Cuiabá sedia Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas A capital matogrossense é a sede do XIII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, no Centro de Eventos do Pantanal. O temário desta edição foi ampliado, de forma a discutir os múltiplos usos das águas subterrâneas, incluindo saneamento básico, agroindústria, águas minerais, artesianismo, hidrotermalismo, recarga artificial de aqüíferos, uso racional e reuso da água. “Os temas são extremamente atuais e pertinentes, uma vez que as águas subterrâneas correspondem a 97% da água doce disponível no mundo e representam um diferencial diante da grave crise que se anuncia para esse século, da falta d’água, em quantidade e qualidade. Para isso, no entanto, é necessário que sejam utilizadas de forma correta e racional”, lembra o presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas), Joel Felipe Soares. A Abas é a realizadora do congresso, que conta com a parceria da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH) e da Associação Brasileira das Empresas de Diagnósticos e Remediação de Solos e Águas Subterrâneas. A programação do congresso inclui cursos, sessões técnicas, conferências e mesas redondas, além de apresentações dos expositores. Entre os assuntos, destaca-se uma conferência sobre o projeto Aqüífero Guarani, com o secretário geral do projeto, Luiz Amore, além de outras duas, sobre os usos múltiplos do termalismo e do artesianismo e sobre a contaminação da águas subterrâneas por atividade agrícola e depósito de combustíveis. As mesas redondas abordarão temas que vão da gestão integrada de aqüíferos ao financiamento para o setor, passando pela relação entre a água subterrânea e o desenvolvimento agrícola. Muitos reconhecem este século como sendo o “Século da Água”, uma vez que estamos discutindo todos os dias o valor de cada gota de água potável para a humanidade. O Brasil concentra quase 20% de toda a água doce do planeta e Mato Grosso abriga as nascentes dos principais sistemas hídricos do Amazonas, além de estar se tornando o principal celeiro do país, ocupando o primeiro lugar nacional na produção de grãos e no rebanho bovino. A importância do agronegócio no Estado determinou a escolha do tema central do congresso, colocando em discussão a questão da água potável e seu valor para a humanidade. “No Brasil, as leis que regem as políticas de recursos hídricos são muito avançadas. O problema é que não existe uma ação política eficiente voltada para os dois principais pontos na questão da água: a educação e o saneamento”, afirma Joel. “Hoje, no País, 80% dos esgotos coletados são jogados nos rios, sem nenhum tratamento. E o pior: somente 50% dos esgotos são coletados. Nesse ritmo, entraremos em colapso antes de 2015”, alerta. Conferências de peso marcam congresso em Cuiabá O XIII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas traz, em sua programação, assuntos que deveriam ser prioridade em diversos setores da Economia. A gestão da água, sua relação com o setor produtivo, aberturas de linhas de financiamento para a exploração de águas subterrâneas, os riscos de contaminação e formas de prevenção, os ajustes necessários à legislação... Durante quatro dias, Cuiabá se transforma na capital da água, reunindo os mais diversos especialistas no assunto. “Falar de água subterrânea é falar de água em geral, tanto pela proporção que as águas subterrâneas representam em relação ao volume de água doce disponível no planeta, quanto pela necessidade da gestão integrada com as águas superficiais”, alerta o presidente do núcleo Centro Oeste da Abas, Maurício de Sant’Ana Barros. A primeira conferência do congresso será sobre o projeto Aqüífero Guarani, com o secretário geral do projeto, Luiz Amore. O aqüífero Guarani impressiona pela extensão e capacidade de armazenamento: seus afloramentos estão em Mato Grosso, Goiânia, Mato Grosso do Sul e até no Rio Grande do Sul, estendendo-se ao Uruguai, Argentina e Paraguai. Na segunda conferência, o tema será a “Contaminação de Águas Subterrâneas por Atividade Agrícola e Depósito de Combustíveis”, com o gególogo e PhD em hidrogeologia Everton de Oliveira, da Hidroplan, de São Paulo. No último dia, a conferência será presidida por Aldo Rebouças, com o palestrante Sebastião Peixoto Filho, da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais de Goiás. O tema será “Termalismo e Artesianismo: Usos Múltiplos”. Ainda no dia 22, haverá uma palestra especial com Richard C. Peralta, da Fundação de Pesquisa da Universidade do Estado de Utah (EUA), com o tema “Optimization for Groundwater Policy, Planning, Design and Management” (Otimização na Política, Planejamento, Projeto e Gerenciamento de Águas Subterrâneas). Parcerias inéditas - A ABAS conta com a participação
