NACIONAIS

Água mineral pode ganhar status de bebida funcional
Reconhecida em outros países como bebida funcional (que proporciona algum benefício extra à saúde), a água mineral ainda não conseguiu esse status no Brasil. A Associação Brasileira das Indústrias de Águas Minerais (Abinam) acredita, porém, que até o fim do ano o Ministério de Minas e Energia regulamente a portaria que atende a esse pedido do setor. O presidente da Abinam, Carlos Alberto Lancia lembra, por exemplo, das águas que têm magnesita em sua composição. Segundo ele, este elemento estimula o intestino, prevenindo a prisão de ventre. Há também as que contêm vanádio em maior concentração, composto que ajuda a manter as artérias coronárias desobstruídas, ou mesmo zinco, que ajuda a evitar a surdez. Sem contar outros elementos mais conhecidos por seu caráter funcional, como cálcio, magnésio e estrôncio.

A Abinam quer estimular as fabricantes a submeter suas águas ao teste de crenologia, quando a portaria estiver em vigor. Segundo levantamento da associação, até hoje apenas 20 empresas concluíram esse trabalho e estão aptas a requerer o reconhecimento de bebida funcional. Lancia explica que o processo de crenologia vai depender dos estudos que as empresas já tiverem sobre as suas águas. Elas têm de ser submetidas a uma pesquisa científica, que envolve médicos, nutricionistas e químicos. O trabalho é feito por amostragem de pessoas que tomaram a água e outro grupo que não bebeu, para ver se houve benefícios.Ambev gasta água

A Companhia de Bebidas das Américas (Ambev) está ultrapassando a média mundial, de 4 litros de água por litro de bebida produzido em fábricas como as de Curitiba e Minas Gerais a marca de 2,99 l/l. Além de uma eficiente política de gestão hídrica, este índice é resultado também das campanhas de conscientização voltadas aos empregados da Companhia. O setor de bebidas é conhecido como grande consumidor de recursos hídricos. Há dez anos, o índice utilizado chegava a 10 litros de água para cada litro de bebida. O trabalho da AmBev é focado no combate ao desperdício e no uso racional de água. Todas as fábricas seguem uma cartilha, conhecida internamente como Mandamentos da Água, em que são destacadas práticas como a manutenção de equipamentos para impedir vazamentos e o acompanhamento constante dos índices de cada uma das fábricas

INTERNACIONAIS

O custo da água gratuita
Em apenas um século, a temperatura da superfície terrestre aumentou cerca de 0,6°C, trazendo como ameaça drásticas mudanças no clima do planeta. Provavelmente, boa parte do aquecimento se deva à emissão dos chamados gases-estufa (sobretudo dióxido de carbono e metano), resultantes de atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis e desmatamento. As hidrelétricas também são apontadas como tendo um papel importante no lançamento desses gases na atmosfera, piorando ainda mais o panorama. Por outro lado, os agro negócios (produção agropecuária voltada para a exportação) vêm provocando danos ao ambiente – em algumas áreas já se verificam processos acentuados de desertificação –, além de graves transformações sociais. Somado a isso, a água doce, antes usada como recurso inesgotável, está se tornando cada vez mais escassa em função de seu intenso uso industrial e agrícola, do crescimento populacional, e do acelerado aumento da poluição de rios e lagos. E o que dizer de nossa cultura de desperdício? Mais de 200 mil toneladas diárias de lixo são produzidas no país e apenas 40,5% delas recebem destinação final adequada. Esses índices dizem bastante sobre o planeta e nos fazem pensar particularmente o futuro do Brasil. A industrialização no nosso país seguiu modelos altamente poluidores que não proporcionaram o tão esperado crescimento. Diante dessa paisagem um tanto assustadora, qual o caminho a seguir? Parece haver uma única saída: um esforço conjunto para reduzir atividades essencialmente poluidoras (queimadas e desmatamentos, entre outras) e implementar políticas ambientais compatíveis com o crescimento econômico e o desenvolvimento social. O custo da água gratuita - A consciência de que a água em condições de uso torna-se cada vez mais escassa precisa ganhar força no Brasil, onde as culturas do desperdício e da água gratuita tornam crítica a situação dos recursos hídricos em algumas áreas. Paulo Canedo de Magalhães – CIÊNCIA HOJE

