “Esse panorama exige medidas urgentes para evitar que São Paulo tenha um desabastecimento significativo em pouco tempo”, conta o presidente da ABAS, Joel Felipe Soares.
Para reverter esse quadro, ambas as instituições propõem a captação de águas do Aqüífero Guarani nas formações Pirambóia e Botucatu, no interior do Estado. A demanda atual necessária da RMSP, de 4 m3/s, poderia ser suprida com a construção de cerca de 80 poços profundos, com vazão média de 180 m3/s.
Apesar de não estar localizado sob a cidade de São Paulo, o projeto prevê um duto, que leve a água de Itatinga e Itirapina, passando por Campinas e Piracicaba, até chegar à capital paulista. O desnível topográfico entre as regiões de captação e consumo é altamente favorável, pois a água passaria da maior altitude (750m) para a menor (600m), minimizando os custos de adução da água produzida pelo aqüífero.
Duas fases - ABAS e Unesp propõem um estudo de viabilidade técnico-econômica em duas etapas. A primeira englobaria a caracterização e avaliação hidrogeológica. A segunda, o estudo de viabilidade econômica.
O secretário-geral do Projeto Guarani, Luiz Amore, acredita que o projeto é viável. “Creio que existem possibilidades de a água subterrânea ser utilizada em caráter complementar ao abastecimento existente. Seria preciso, antes de mais nada, fazer um estudo de viabilidade técnico-financeira e de cenários alternativos ou complementares, como o combate ao desperdício, a regulação dos usos dos aqüíferos fraturados da capital paulista, dentre outros”, avalia.
Qualidade das águas - Em geral, a água do Guarani é própria para o consumo. Poços no Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul comprovam que o recurso é de altíssima qualidade. Mas, de acordo com o secretário-geral do Aqüífero Guarani, é indispensável que sejam feitas análises, uma vez que existem casos discrepantes em outras regiões. Só a partir do estudo é que seria possível saber qual o investimento financeiro necessário para o abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo.
Investimentos - Os investimentos em torno do potencial do Aqüífero Guarani têm se intensificado nos últimos anos. O setor de turismo termal começa a se desenvolver na Argentina que, a exemplo das termas uruguaias e brasileiras, teria águas explotadas por poços profundos. Apesar de os números disponíveis sobre o volume de água do Aqüífero Guarani serem, de acordo com Luiz Amore, muito gerais, é possível dizer que o aqüífero tem 40 trilhões de metros cúbicos de água e cerca de 100 bilhões de metros cúbicos de recarga anual.

 
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