Abastecimento está perto do colapso

Degradação da bacia do Pratagy se arrasta nos últimos 20 anos e é provocada pelo cultivo de cana, pecuária e expansão urbana

Se não forem adotadas medidas em curto prazo para impedir degradações ao Rio Pratagy, nos próximos anos o abastecimento de água em Maceió estará seriamente comprometido. O alerta, segundo especialistas, veio no início da última semana, quando houve derramamento de vinhaça em um dos afluentes do rio. O desastre ambiental foi causado pela Usina Santa Clotilde e deixou 700 mil pessoas da capital sem água. A avaliação de que a situação deve ser encarada em regime de urgência parte de profissionais que alertam para o fato de que a poluição na bacia do Pratagy, por enquanto ainda considerada preservada, pode não suportar sucessivas agressões e ganha força à medida que o Pratagy é considerado o rio mais importante de Maceió.

Dados da Companhia de Saneamento e Abastecimento d’Água de Alagoas (Casal) apontam que por volta de 40% das residências da capital são abastecidas por água vinda do rio; cerca de 50% de água subterrânea, no caso poços artesianos, e o restante do Rio Catolé e Riacho Aviação.

De acordo com o engenheiro civil Gustavo Carvalho, atualmente cerca de 330 litros de água por segundo são captados do Pratagy. Em termos de qualidade, o engenheiro conta que o líquido tem se mantido estável nos últimos anos. Mas que a situação é ainda preocupante. “A degradação na bacia, nos últimos 15 a 20 anos, deveu-se à pecuária, ao cultivo de cana e à expansão urbana. Os órgãos ambientais têm de fazer o controle do Rio Pratagy”, destacou o engenheiro, lembrando que a qualidade da água é preocupante, mas que a distribuída pelo Pratagy em Maceió é compatível com os padrões de potabilidade do Ministério de Saúde. Gustavo Carvalho salienta que, por ser considerado “pequeno” em relação a outros rios, o Pratagy deveria ser monitorado com mais freqüência pelos órgãos ambientais e pela própria sociedade.

A redenção para o abastecimento de água em Maceió chama-se Projeto Pratagy, pensado há décadas e retomado há aproximadamente dois anos. Até agora apenas um terço da primeira etapa, no total são quatro, foi executado. Atualmente, o complexo Benedito Bentes, que envolve 22 conjuntos, os bairros da Pajuçara, Cruz das Almas, Mangabeiras, Jacintinho, Feitosa e Ponta Verde são abastecidos pelo Rio Pratagy com a contribuição de poços.

O engenheiro civil Luís Emanoel da França Costa, que trabalha na Casal, conta que há 21 anos fez concurso público para a empresa, justamente para terminar o Projeto Pratagy. A previsão é de que no final do projeto seis conjuntos de motobombas estejam operando em paralelo. Atualmente apenas uma está em pleno funcionamento, captando 1.400 metros cúbicos de água por hora, que vai para a Estação de Tratamento, no Benedito Bentes. “No que se refere à construção civil, 90% do Projeto Pratagy está pronto, mas faltam interligações das adutoras, ligando ao reservatório de tratamento de água”, revela o presidente da Casal, Jorge Briseno. Segundo ele, “a concepção é de coletar água do rio, ainda preservado e com vazão para abastecer”.

Faltam recursos - Entretanto, tudo vai depender de recursos federais. Parte deles, cerca de R$ 70 milhões, está empenhado. “Se os recursos forem liberados, a gente consegue fazer a barragem”, diz Briseno. A barragem é item fundamental na segunda etapa. Mas o problema não acaba aí. Na etapa final, a produção de água (captação e tratamento) fica solucionada, mas ainda tem a questão da rede de distribuição. Para a primeira etapa, o projeto prevê a captação de 1,08 metro cúbico por segundo de água e na conclusão por volta de 4,32 metros cúbicos por segundo, demanda captada em pico, segundo o engenheiro Gustavo Carvalho.

Alerta - Um dos problemas detectados pela Casal com a perfuração de poços artesianos sem monitoramento é o aparecimento de elevado teor de cloreto (sal) e de ferro na água. Três desses poços, localizados no Parque Gonçalves Lêdo, no bairro do Farol, apresentaram alta concentração de sal. Situação semelhante foi identificada no complexo Brasil Novo, em Rio Largo. No local, três poços secaram, porque não receberam o monitoramento devido. Segundo levantamento da Casal, 220 poços artesianos são operados pela empresa em Maceió e mais de dois mil são clandestinos. “Esses problemas, como o elevado teor de cloreto, são causados pela falta de controle na perfuração e na qualidade da água”, diz o presidente da Casal, Jorge Briseno.