SUBTERRÂNEAS

Proteção e manejo conjunto do Aqüífero Guarani
O mais importante manancial subterrâneo da América do Sul e um dos maiores reservatórios de água doce do mundo foi tema do Seminário Internacional Aqüífero Guarani, realizado nos dias 14 e 15 de outubro, em Foz do Iguaçu (PR). O evento traçou estratégias para a gestão e controle social do Aqüífero e discutiu aspectos técnicos e políticos da reserva, que tem volume estimado de 48 mil quilômetros cúbicos e abrange a região de fronteira dos quatro países do Mercosul: Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai.

O Aqüífero tem 71% de sua área em território brasileiro e estende-se pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais, onde abastece as grande cidades com água de boa qualidade para o consumo. Apontada como a maior preocupação, a poluição mereceu atenção especial dos participantes, que propuseram a criação conjunta de uma política de gestão pública e controle social dos mananciais subterrâneos. O presidente da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, deputado Dr. Rosinha (PT-PR), comprometeu-se a envidar todo esforço para criar uma subcomissão sobre o Aqüífero Guarani, para prestar contribuição nas áreas de sua competência sobre políticas públicas de uso sustentável e conservação da reserva, com a participação de organização da sociedade civil e movimentos sociais. O evento contou com a participação de parlamentares e ministros dos países-membros do Mercosul; dos responsáveis pelo projeto de proteção e desenvolvimento sustentável do Aqüífero Guarani, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) junto com a Organização dos Estados Americanos (OEA); além de estudiosos, ambientalistas, geólogos, acadêmicos, e de representantes do Comitê do Pardo e de movimentos populares, como o Grito dos Excluídos, Movimento dos Sem-Terra, Movimento dos Atingidos por Barragens, entre outros. As conclusões do encontro serão encaminhadas às autoridades governamentais dos países e à comissão formada por representantes do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, que já está elaborando um protocolo sobre o Aquífero Guarani. A previsão é que esse acordo seja assinado em dezembro próximo.Buscando água em locais de difícil acesso

Um método revolucionário para detectar lençóis de água subterrâneos foi desenvolvido na Inglaterra. Ken O’Hara-Dhand, estudante da área de pesquisa com doutorado qualificado, projetou o equipamento que utiliza um efeito eletrocinético. Trata-se de uma técnica não-invasiva – diferente dos métodos convencionais – que pode produzir um resultado instantâneo na tela. Como resultado da sua pesquisa, ele desenvolveu uma nova ferramenta de pesquisa do solo, a qual torna os testes de campo em profundidades maiores, mais baratos e mais exatos do que os equipamentos existentes.

Em reconhecimento à sua pesquisa – desenvolvida na Universidade Nottingham Trent, English Midlands - O’Hara-Dhand recebeu, no início deste ano, o Prêmio Thames Water de Inovação durante uma recepção na House of Commons em Londres. Seu trabalho será de especial importância para países em desenvolvimento onde o acesso rápido e fácil a novas fontes de água não é apenas vital para abastecer populações em crescimento, mas é também, em geral, a chave para o desenvolvimento econômico. Um importante recurso da nova ferramenta é uma antena que pode ser posicionada bem em cima da área de terra que deve ser investigada. Usando um efeito eletrocinético, ondas sonoras são emitidas em direção ao solo tocando uma placa de plástico composto.
A frente de onda caminha verticalmente pelo solo e nos locais onde encontra um lençol de água, ela será refratada nessa camada. As cargas elétricas no solo são agitadas depois que as ondas sonoras passam através de uma interface entre o solo não impregnado acima do lençol de água e o solo impregnado abaixo. Isto causa um pequeno, porém mensurável, fluxo de corrente que, por sua vez, gera uma onda eletromagnética muito similar àquela usada para transmitir sinais de rádio ou de TV. A antena acima do solo detecta esse sinal e, com o uso de um laptop, os dados eletrocinéticos podem ser analisados no próprio ponto para determinar a profundidade do lençol de água. Atualmente, a profundidade de detecção alcança 30 metros e espera-se que ela possa ser ampliada.