ativa da Associação Brasileira de Recursos Hídricos
na Mesa Redonda Gestão e Uso Integrado de Águas Superficiais
e Águas Subterrâneas e também da Associação
Brasileira das Empresas de Diagnóstico e Remediação
de Solos e Águas Subterrâneas na Mesa Redonda: Contaminação
de Águas Subterrâneas: Uso Sustentável, a Tecnologia
e a Visão do Cliente. Novos temas serão debatidos, num
total de quatro conferências, sendo uma delas Internacional, e
oito mesas redondas debatendo: A qualidade da água subterrânea geralmente é bem melhor que a da água superificial. Só a partir dos 1500 metros de profundidade é que começa a haver grande concentração de sais. O planeta Terra é formado em três quartos por água. Do total, 97% é salgada. Dos 3% restantes, 98% estão congelados nas calotas polares. Dos 2% restantes da água doce, 97% são éguas subterrâneas, sendo apenas 3% visíveis nos lagos e rios. A quantidade da água no planeta não diminui nem aumenta - o que ocorre são ciclos hidrológicos, com água em forma líquida, em evaporação, em precipitação. O problema, portanto, não a quantidade, mas o comprometimento da qualidade da água em função dos processos poluidores. A recuperação de um rio ou lago poluído é muito mais barata que a recuperação de águas subterrâneas. “A água subterrânea é naturalmente bem protegida, mas existem alguns fatores de risco que facilitam a contaminação”, explica o presidente do Núcleo Centro Oeste da Abas, Maurício de Sant’Ana Barros. Um desses fatores de risco é a perfuração de poços profundos sem o acompanhamento profissional adequado e sem a obediência rigorosa às normas técnicas. “Um poço mal perfurado é como uma ferida aberta à contaminação da água subterrânea. Hoje, esse é um dos maiores riscos de contaminação, principalmente nas áreas urbanas, onde há pouca coleta de esgoto, há poluição, lixo a céu aberto”, explica. Outro fator de risco é a instalação de postos e reservatórios de combustíveis. Com tanques subterrâneos, feitos de metal e armazenando produtos que são corrosivos, o risco de vazamento é constante, facilitando a contaminação. O risco também existe em áreas próximas a cemitérios, pelas substâncias oriundas da decomposição, e regiões agrícolas, em função do uso inadequado de agrotóxicos e insumos em geral e o descarte de dejetos tóxicos. Em Mato Grosso, há duas outras formações geológicas semelhantes e mais importantes para o Estado do que o próprio aqüífero Guarani, pois este ainda é pouco explorado. Uma delas é o aqüífero Furnas, que fica na região sul do Estado, abrangendo cidades como Jaciara, Juscimeira, Rondonópolis, Campo Verde e Poxoréo. O outro é o aqüífero Parecis, que fica no médio norte, abrangendo Sinop. Sorriso, Campo Novo, Nova Mutum. O Parecis é bastante raso, quase aflorante em por isso, muito sensível, com alto risco de contaminação. Há cidades na região que são 100% abastecidas por água subterrânea. A programação do XII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas inclui uma visita técnica ao aqüífero Furnas. Em Mato Grosso, faltam estudos geológicos e hidrogeológicos para caracterizar os aqüíferosas fontes poluidoras, identificando onde há riscos e as formas de impedir a contaminação. Por isso, várias entidades ligadas ao agronegócio e aos setores produtivos em geral foram convidadas para participar do congresso, incluindo o Fundo de Apoio à Cultura do Algodão (Facual), que vai apresentar experiência na área de pesquisa sobre contaminação pelas plantações de algodão. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Mato Grosso (Fetagri).