Na década de 70, pesquisas apontaram que em Maceió existia um grande potencial de água subterrânea. Segundo o presidente da Casal, com o Projeto Pratagy em funcionamento, Maceió se afasta do racionamento de água. Temendo possíveis degradações, a companhia gasta R$ 20 mil por mês para manter preservada a mata do Catolé, responsável pelo abastecimento de cerca de 10% da população de Maceió. Na opinião do gerente de Controle do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Paulo Costa, a degradação provocada pela Usina Santa Clotilde serviu de alerta para a sociedade e órgãos ambientais. Por isso, segundo ele, é preciso pensar “no amanhã” e preservar a bacia hoje. “O que aconteceu foi um acidente. Essas lagoas de vinhaça devem ser relocadas para outras áreas, porque amanhã pode ser pior. Tem de haver o replantio da mata ciliar, pois muita mata ao redor já foi destruída”, ressaltou.

Banho na foz - Com aproximadamente 35 quilômetros de extensão, o Rio Pratagy nasce no município de Messias, passa por Rio Largo, na capital, e tem a foz no Mirante, próximo à Praia da Sereia. Em diversos pontos, em especial no Litoral Norte (no mirante da Sereia) e em Cachoeira do Meirim, no Benedito Bentes, o rio se tornou diversão certa, principalmente para a comunidades de baixa renda, e motivo de preocupação para especialistas.
“Considero preocupante o fato de pessoas tomarem banho na foz. Essa água pode trazer prejuízo para a população, já que algumas pessoas acabam ingerindo”, relata o engenheiro civil Gustavo Carvalho, que já desenvolveu projetos no Rio Pratagy. De acordo com ele, é preciso monitorar a qualidade da água.

Manaus: água do subsolo ameaçada

Técnicos em hidrologia e geologia alertam para a necessidade de adoção de critérios rígidos por parte do poder público na hora de se decidir pela perfuração de poços profundos na cidade como alternativa emergencial de abastecimento à população. A estimativa é de que existam hoje mais de dez mil poços - entre profundos (acima de 150 metros), condominiais (entre 100 e 150 metros) intermediários (de 40 a 100 metros) e rasos (5 a 40 metros) - que, ao longo dos últimos 20 anos já reduziram em mais de 50 metros o nível de água do aqüífero existente na cidade de Manaus.

O geólogo da Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais (CPRM) Carlos Aguiar afirma que a construção de poços deve ser feita desde que eles mantenham distância significativa dos pontos onde o sistema aqüífero esteja em condições críticas, a exemplo das zonas Leste e Sul, onde está situado o Distrito Industrial, e bairros como o Jorge Teixeira. Segundo Aguiar, o aqüífero que abastece Manaus tem aproximadamente 200 metros de profundidade e se estende até o município de Presidente Figueiredo, com diferentes unidades de aqüíferos. Aguiar disse que o modelo deverá ser traçado com apoio de uma empresa de consultoria, a ser contratada pela prefeitura. Segundo ele, há necessidade de investimentos da ordem de R$ 50 a R$ 60 milhões que precisam ser levantados pela prefeitura para levar água à Zona Norte. O presidente da Agência Reguladora dos Serviços Públicos Concedidos do Amazonas (Arsam), Raul Zaidam, ressalta que, além de serem paliativos, os poços são alternativas tecnicamente inviáveis por apresentarem problemas de funcionamento e não terem um controle efetivo sobre a qualidade da água fornecida.

Fonte: http://www.acritica.com.br/
Imagem: manausonline.com

Beija-Flor: águas na passarela

A Beija-Flor se tornou a escola a ser batida. Uma espécie de inimiga comum, no bom sentido. Desde 1998 ou é campeã, ou é vice. Não fica abaixo disso. Este currículo invejável tem por trás o conceito da comissão de carnaval, que começou reunindo oito artistas e hoje agrupa cinco: Laíla, Shangai, Fran-Sérgio, Ubiratan Silva e Cid Carvalho. O enredo, como vem acontecendo nos últimos tempos, tem nome quilométrico: Poços de Caldas derrama sobre a terra suas águas milagrosas: do caos inicial à explosão da vida, água, a nave-mãe da existência.
Resumindo: a Beija-Flor está preocupada com a preservação da água e, para ilustrar a denúncia, também promete falar um pouquinho sobre Poços de Caldas, que afinal de contas ajudou no patrocínio. Haverá muitas alas teatralizadas e uma convenção explosiva na bateria, com os ritmistas parando de tocar e toda a escola, a escola inteira mesmo, gritando um ‘’bum’’.