Como explicou Ken O’Hara-Dhand: “Quando existe umidade abaixo do solo, tal como um lençol de água, uma carga elétrica negativa fica armazenada nas pequenas partículas de pedra ou no solo na interface entre a água completamente impregnada e a região não impregnada”. “As ondas sonoras atravessam a interface entre a região seca e a região impregnada com água e são refratadas causando um movimento nas partículas. Isto, então, dá margem a um distúrbio de carga, causando o fluxo de uma pequena corrente elétrica, a qual, por sua vez, gera uma onda eletromagnética que pode ser detectada na superfície do solo”. Depois de concluir sua pesquisa sobre o assunto e apresentar sua tese, no final deste ano, O’Hara-Dhand planeja desenvolver a ferramenta como empreendimento comercial para um mercado mais amplo.

Contato:lorna.mcclement@ntu.ac.uk
Anne Purkiss - London Press Service

UTILIDADE PÚBLICA

Como pesquisar sobre água na Internet
Que o tema água vem merecendo a atenção e o alerta de diferentes segmentos sobre a necessidade de sua proteção e valorização não há dúvidas. Centenas de sites, revistas, boletins e listas de discussão são distribuídos diariamente e a Internet é hoje o grande manancial de informações utilizado por adultos e crianças, especialistas, governantes ou donas-de-casa para tirar dúvidas, buscar subsídios ou simplesmente saber um pouco mais sobre ela.

O grande dilema de quem busca a informação é ir direto ao foco da pesquisa descartando as centenas de opções que a palavra água oferece nos mecanismos de busca mais comuns, como o Google ou o UOL.

Para dar uma idéia dessa diversidade fizemos uma pesquisa no UOL, que mostrou 82.027 títulos. Os 10 primeiros relacionaram: um serviço municipal de água e esgoto, duas ONGs, um consórcio de bacias, um serviço de informática, uma empresa de água mineral, uma revista digital e dois sites sobre tratamento de água. Não foi muito diferente o resultado do Google mas a oferta neste portal de busca contabilizou 3,9 milhões de sites onde pode ser encontrada a palavra ÁGUA.

Tornar acessível o maior número de informações sobre água na Internet, construir e fortalecer as parcerias em recursos hídricos entre as nações, organizações e indivíduos; promover a educação e o aberto intercâmbio de informações e conhecimentos técnicos, e melhorar a comunicação, cooperação e compromisso financeiro para com o manejo dos recursos hídricos e solo, no contexto da sustentabilidade ambiental e econômica nas Américas são os objetivos da Rede Interamericana de Recursos Hídricos (RIRH) (http://www.rirh.net, em português). A Rede é formada pela adesão de inúmeras outras redes de informação, de diferentes países e idiomas das Américas.

Um passo importante para tornar a RIRH um verdadeiro centro irradiador – onde os usuários não somente “buscam” dados mas também ajudam na alimentação do banco de informações – é a formação dos Nós regionais. O do Brasil será apresentado, nos próximos dias 20 e 21, em um workshop chamado Uso das ferramentas eletrônicas da RIRH para o intercâmbio de lições aprendidas e experiências exitosas em Gestão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH), que será realizado em Brasília, promovido pela Secretaria Nacional de Recursos Hídricos e pelo Escritório de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente da Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Os Nós são organizações regionais que assistem todos os participantes da RIRH na distribuição de informação e coordenação de atividades relacionadas à água, em sua área geográfica. Seu banco de dados tem principalmente informações sobre organizações, pessoas envolvidas com a gestão, projetos, publicações, notícias, legislação, eventos e cursos. Mas há outros destaques como o Fórum Nacional de Comitês de Bacia, o CNRH entre outras.

