NACIONAIS

SP: Pesquisa avalia consumo de água em escolas públicas
O que acontece com o consumo de água nos prédios das escolas públicas? Existe manutenção preventiva? As instalações são adequadas? As redes de esgoto e águas pluviais são satisfatórias? O consumo é monitorado de maneira a evitar perdas e desperdícios? O Laboratório de Ensino e Pesquisa em Sistemas Prediais (Lepsis), do Departamento de Arquitetura e Construção da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp (FEC) tem realizado trabalhos com o objetivo de desenvolver metodologias para solucionar e esclarecer estas questões e fornecer subsídios para orientar políticas públicas.
Os projetos, desenvolvidos em parceria com a Escola Politécnica da USP e com a UFSCar, são orientados na Unicamp pela professora Marina Sangoi de Oliveira Ilha e já deram origem a artigos e duas dissertações de mestrado. Trabalhos envolvendo o consumo de água tiveram início na Unicamp com o projeto Pró-Água, que levou a um pormenorizado levantamento das condições do uso da água no campus (veja matéria nesta página) e possibilitou a implementação de soluções corretivas.

Escolas têm grande incidência de vazamentos
Segundo a professora Marina Sangoi de Oliveira Ilha, os projetos técnicos de escolas são muitas vezes padronizados e nem sempre atualizados, com a agravante de que o critério de menor preço, freqüentemente utilizado nas licitações, leva ao emprego de materiais de baixa qualidade, o que gera problemas. A docente acrescenta ainda que a ausência de manutenção preventiva e a demorada manutenção corretiva agravam as condições de uso. Estudos pilotos já realizados revelam grande incidência de vazamentos em escolas públicas e, como nem direção nem usuários pagam diretamente a conta, nem sempre há empenho em repará-los, embora na maior parte das vezes as iniciativas esbarrem em problemas oriundos de uma administração centralizada.
O projeto em andamento, que teve início em agosto de 2002 e resultou de uma proposta conjunta da Unicamp, da Escola Politécnica da USP e da UFSCar que responderam a um edital do CNPq, será finalizado em maio de 2005. Com o trabalho de campo já concluído, os dados estão na fase de análise e de monitoramento do consumo de água de algumas escolas. A professora acredita que o estudo conjunto que a Unicamp realiza historicamente com a USP e a UFSCar é muito importante porque as três instituições mantêm linhas de pesquisa em conservação de água, o que possibilita o desenvolvimento de uma metodologia que poderá ser aplicada em outros locais.

As Perdas - Nas escolas estudadas estimaram-se perdas que chegam até a 80%. Cerca de 10% das escolas apresentaram vazamentos na rede enterrada e muitos deles não afloraram: Em uma delas nos informaram que havia uma mina d’água. Estranhamos e pedimos auxílio à Sanasa que constatou que a mina era, na verdade, água tratada pela própria autarquia. Estancado o vazamento, o consumo caiu cerca de 80%. A falta de parâmetros de consumo e a ausência de um sistema de controle não permitiram detectar o problema, conta a professora. A ocorrência de patologias nos sistemas hidráulico e sanitário é freqüente em 40% das escolas investigadas e raramente ocorrem em apenas 27% delas. Os aparelhos/equipamentos com maior incidência de patologias são as torneiras de uso geral e as válvulas de descarga. Nos sistemas prediais de água fria e quente as patologias mais freqüentes referem-se ao cavalete do hidrômetro (vazamentos, ausência de volantes nos registros) e no reservatório superior (problemas na tampa ou na bóia). Nos sistemas prediais de esgoto sanitário e águas pluviais, os maiores problemas localizam-se nas caixas de gordura (ausência de sifão, sub-dimensão, vedação inadequada) e nas caixas de inspeção de esgoto (vedação inadequada ou tampa lacrada, presença de resíduos sólidos no interior).
Em 21% das escolas investigadas, o único responsável pela manutenção é a Secretaria da Administração Regional da Prefeitura. Em 37% das unidades, os pequenos reparos são realizados pelos próprios vigilantes da escola. Os grandes reparos são solucionados por empresas terceirizadas e/ou pela administração regional em 31% das escolas investigadas. Na Unicamp, a lição de casa - O desperdício de água levou a Unicamp a desenvolver projetos com o propósito de evitar o consumo desnecessário nas suas mais diversas instalações, inclusive no Hospital das Clínicas (HC). O trabalho apresentou resultados tão bons que subsidiou o diagnóstico das instalações das escolas da rede municipal de Campinas.
Um minucioso levantamento feito pelo Laboratório de Ensino e Pesquisa em Sistemas Prediais (Lepsis), da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC), revela que ‘em todos os edifícios existentes no campus da Universidade existiam falhas no sistema hidráulico‘, conforme observa a professora Marina de Oliveira Ilha. De acordo com a docente, foi constatado que no campus universitário de Barão Geraldo havia 1.263 pontos de consumo de água, nos edifícios construídos até dezembro de 2001, entre bacias sanitárias, torneiras e outros equipamentos. Cerca de 11% desse total apresentavam algum tipo de falha. Os aparelhos sanitários que apresentaram maior índice de vazamentos foram as bacias sanitárias com caixa acoplada, onde 29,3% apresentavam algum problema. Uma vez detectados os vazamentos, consertava-se o aparelho sanitário ou, quando isso não era possível, o mesmo era substituído. Além disso, foram instalados mais de 100 hidrômetros eletrônicos no campus, interligados a uma central de medição, de forma a monitorar o consumo de água e agilizar a detecção de vazamentos. ‘Os resultados obtidos com o Pró-Água, na fase I (desenvolvida com financiamento da Fapesp e Prefeitura do campus, no período de maio de 1999 a junho de 2002), indicam uma redução média no consumo mensal da Unicamp na ordem de 24% no período de três anos – de 1998 a 2001 – o que representou uma economia de aproximadamente R$ 240 mil reais por mês, levando-se em consideração os valores cobrados pela água e pelo esgoto‘, diz a pesquisadora da FEC. Ela ressalta também que a população do campus aumentou nesse período considerado, com a criação de novos cursos, tanto no período diurno quanto no noturno, o que indica que as economias foram ainda mais significativas.

