Reúso de água V

Os registros históricos indicam que quando Portugal descobriu o Brasil, em abril de 1500, a Europa se reconstruía sobre as ruínas do Império Romano. Nesta época, o mundo parecia grande e os seus recursos naturais inesgotáveis, principalmente, a água, Assim, quando Pero Vaz de Caminha, escreveu a primeira reportagem sobre as Terras que acabavam de descobrir, dizia que, em se plantando tudo dar em função da abundância de água que tinha. Esta frase determinou o modelo de saneamento básico que perdura até hoje. Efetivamente, conforme os dados do último censo demográfico (IBGE 2000) 64% das empresas de água no Brasil, não coletam sequer, os esgotos domésticos nas cidades que abastecem. Estes processos continuam praticamente o mesmo iniciado na época da escravidão quando a senhorio deixava os seus excrementos serem recolhidos pelos escravos e lançados nos rios, mesmo que esta tarefa acarretasse uma redução da expectativa de vida da ordem de 70% da população negra responsável pela tarefa. A reação do Rei de Portugal aos outros povos Europeus, que também aplicavam os excedentes da produtividade de suas Terras na configuração de reinos poderosos, construção de castelos suntuosos, catedrais, tinham artistas, engenheiros, burocratas e conselheiros que armavam esquadras transoceânicos, utilizados na busca de uma passagem menos perigosa para as Índias, por exemplo. A primeira ação de posse da nova terra pelo Governo Português foi a criação das Capitânias Hereditárias 1554. Eram 15 tiras de terra doadas aos amigos do Rei, alguns nem aqui vieram para tomar posse. Eram 15 tiras paralelas, que se estendiam até o meridiano de Tordesilhas - do Estado do Acre ao Rio Grande do Sul - sem levar em consideração o recorte natural das nossas bacias hidrográficas e sem contabilizar a quantidade de água doce já comprometida com a população de nativos. A grande população de nativos - originalmente avaliada em 8 milhões - era muito superior a Européia, sobretudo a Portuguesa, mas foi resumida pelo descobridor em cinco letras – índio. Com a subida do primeiro homem ao espaço, na década de 60, os progressos realizados pelas ciências geológicas foram superiores aos dos 200 anos anteriores , de tal forma que já não existe aqüífero profundo ou confiado fora do alcance dos meios normalmente disponíveis ao usuário médio da água. Como corolário, o reservatório subterrâneo e o segundo maior de água doce da Terra (10,5 Milhões de km3) as alternativas de uso das águas subterrâneas crescem, sobretudo nos países mais desenvolvidos ou ricos da Terra, para abastecimento humano. Conforme (ONU, 2005) Japão, a propalada crise da água potável que deverá ocorrer em alguns países ainda neste século, decorre de três fatores fundamentais: baixa eficiência: das: empresas de água na oferta, grandes desperdícios nos usos (doméstico, industrial e, sobretudo, agrícola) e degradação da qualidade da água dos rios em níveis nunca vistos. Somente com um rigoroso monitoramento da água subterrânea será possível integrá-la ao manancial de superfície ou rios, lagos e barragem.Graças ao crescimento do conhecimento da nossa geologia, já se fala na alta suficiência do petróleo e no uso das águas subterrâneas. Sobretudo aqueles poços bem feitos, isto é, com base numa engenharia geológica, engenharia hidráulica e sanitária, a interpretação das curvas de base dos nossos rios indica que a extracão de apenas 25% das águas subterrâneas naturalmente recarregadas, representam uma oferta da ordem de mais 4.000 m3/hab/ano. No nosso meio urbano, isto seria feito através de poços direcionais ou inclinados para captarem as estruturas tectônicas sub verticais predominantes. Sobre mais de 90% do território brasileiro chove mais de 1.000/ano, os rios nunca secam. Por sua vez, até 1988, a água subterrânea era vista no Brasil como bem privado, sendo utilizada para o abastecimento de hotéis de luxo, indústrias e condomínios importantes.. Entretanto,, insiste-se em vender os resultado positivo de um poço que atravessa varias fraturas, sub verticais, como o prêmio de loteria.

Aldo da C. Rebouças
Prof.Titular Colaborador Inst.de Geociências, Pesquisador Inst. Estudos Avançados-Universidade de São Paulo, Consultor Secretaria Nacional de Recursos Hídricos

 
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