Já está funcionando o Nó Regional do Cone Sul, baseado na Argentina, e que reúne informação sobre recursos hídricos de todos os países do Cone Sul, em língua espanhola: Argentina, Bolívia , Chile, Paraguai e Uruguai.

O Nó Regional do Brasil será responsável não apenas pela reunião de informações sobre recursos hídricos no Brasil, mas também por traduções dos principais assuntos de outros Nós. É o único Nó Regional da RIRH em português.

Estão em criação, ainda: Nó Regional Pacífico Sul e Amazônia - Baseado no Peru, reunirá informação de todos os países que estão na Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas e nas bacias do Pacífico Sul, em língua espanhola: Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela. Nó Regional Caribe - Reunirá informação relativa a recursos hídricos nas ilhas do Caribe. Nó Regional da América Central - Reunirá informação de recursos hídricos de todos os países da América Central.HOMENAGEM

Esta coluna está homenageando pessoas que prestaram ou ainda prestam relevantes contribuições ao desenvolvimento da Hidrogeologia, Água Subterrânea e da Perfuração de Poços Tubulares Profundos no Brasil. Esses ÍCONES de nosso segmento receberão nossa singela lembrança, reverência e reconhecimento, através da MENÇÃO HONROSA intitulada HIDROPERSONALIDADES. ALCIDES FRANGIPANI

Graduou-se em Ciências Naturais no final da década de 50 pela Universidade de São Paulo, optando, ao final do curso, por Ciências Geológicas. Fez Pós-graduação com Doutorado, em Hidrogeologia pelo IG/USP. Trabalhou no Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo – IPT ao lado de nomes célebres da geologia, a exemplo de Fernando Flávio de Almeida. Nos últimos anos de IPT, onde se aposentou, desenvolvia pesquisa associada à geotermia. Profissional amante da pesquisa e do trabalho e um dos primeiros a participar da ABAS, migrou nos anos 90 para o Ceará a convite da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos do Estado, integrando o corpo de pesquisadores e trabalhando com águas subterrâneas. Posteriormente, em meados de 1998, recebeu o convite para trabalhar como professor visitante no Departamento de Geologia da Universidade Federal do Ceará onde integrou o grupo de professores pesquisadores da graduação e pós-graduação, desenvolvendo temas associados a hidrogeologia do cristalino e gestão integrada de recursos hídricos. Permaneceu no Laboratório de Hidrogeologia – DEGEO/UFC por três anos para, posteriormente, retornar à Grande São Paulo. Ao longo de sua vida profissional, pesquisou, lecionou, participou de bancas de pós-graduação (Mestrado e Doutorado), publicou inúmeros artigos técnicos e orientou monografias de graduação em Geologia e Dissertações de Mestrado na área de Hidrogeologia. Profissional sério, competente e dedicado ao estudo das águas subterrâneas, sempre pronto a servir a comunidade, nunca se furtou a um esclarecimento técnico ou a um bom bate-papo sobre qualquer assunto, que com sua imensa simplicidade e um sorriso, associados à larga experiência de vida, levava o assunto a prolongar-se mais e mais.

Alcides Frangipani, de origem italiana e coração brasileiro, com simplicidade marcada pela jornada de vida, com os pés no presente e os olhos a fitar o futuro, nossa homenagem a um dos pioneiros da Hidrogeologia no Brasil.

Recordar é Viver!

Perfuração de Poço para rebaixamento da duna da CVRD - Conceição Itabira/MG, 1996

Perfuração de Poço na região de Correntina - oeste da Bahia - no Aqüífero Urucu, 1996


 
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