STJ mantém suspensão do fornecimento para inadimplente
As concessionárias de energia elétrica podem interromper o fornecimento se, após aviso prévio, o consumidor permanecer inadimplente no pagamento da conta. A reafirmação da tese foi feita pela Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em resposta a recurso especial da AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia S/A, contra Clair Rosa da Silva, do Rio Grande do Sul. A informação foi divulgada pelo site do STJ. O relator do processo, ministro José Delgado, acompanhou o entendimento da Primeira Seção ao julgar o Recurso Especial 363.943, de Minas Gerais, mas fez uma ressalva: A questão é de enorme peculiaridade, tendo gerado debates calorosos quando do julgamento acima citado, necessitando, a meu ver, de maiores reflexões sobre a matéria - observou. O ministro voltou a chamar a atenção para os artigos 22 e 42 do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, segundo os quais, os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros. O artigo 42 do Código ressalta inclusive o fato de não ser permitido que na cobrança de débitos, o devedor seja exposto ao ridículo, nem que seja submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Segundo o ministro José Delgado, tais dispositivos aplicam-se às empresas concessionárias de serviço público.

INTERNACIONAIS

1. Os habitantes de Gangaikondan, no sul da Índia, estão fazendo pressão para impedir a construção de uma fábrica da Coca Cola. Eles temem que a unidade provoque falta de água na região, prejudicando a agricultura de subsistência.

Poços de água do Iêmen estão secando
O ministro de Águas e Meio Ambiente do Iêmen, Mohammed L. Al-Eryani informou que há atualmente em seu país 70 mil poços de água secos ou secando. Na abertura de um workshop sobre legislação de recursos hídricos, patrocinado pelo departamento de Gerenciamento de Águas Subterrâneas de Sanaa, Al-Eryani disse que há 220 mil poços no Iêmen, 150 mil bombeando água e os outros 70 mil secos ou prestes a secar. O ministro deixou claro que todos os esforços para aumentar as reservas de água de Sanaa foram insuficientes, devido ao consumo cada vez maior. O prefeito de Sanaa, Ahmed Al-Kuhlani, que também é ministro, ressaltou a importância de garantir que seja criada uma legislação sobre o uso da água e perfuração de poços.
O prefeito avisou que o volume de água em Sanaa continuará a cair porque é retirado um volume maior de água do lençol freático do que volta. Dois lençóis já secaram, comprovando os avisos que geólogos faziam desde o início da década de 90. A dessalinização informou Al-Kuhlani, é um serviço bastante caro. Um metro cúbico de água dessalinizada custa aproximadamente US$ 8, preço alto demais para o orçamento da média dos cidadãos iemenitas

SUBTERRÂNEAS

Bahia se integra ao SIAGAS
A Superintendência de Recursos Hídricos (SRH), órgão da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos assinou um acordo de cooperação técnico-científica com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM, com objetivo de compartilhar os dados e informações de águas subterrâneas através da utilização do Programa Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SiIAGAS). A iniciativa permitirá o melhor aproveitamento dos recursos hídricos subterrâneos existentes no território baiano, através de poços tubulares e outros tipos de captação. Por outro lado, a disponibilização desta ferramenta subsidiará o desenvolvimento de técnicas e ações que visem a avaliação, proteção e preservação da água subterrânea, de modo a garantir sua oferta em quantidade e qualidade. De acordo com o diretor-geral da SRH, Manfredo Cardoso, com o convênio será possível determinar com mais exatidão os locais mais adequados para a perfuração de poços e, também, para prevenir a contaminação das águas. O SIAGAS é um cadastro nacional de poços, de uso público e irrestrito, essencial para a gestão das águas subterrâneas. É composto de três módulos: programa de entrada de dados, desenvolvido pela CPRM, de uso público e irrestrito; programa de divulgação e consulta na internet,; e um programa de análise e interpretação de dados, permitindo que os gestores estabeleçam os seus próprios mecanismos de gestão. O banco de dados contém ainda informações sobre seção de perfuração, bombeamento do teste, recuperação do teste de bombeamento, parâmetros inorgânicos e orgânicos das amostras de água e microorganismos das amostras de solo dos poços cadastrados, além de informações de medição de vazão de dessalinizadores. Além dos dirigentes da SRH, a assinatura do acordo de cooperação técnica contou com as presenças do gestor do programa de recursos hídricos do Serviço Geológico do Brasil, Frederico Peixinho, do coordenador do SIAGAS, Hermínio Vilaverde Lopes, e do superintendente regional da CPRM, Ivanaldo Gomes da Costa.

