João Bosco Senra alerta:
água na região norte pode estar
sob risco em 10 anos
“A região da Amazônia corre risco
a médio prazo se não houver um processo de gestão.
Uma década, às vezes menos, depende dos empreendimentos”.
A previsão sobre a tendência de contaminação
dos rios e bacias da porção oriental da Amazônia
é do secretário nacional de Recursos Hídricos,
órgão subordinado ao Ministério do Meio Ambiente,
João Bosco Senra. Segundo ele, o volume de produtos químicos
e dejetos depositados nas águas deve aumentar nos próximos
anos, acompanhando o crescimento populacional da região Norte.
Como os riachos e igarapés deságuam nos grandes rios,
a contaminação virá na esteira, num processo que
ele denomina de “escassez qualitativa” das águas.
“Haverá água em quantidade, mas, devido aos contaminantes,
ela ficará indisponível. A pessoa terá a água,
mas não poderá bebê-la”, afirma. “Todo
processo de desenvolvimento gera impacto ambiental e as águas
são o primeiro elemento a sofrer. O agronegócio nos preocupa.
Efetivamente traz problemas tanto de contaminação [dos
rios] quanto o que pode promover no solo”.
A ampliação dos mecanismos de controle é um dos
principais pontos do Plano Nacional de Acesso aos Recursos Hídricos,
que deverá estar concluído até o final do ano pelo
MMA. Uma pesquisa apresentada em outubro do ano passado no Congresso
Brasileiro de águas Subterrâneas apontou potencial de contaminação
por agrotóxicos em águas profundas.
O estudo foi feito por um grupo da Universidade Federal de Mato Grosso
e da Embrapa em poços tubulares (artesianos) da cidade de Primavera
do Leste (239 km de Cuiabá), área onde há expansão
da cultura de algodão. As amostras foram coletadas na saída
da bomba de cada poço. “A ocorrência de pesticidas
em águas de poços tubulares com profundidade de 12 a 70
metros mostra a vulnerabilidade das águas subterrâneas,
sendo que poderão atingir concentrações mais elevadas
caso continuem a ser usados intensivamente”, conclui a pesquisa.
O volume de exportação do algodão brasileiro saltou
nos últimos anos. Segundo dados do Ministério da Agricultura,
em 2000, o volume exportado era de 28 milhões de toneladas, vendidos
por cerca de US$ 32 milhões. No ano passado, as vendas externas
totalizaram 331 milhões de toneladas, que movimentaram US$ 406
milhões.
Fonte: Folha De São Paulo
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