Mesas redondas aprofundam discussões atuais É preciso tratar a gestão dos aqüíferos do país de forma integrada. Embora a lei delegue aos Estados a competência pelo controle das águas subterrâneas, um aqüífero não obedece a fronteiras - e o tratamento recebido pela água em um ponto pode atingir toda a reserva. Além da gestão integrada de aqüíferos, haverá também discussões sobre a necessidade de gestão integrada das águas subterrâneas e superficiais, em função dos ciclos hidrológicos. Hoje, a Agência Nacional das Águas (ANA) é responsável pela gestão de recursos hídricos no país, mas trata muito mais dos assuntos ligados à superfície. A lei delega aos estado a competência pelo controle das águas subterrâneas. “Essa divisão é um contra-senso. É necessário integrar a gestão, pois uma interfere diretamente na outra”, lembra o presidente do Núcleo Centro Oeste da ABAS, Maurício da Sant’Ana Barros. Ele destaca como outro ponto importante a questão da competência legal em relação às águas minerais, que vem sendo discutida pelo Comitê de Recursos Hídricos, ligado ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Hoje, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) é o órgão regulador quando se fala em água mineral (toda água com características oligominerais). A legislação diz que água subterrânea é competência do Estado. “Então, quando se perfura um poço profundo e encontra água mineral, há um confronto de legislações. O que se busca com a discussão é uma proposta que viabilize uma regulamentação mais clara”, argumenta Maurício. Falta de financiamento dificulta exploração adequada A falta de linhas de crédito no Brasil que viabilizem a pesquisa e perfuração de poços dificulta a vida das empresas de saneamento e também dos agricultores. Existem linhas de financiamento para compra de fungicida, herbicida, mas não para o acesso à água subterrânea. Essa falta de incentivo contribui para a manutenção do costume de perfurar “no escuro”, sem pesquisa prévia e, muitas vezes, sem sucesso, gerando enormes prejuízos. Por isso, o assunto foi incluído na programação do XIII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas. Saneamento - Existe um projeto de lei em discussão no Senado, tratando sobre a competência legal dos serviços de saneamento. Isso porque a Constituição Federal (artigo 174) define como competência do município a regulação e concessão de serviços públicos de abrangência local. Porém, no caso de regiões metropolitanas, nem sempre a água é aduzida, tratada e distribuída no mesmo município. A maioria das concessões no Brasil está chegando ao fim, gerando conflitos entre as empresas de saneamento estatais e os municípios. “A maioria das estatais está endividada ou abaixo das metas estabelecidas, principalmente em relação à cobertura de coleta e tratamento de esgoto”, conta o presidente do Núcleo Centro Oeste da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, Maurício Sant’Ana Barros. Ele conta que Cuiabá (MT) é um caso de exceção, em que o serviço de saneamento já foi entregue a uma empresa do município, saindo das mãos do Estado. Por ser assunto de interesse nacional, no entanto, a questão da regulação a concessão de saneamento é assunto de destaque no XII CABAS.
LEGENDA: Nota: Nas mesas redondas ainda serão debatidos temas como financiamento para o setor de águas subterrâneas, proferida pelo Departamento de Meio Ambiente do BNDES, gerenciamento das perdas de água integrado ao uso eficiente da energia elétrica em sistemas públicos de abastecimento; As atividades do PMSS em programas de gestão e controle de perdas de águas em sistemas de abastecimento de água do palestrante Ernani Ciríaco e Miranda, Coordenador do PMSS – Programa de Modernização do Setor de Saneamento, além da discussão “O Programa de uso eficiente de energia elétrica e água (PROCEL SANEAR) em sistemas de abastecimento”. A palestra será de Fernando Dias Pinto Perrone, chefe da Divisão de Projetos Setoriais de Eficiência Energética. Trabalhos técnicos A ABAS e a Bombas Leão presentearão com um computador o melhor trabalho técnico apresentado no evento, cujo primeiro autor tenha idade igual ou inferior a 35 anos. Os trabalhos serão analisados por um seleto grupo do Comitê Científico e os três primeiros trabalhos receberão também um certificado de honra ao mérito. E a ABAS confirma o recebimento do número recorde de trabalhos técnicos para serem apresentados durante o Congresso. Serão cerca de 200, número 15% superior à edição passada.
Assinatura de acordo de cooperação técnica entre SRH/MMA e a ABAS
Em seguida será realizada a inauguração da Exposição Técnica Paralela e um coquetel será servido aos presentes nesse local. Proposta de acordo de cooperação técnica
entre SRH/MMA E ABAS: CLÁUSULA SEGUNDA – DOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS CLÁUSULA TERCEIRA – DA EXECUÇÃO CLÁUSULA QUARTA – DAS OBRIGAÇÕES
DOS PARTÍCIPES CLÁUSULA QUINTA – DA PROPRIEDADE DOS RESULTADOS CLÁUSULA SEXTA – DA AÇÃO
PROMOCIONAL CLÁUSULA SÉTIMA – DA PUBLICIDADE CLÁUSULA OITAVA – DA VIGÊNCIA CLÁUSULA NONA – DOS RECURSOS CLÁUSULA DÉCIMA – DO ACOMPANHAMENTO
E DOS CASOS OMISSOS CLÁUSULA DÉCIMA-PRIMEIRA – DA DENÚNCIA CLÁUSULA DÉCIMA-SEGUNDA – DA PARTICIPAÇÃO
NOS RESULTADOS DOS TRABALHOS CLÁUSULA DÉCIMA-TERCEIRA – DAS
ALTERAÇÕES E MODIFICAÇÕES CLÁUSULA DÉCIMA-QUARTA – DO GERENCIAMENTO
E DA FISCALIZAÇÃO CLÁUSULA DÉCIMA-QUINTA – DA PUBLICAÇÃO CLÁUSULA DÉCIMA-SEXTA – DO FORO |
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