Dia Mundial da Água: Comemorar ou Temer?

Em 22 de março celebramos o dia Mundial da Água. Se existe um fato a ser comemorado é o milagre de ainda termos essa fonte de energia e vida. Por enquanto, as guerras vão continuar tendo como foco o petróleo. Mas, em breve a água potável será uma raridade e todos estarão lutando por ela. Combates como a Guerra do Golfo, ataques ao Iraque e outras se deram por conta principalmente do petróleo, que ficará extinto, previsivelmente, dentro de 30 e 40 anos. Infelizmente, não há, hoje, a conscientização da população mundial de que a precursora das próximas guerras, num futuro próximo, será a água doce. Muitos Países já estão em situação preocupante por falta de água para a população, como Egito, África do Sul, Síria, Jordânia, Israel, Líbano, Haiti, Paquistão, Iraque, Índia e outros. Nesses locais, há problemas com recursos hídricos e níveis críticos de água.

O Brasil é o país que possui mais água doce hoje, no mundo, sendo que 20% provém somente da Amazônia. Este País apresenta quatro dos 25 maiores rios mais caudalosos do mundo, alguns dos maiores lagos e o Aqüífero Guarani, o maior manancial de água doce subterrânea do planeta. No entanto, em havendo uma disputa pela água, o Brasil seria o primeiro lugar em interesse.

Mesmo abrigando a maior parte da água do mundo, o Brasil possui grande problema de distribuição desse líquido. Cerca de 70% das águas doces estão localizadas na Amazônia, onde se encontra somente 7% da população do País, de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA). A instituição afirma ainda que 90% da população brasileira concentra-se em áreas com apenas 20% dos recursos hídricos do País. As secas do nordeste existem por conta do grande número de pessoas que lá habitam e dos somente 3% de água doce que chega à região. Por conta dessa má distribuição, o Brasil também encontrará problemas sérios no futuro. As pessoas não têm consciência e não tiveram uma cultura para o uso cauteloso da água. Infelizmente, mesmo se falando muito que a água, principal fonte de vida do ser humano, está acabando no mundo, ainda é raro encontrar pessoas com consciência no País. É comum ver que a população continua lavando calçadas com a mangueira ligada durante horas e horas, banhos demorados, banhar os carros mais de uma vez por mês, escovar os dentes com a torneira aberta e outras abundâncias desnecessárias.

Está mais do que provado que o problema é cultural e que as pessoas não têm consciência do uso da água e que um dia, não muito distante, ela será a causadora de milhares de problemas culturais, sociais e de saúde. Será que vivemos num País onde impera a cultura do desperdício? Somente “mexendo no bolso” da população e a obrigando a reduzir o consumo de água e energia é possível conseguir resultados positivos. Prova disso foi o grande racionamento de energia elétrica, no Brasil inteiro, que iniciou em junho de 2001. Nesta época, foram impostas metas de redução da energia, para residências e empresas. Quem não conseguisse reduzir, passaria por multas altíssimas. Desta forma, o governo conseguiu que a população reduzisse significativamente o consumo. As pessoas não foram educadas a gastar somente o que necessitam. Existe ainda a idéia de que a água existirá ainda por milhões de anos. Realmente, existe no mundo milhões e milhões de litros de água: 80% da superfície da terra é composta por água, porém, a maior parte dela, encontra-se no mar e nos polos e não está disponível para o uso humano. Para que essa água seja dessalinizada, ou que passe por outros procedimentos para torna-la apta ao uso, teria de haver um investimento de milhões e milhões de dólares e uma tecnologia de grande escala. Isso seria inviável para a maioria dos Países.

A ONU acredita que ficará cada vez mais difícil se conseguir água para todos, principalmente para Países subdesenvolvidos. Essa dedução foi feita por meio de estudos que prevêem que as taxas de crescimento populacional serão positivas nos primeiros 50 anos do século XXI (entre nove e dez bilhões). Alternativas para que a água seja melhor preservada existem, mas muitas são inviáveis. Além da conscientização da população para reeducar-se ao não desperdício, teria de fazer chover onde não chove, melhorar os recursos hídricos, buscar água no subsolo, tornar a água do mar potável e transportar o líquido para onde não existe.

A International Water Management Institute (IWMI) prevê que, no ano de 2025, cerca de 1,8 bilhão de pessoas de diversos países viverão em absoluta falta de água, o que equivale a mais de 30% da população mundial. A demanda mundial de água doce se duplica a cada 20 anos, a um ritmo duas vezes superior à taxa de crescimento da população. Grandes contaminadores da água são as indústrias de grande porte, de alta tecnologia, e a agricultura industrial. Dados da Universidade da Água (Uniágua), organização não governamental sediada na cidade de São Paulo, mostram que 39,6% do líquido, no Brasil, é perdido em vazamentos subterrâneos ou em ligações clandestinas. Dentro das residências, empresas e indústrias também há vazamentos indevidos que trazem desperdício em massa ao mundo. Uma torneira gotejando durante um dia equivale a uma perda de 46 litros de água.

Espero que este dia Mundial da Água, que foi criado em 1993, pela Assembléia Geral das Nações Unidas, seja uma data de reflexão para as pessoas que ainda fazem da água um produto abundante e infinito em nossa natureza. Este dia tem de contribuir para a criação de campanhas de conscientização, freqüentes, que façam, dia após dia, com que a população possa mudar os hábitos ao usar essa preciosidade, que já é motivo de preocupação.

Marco Aurélio Gimenez
Assessor de Diretoria da Indústria de Motores Anauger Ltda.
E-mail: bombas@anauger.com.br

 
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