Mineral identificado por professor do IGc-USP poderá combater radiação e AIDS
Identificado em 2003, o composto pode inibir a ação de vírus na corrente sanguínea e capturar elementos radioativos. O mineral, uma mistura de oxigênio e metais, foi encontrado pela primeira vez em estado natural.
Uma nova espécie mineral, a MENEZESITA, foi identificada pelo professor Daniel Atencio, do Instituto de Geociências (IGc), da USP. Descoberta no Vale do Ribeira é o primeiro heteropoliniobato - composto que contêm agrupamentos de 12 octaedros de oxigênio cada qual com um íon de nióbio no centro - encontrado na natureza. A substância poderá ser usada no controle de materiais radioativos e no tratamento da AIDS. O mineral é classificado como heteropolimetalato - compostos que misturam metais e oxigênio. De cor avermelhada, a menezesita forma cristais dodecaédricos (com 12 lados). Substâncias semelhantes - heteropolimetalatos - já haviam sido sintetizadas em laboratório. Diferentemente de outros heteropolimetalatos, os heteropoliniobatos são básicos em vez de ácidos, o que significa que podem sobreviver muito mais tempo e prosperar nos ambientes básicos de lixos radioativos ou neutros como o sangue. Quando estes compostos capturam um vírus na corrente sanguínea, ele não consegue mais entrar em uma célula para danificá-la.
Esses compostos também podem capturar elementos radioativos, como urânio e tório, removendo-os dos resíduos de instalações nucleares, através de separação de fase. Isso permitirá armazenamento mais fácil e seguro do lixo atômico. Coletado no final da década de 1970, na cidade de Cajati (SP) em uma rocha denominada carbonatito, a menezesita foi encaminhada pelo engenheiro de minas Luiz Alberto Dias Menezes Filho para identificação somente em maio de 2003. O nome da substância homenageia seu descobridor. O estudo sobre o mineral está sendo preparado e será submetido ao periódico American Mineralogist para posterior publicação.

UTILIDADE PÚBLICA

Ser cidadão x estar cidadão
O “ser cidadão” é, sem dúvida, uma expressão que precisa ser mais bem utilizada e vivenciada pela coletividade. Talvez, se todos os brasileiros soubessem o que é cidadania, viveríamos em um país melhor, menos injusto, e nossa qualidade de vida teria outra conotação. Infelizmente, são poucas as iniciativas para a criação dessa consciência na sociedade. Quando ocorrem, partem de algumas comunidades específicas e das raras organizações privadas realmente imbuídas nesse fim.
”Ser cidadão” é saber viver em sociedade, estando ciente dos anseios comuns. É participar ativamente das decisões de sua comunidade, influenciar modos de vida de maneira positiva ao seu redor, exercer os direitos constitucionais adquiridos e lutar pelos que virão. É preservar o meio ambiente, a natureza, os animais, os seus semelhantes, os opostos. É ser solidário, é ser político, é ser flexível, decidido e, sobretudo, estar consciente de todas as atitudes tomadas em prol da sociedade.
Com um pequeno gesto, conseguimos demonstrar responsabilidade nesse contexto social, fazendo a nossa parte, contribuindo intensamente para o crescimento coletivo.

VOCÊ SABIA?

Insetos serão usados para monitorar rejeitos de minas Australianas
Antigamente eram os canários. Eles eram usados como detectores de gases venenosos em submarinos e minas. Agora os cientistas da Universidade de Melbourne na Austrália acreditam que certos insetos poderão ser usados para detectar altos índices de arsênio em minas antigas. A idéia é plantar determinados vegetais que possam extrair o arsênio das pilhas de rejeitos. Estas plantas seriam, então, atacadas por insetos, cuja morte ou efeito colateral indicaria o nível de contaminação da planta por metais pesados. Trata-se de um estudo orientativo que poderá, ou não, criar uma nova janela no combate a poluição de minas antigas.
O arsênio é um produto da decomposição de sulfetos comuns às mineralizações de ouro como a arsenopirita e , pode causar várias doenças ao homem inclusive o câncer.


1º Mercosul de Águas Subterrâneas- 03 a 06/09/95 – Curitiba/PR


Poço captando o Aqüífero Guarani com vazão de 200 m3/h. Primeira Concessão Pública Sistema BOT do Brasil. Contratante = SAAE S. Carlos; Contratado= CONTEP/DH. 1993.


Um Tsunami

Carlos Eduardo Quaglia Giampá,
géologo, conselheiro fundador e vitalício da ABAS, diretor da DH Perfuração
giampa@terra.com.br

 
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