Escassez de água é debatida em evento mundial

Reunidos na Suécia, especialistas debateram agravamento do problema

Nosso tempo é rico em catástrofes, tanto naturais como provocadas pelos homens: guerras, genocídios, tsunamis, tremores de terra, incêndios, fim do petróleo. Faltam apenas gafanhotos e dragões para o mundo do século 21 se parecer ao Apocalipse de São João de Patmos. E na espera por esses gafanhotos, eis um novo convidado para o cardápio dos desastres: a água, ou melhor, a falta de água. Durante uma semana, especialistas mundiais estiveram estudando esse flagelo, em Estocolmo, por ocasião da Semana Mundial da Água (www.worldwaterweek.org).
O quadro é inquietante: um habitante de cada três sofre de escassez do recurso no mundo. Os estragos disso comprometem a economia - a agricultura em primeiro lugar, mas também a indústria. Se nada for feito, a situação será grave dentro de 50 anos.
Um estudo de David Molden, apresentado em Estocolmo, detalha os contornos doperigo. Sabe-se que as chuvas são hoje menos abundantes, mas o mais grave é que os homens estão utilizando a água de maneira irresponsável. O exemplo da França é eloqüente: na última década soa, todos os anos, o alerta de uma seca. Ora, as chuvas não têm diminuído. Neste ano, a França conheceu uma primavera muito úmida e, desde o começo de agosto, novas e abundantes chuvas regaram o país. Apesar disso, o governo foi obrigado a decretar situação de emergência em metade do território.
Existe uma exploração inadequada dos recursos de água, em parte pela gulodice das indústrias e dos particulares (piscinas, etc.), mas, na maior parte, por causa da agricultura (78% da água vai para a agricultura). Há 30 anos, a França escolheu a agricultura intensiva, e o resultado foi desflorestamento, aumento dá área cultivada, irrigação irracional, criação intensiva de animais. Tudo bem, isso rende belas colheitas e grandes manadas bovinas, mas em detrimento da água. A produção de um quilo de trigo requer entre 500 e 4 mil litros de água. Para fazer um quilo de carne, são necessários 10 mil litros de água. Alguns produtos são especialmente sedentos - o milho, ou então, na França, a beterraba. A agricultura francesa é ávida por água.
Acrescentando a isso o fato de que os pesticidas estragam as águas dos rios e lagos, a falta de água para irrigar o campo se torna dramática. Assim, somos obrigados a somar ao problema das águas de superfície o do lençol freático. Nos Estados Unidos, um habitante em cada dois recorre aos lençóis freáticos, que estão se esgotando aceleradamente - a recomposição desses mananciais exige centenas de milhares de anos.Mais Informações:
http://www.estado.com.br/editorias/2006/08/22/ger-1.93.7.20060822.1

 
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