MP investiga perfuração de poços

O Ministério Público pode entrar com uma ação na Justiça para impedir que uma empresa do interior de São Paulo perfure poços em Ribeirão Preto. O promotor do Meio Ambiente Marcelo Pedroso Goulart se reuniu, domingo, com representantes do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo), do Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto) e das Secretarias Municipais do Planejamento e dos Negócios Jurídicos, para discutir a questão. O geólogo do Daerp, João Paulo Correa, explica que a reunião foi motivada por um pedido de outorga feito pela empresa para a perfuração de vários poços em Ribeirão. Segundo ele, o departamento de gestão ambiental da Secretaria de Planejamento, cujas ações são baseadas numa legislação que obriga a concessão de licença municipal para obras desse tipo, indeferiu o pedido da empresa “porque os projetos continham várias falhas, como por exemplo a proximidade com poços públicos e o risco de contaminação do Aqüífero Guarani”.

O dono da empresa teria, então, feito novo pedido no DAEE em Araraquara, obtendo autorização. Com isso, o primeiro poço da série de empreendimentos prevista para Ribeirão teria começado a ser perfurado num condomínio da avenida Caramuru, mas a obra foi paralisada pela Secretaria do Planejamento.

“Está havendo um desencontro entre o DAEE e a prefeitura. Vou tentar resolver o problema por vias administrativas. Se não surtir efeito e a empresa continuar perfurando, devo entrar com uma ação judicial”, declara o promotor do Meio Ambiente. Para Goulart, “não dá para admitir que numa cidade como Ribeirão, que enfrenta problemas sérios de rebaixamento dos níveis de água, a perfuração de poços seja feita da forma como está sendo feita”.

A reportagem apurou que o dono da empresa de Araraquara distribuiu em Ribeirão cerca de 300 panfletos estimulando alguns moradores a perfurar poços para economizar nos gastos com a conta de água. Segundo informações do panfleto, o investimento na abertura do poço seria viável financeiramente porque poderia ser quitado em um ano e meio e o interessado não precisaria pagar pela água do Daerp.

O diretor do DAEE em Ribeirão Preto, Carlos Eduardo Alencastri, alega que quando o órgão autorizou a perfuração dos poços pela empresa determinou, também, num dos itens da outorga, a obrigatoriedade da licença da prefeitura, o que não foi obedecido pelo empresário. De acordo com João Paulo Correa, geólogo do Daerp, a prefeitura deve solicitar formalmente ao DAEE nos próximos dias que cancele as outorgas que autorizaram as perfurações. A reportagem tentou contato com a empresa de Araraquara, mas não localizou o proprietário.

Estudo deve restringir perfuração

Um estudo que está sendo feito pela Câmara de Saneamento da Bacia do Rio Pardo pode ser o embrião para que as perfurações de poços particulares na região sejam restringidas. De acordo com Heraldo Campos, membro da OEA (Organização dos Estados Americanos) e que faz parte de um grupo que assessora a câmara, um texto com os resultados dos trabalhos será apresentado no dia 10 de março ao Comitê da Bacia do Rio Pardo, que vai analisar a possibilidade de controlar o número de outorgas para a perfuração de poços.

O secretário de Planejamento e Gestão Ambiental de Ribeirão Preto, Wilson Luiz Laguna, apóia a iniciativa. Ele é favorável à restrição das outorgas para que o abastecimento de água na cidade não seja prejudicado. “O interesse particular não pode se sobrepor ao direito coletivo de consumo de água”, entende. Dados da Daerp revelam que Ribeirão Preto tem hoje cerca de 100 poços administrados pelo órgão, mais 150 particulares. O Daerp não possui estimativa sobre o número de perfurações clandestinas, mas afirma que o combate a elas é prioridade.

“Acredito que o estudo da Câmara de Saneamento vai ser o primeiro passo para uma ação conjunta entre os órgãos de defesa do Meio Ambiente para combater os poços clandestinos e preservar a água subterrânea, que abastece 100% de Ribeirão”, conclui Correa.

“Com a nossa cultura é difícil visualizar as precauções dos técnicos. Esclarecimentos para o povo devem ser praticados e a mídia tem um papel fundamenta”, comentou Francisco Said Gonçalves presidente da ABAS Ceará e acompanhando a discussão.

 
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